Professor
José J.
Respondeu há 5 anos
Embora todo esse processo não tenha sido desejado e obviamente não foi previsto, podemos afirmar que foi sim. Por volta do século XI o caos criado pelo processo de fragmentação feudal que vinha desde o século IX começou a ser revertido com o lento processo de retorno da autoridade dos reis, a formação de uma estrutura política como o Sacro Império Romano Germânico -tido como herdeiro da autoridade do Império Carolíngio-por conta da aliança entre o papado em Roma e a nobreza alemã com apoio da aristocracia italiana que permitiu estabelecer alguma ordem entre os príncipes alemães, conter os nômades húngaros e avançar no processo de conversão dos poloneses e outros eslavos ocidentais ao cristianismo estendendo para leste na Europa as fronteiras da cristandade católica feudal. O estabelecimento do reino da França, do ducado da Borgonha e do reino anglo-saxão unificado (Inglaterra), etc, teve efeitos semelhantes em suas respectivas regiões. Ao diminuir a insegurança, tanto afastando invasões estrangeiras (húngaros, vikings, piratas muçulmanos no Mediterrâneo) quanto ao se ir controlando pouco a pouco a nobreza (e dentro dessa os violentos cavaleiros que não herdavam terras e andavam armados causando todo tipo de confusões), se permitiu dirigir as energias e um número maior de pessoas para abrir novas zonas agrícolas, fundar novas aldeias, ocupar lugares desabitados, secar pântanos (o que significa diminuir a incidência de doenças), abrir novas minas, etc. essas atividades aumentaram a riqueza a disposição de senhores feudais, bispos e mosteiros, o que permitiu manter uma crescente população não dedicada as tarefas agrícolas (artesãos, funcionários, comerciantes, etc) levando a recuperação da vida urbana e, depois, a fundação de novas cidades. É nessa época (século XI-XIII) que se cria a cultura medieval europeia como ela acabou conhecida depois e os símbolos culturais típicos da Europa como as aldeias de pedra, os idiomas modernos, as roupas, canções e culinárias tipicas de cada país e região entre outras coisas mais. Essas camadas urbanas vão se desenvolvendo cultural e economicamente e dentre elas temos os comerciantes, donos de manufaturas e banqueiros (a burguesia). Estes desenvolverão suas atividades, abriram rotas de comércio dentro e fora da Europa e, em alguns lugares, como as cidades italianas, flamengas (na atual Bélgica em boa parte) ou zonas da França eles conseguiram adquirir independência frente as autoridades feudais seculares e eclesiásticas. Lembrando que tanto os nobres quanto os reis e eclesiásticos dependiam da burguesia, quer para trazer ou produzir bens de luxo quer para financiar suas guerras, obras publicas e privadas e explorações econômicas. No caso dos reis, os burgueses, ao financiarem o estado, ajudavam a promover a autoridade dos reis sobre os senhores feudais e autoridade do monarca sobre o território que ficava sobre sua jurisdição (ajudavam com os empréstimos a montar o aparelho administrativo, judicial, fiscal e militar dos reis e duques) e os reis, por sua vez, também os protegiam dos arbítrios privados da nobreza rural. As crises da economia feudal do século XIV e o processo cada vez maior de centralização política e de desenvolvimento urbano, no qual a burguesia adquiria riqueza e maior ou menor independência politica dependendo do lugar, enquanto a antiga nobreza feudal foi sendo submetida a autoridade dos reis e duques mais poderosos.