Me ajudem.

Professor Matheus B.

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Respondeu há 3 anos

1 - A ética é indissociável da política na filosofia prática de Aristóteles. Se a ética busca proporcionar a vida feliz individual (eudamonia), a política tem o objetivo de promover o bem comum de todos os cidadãos na cidade-estado (pólis). De certo modo, a ética está subordinada à política justamente porque não é possível desvincular a felicidade individual do homem de sua realização política como cidadão dentro de uma cidade bem governada. 

2- Para Maquiavel, o princípe deve agir com pulso, firmeza e inteligência diante das circunstâncias adversas da política efetiva. Ao contrário da tradição grega e medieval, Maquiavel deixa de tratar a política conforme o que ela deveria ser e passa a tratá-la como ela é realmente é.

Para essa tradição antiga, a política é normativa, isto é, se orienta conforme normas e regras do que seria um bom governo ou um bom regime. Enquanto isso, Maquiavel é um realista porque se baseia nos exemplos concretos das ações dos homens nas mais variadas épocas. Como os governantes de Florença ou de Roma frequentemente usam da violência, da mentira e da astúcia para manter o domínio político, essas qualidades fazem parte da própria natureza humana e compõem o campo político real. Por isso, Maquiavel inaugura uma distinção explícita entre a política e a ética. A partir desse contexto, podemos compreender melhor a frase de Maquiavel.

O princípe de Maquiavel precisa calcular os resultados de sua ação eficaz e imediata no terreno complexo da política. Para isso, é necessário tomar atitudes enérgicas e até mesmo cruéis contra seus inimigos ou adversários políticos. No entanto, ele não faz isso de forma gratuita ou por um interesse pessoal egoísta. O objetivo políticio primordial do princípe é assegurar o que é útil à comunidade, isto é, o bem da comunidade. Nesse sentido, Maquiavel se compromete com um princípio utilitarista na medida em que coloca o bem da comunidade acima do bem individual dos cidadãos.

De fato, o princípe não precisa se importar em praticar o mal, a força ou ser consideado cruel desde que isso possa 'manter seus súditos unidos e com fé'. Se o princípe deixar de tomar essas atitudes, os resultados poderiam ser mais nefastas deixando ocorrer toda sorte de desgraças, desordens e assassinatos em toda a comunidade. Nesses casos extremos, é preferível sacrificar ou executar a vida de alguns indíviduos para preservar o bem-estar da comunidade.