Melhor resposta
Essa foi a melhor resposta,
escolhida pelo autor da dúvida
Letycia, essa é uma questão instigante e há vários motivos a serem considerados para se tentar compreender essa questão . Tentarei te auxiliar perpassando brevemente as perspectivas histórica, geográfica, etnológica e geopolítica.
Justamente por ser o continente Africano rico em matéria-prima, principalmente em minérios e em petróleo, existe a dificuldade de se produzir para o consumo interno. Isto é, ao longo da História, a exploração dos recursos naturais teve por objetivo - e ainda tem - o mercado externo, o que prejudicou o desenvolvimento de produções voltadas para a subsistência da população africana, pois inutilizou muitas das áreas que poderiam ser úteis nesse sentido.
Relaciona-se a isso os conflitos étnicos; lembremo-nos que a "África" é um universo e, dentro de um mesmo país desse imenso continente, há grupos com distintas culturas e línguas. A natural dificuldade de um convívio pacífico entre esses grupos foi agravada pelos interesses de outros países (não só europeus) em manter tais conflitos e facilitar, com isso, o acesso aos recursos naturais do continente. De outro lado, houve e há ainda o interesse dos próprios africanos (nunca em geral) em perpetuar as relações de troca com tais países em benefício de alguns grupos. Neste aspecto, vale refletirmos sobre a instrução da população africana: não seria uma boa solução para que, por exemplo, a taxa de natalidade diminuísse e fossem mais (e melhor) utilizadas as técnicas para a produção de alimentos? Seria - e com efeito há líderes africanos e de outros países preocupados com isso -, mas as relações de interesse no e fora do continente constituem uma barreira perigosa.
Atualmente, existe uma preocupação maior em sanar essa situação complexa por parte de órgãos internacionais, porém, essas intervenções também contribuem para conflitos internos. Isso porque a perspectiva europeia (ou simplesmente "externa") muitas vezes não considera com profundidade a realidade e as relações existentes na África, propondo estratégias políticas e sociais que não alcançam/não são aceitas pelos líderes dos países africanos, o que constrói outros conflitos e dificuldades para sanar os problemas humanitários no continente.
Embora haja consenso, em geral, sobre a necessidade de se solucionar a miséria - no fim, ela deve ser combatida em qualquer país, de qualquer cultura, pois se trata de garantir a vida humana - essa questão esbarra em interesses econômicos e geopolíticos externos e internos, fortemente construídos, e que com muito vagar poderão ser desconstruídos entre as potências mundiais e na própria África.