Professor
José J.
Respondeu há 4 anos
Segundo Weffort, e como foi respondido abaixo pelos demais professores, o "estado populista" favoreceria mais a luta de personalidades do que a luta ideológica. No entanto eu lanço um desafio: essa afirmação do sociólogo Francisco Weffort, feita em 1980, faz sentido quando observamos os fatos que ocorreram entre 1945 e 1964? João Goulart, Juscelino Kubistchek, Eurico Gaspar Dutra possuem poucas divergência ideológica? Os militares que forçaram Vargas ao suicídio, em 1954, e derrubaram Goulart, em 1964, não agiam a motivados por uma determinada ideologia que se opôs aos dois presidentes citados? A proibição do Partido Comunista, expulsão dos seus deputados e repressão ao forte movimento comunista brasileiro pelo governo de Dutra, em maio de 1947, não foi uma ação ideológica? A atuação da UDN (União Democrática Nacional) Carlos Lacerda era motivada só por suas ambições pessoais ou por uma ideologia radicalmente distinta daquela de Vargas e Goulart? A aliança informal entre o PCB (Ilegal na época) e o PTB pode ser explicada apenas por razões de ambição politica e personalismo entre Prestes e vargas ou Goulart? A presença de Intelectuais de reputação mundial no governo Goulart como Darcy Ribeiro, Paulo Freire e Celso Furtado pode ser explicado apenas em termos do personalismo de João Goulart? A Criação da Escola Superior de Guerra (1948) no governo Dutra não é uma postura ideológica que pode ser considerada até dura? A postura de oposição ao domínio dos EUA ou de aceitação dele e de favorecimento da ação da suas multinacionais não é uma profunda divergência ideológica entre os atores políticos da época? A postura do embaixador de Goulart nos EUA, Roberto Campos, a favor das pressões de John Kennedy contra o Brasil em geral e o próprio presidente em particular, pode ser explicado em termos de personalismos? A Ação dos deputados do PTB da época, como Sérgio Magalhães e Almino Afonso, se explica apenas pelo que foi falado acima por Weffort? O Partido Socialista Brasileiro (PSB), no poder em Pernambuco na época de Goulart com Miguel Arraes, não era um partido ideológico, assim como também o Partido Democrata Cristão do ministro da educação de Goulart Paulo de Tarso Santos e da figura politica nacional na época de Franco Montoro?
Emfim, coloquei esses exemplos numerosos para mostrar a razão dessa tese hoje ser vista com desconfiança por muitos estudiosos do período entre 1945 e 1964.