Em conjunto com o modelo da família nuclear burguesa – mãe, pai e filhos, em uma propriedade privada – estão solidificados valores de propriedade, de hierarquia e de gerações bastante sólidos, que proporciona às famílias contemporâneas, mesmo que vivam em modelos diferentes deste modelo de referência, um padrão simbólico daquilo que deve ser perseguido para garantir o sucesso de suas histórias.
A família nuclear burguesa possuiu grande influência nos séculos XIX e XX, porém, com o advento da pós-modernidade, hoje já não possui tanto impacto, havendo, ao contrário dos séculos anteriores, um desmantelamento da instituição familiar. A família não é mais referência para a construção identitária do indivíduo.
Parte da responsabilização do fortalecimento do modelo da família nuclear burguesa deve-se a solidificação do sistema capitalista. Atrelado aos valores de sucesso financeiro, a família burguesa passou a ser considerada como referência de ascensão social e ao longo dos séculos esse modelo construído tornou-se uma referência, quase natural, do que deve ser uma “boa” família.
O modelo da família nuclear burguesa é a fonte da qual as famílias – sejam elas idealizadas ou vividas – retiram seus padrões e valores norteadores. Assim, uma das grandes dificuldades de se trabalhar com famílias, nos dias atuais, é conseguir lidar com a complexidade que intervém nas relações familiares contemporâneas e, ao mesmo tempo, para conseguir sua emancipação social demonstrar-lhes que o modelo a ser seguido não é mais o nuclear burguês, mas o seu próprio modelo vivenciado.
A família nuclear burguesa apesar da crítica que recebe por sua inflexibilidade de formação foi fundamental para a construção societária que temos nos dias atuais. Ao lado da escola laica, ela proporcionou uma verdadeira revolução na forma de se pensar a intervenção de outras instituições importantes – o Estado e a Igreja – nas relações familiares, sobretudo no que diz respeito à infância e os vínculos fraternos entre pais e filhos.