Pfvr me ajudem com essa questao

Professor Rafael M.

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Respondeu há 3 anos

Oi, Maria Luisa! Tudo bem?

Como respondi na sua outra pergunta, essa também é uma que um colega perguntou a um tempo atrás, então vou copiar a resposta, mas peço que entre em contato caso tenha alguma dúvida na resolução do exercício.

Esse livro de Marx e Engels (o Manifesto do Partido Comunista) é, originalmente, um panfleto escrito de forma anônima em 1848, dias antes de a Primavera dos Povos estourar. Seu conteúdo é uma síntese da história humana depois da invenção da escrita, focando nos séculos que antecedem o XIX.

Bem, qual era a situação do proletariado no século XIX? Para responder isso, nós temos que pensar láááá no século XVI porque é quando começam a acontecer os cercamentos na Inglaterra, ou seja, aqueles processos de expropriação de terras camponesas (em outras palavras, os camponeses perdem suas terras para grandes proprietários, de forma bem resumida). Conforme os cercamentos acontecem, nós temos todo um êxodo rural desses camponeses que, sem ter como viver da própria terra, são forçados a migrar para as cidades e, assim, vender sua mão de obra para trabalhar em algum lugar. Assim, vão se tornando trabalhadores assalariados. Inclusive, é nesse momento que temos a caça às "bruxas", porque muitas das mulheres camponesas, que viviam no interior da Inglaterra em relações sociais não cristãs ou, se cristãs, com muitos resquícios de relações sociais não cristãs, davam muita força a várias dessas comunidades. E esses grandes proprietários passaram a deslegitimar essas relações sociais, chamando as mulheres de "bruxas" e atribuindo uma série de coisas ruins a essas mulheres. Mas essa é uma outra questão.

Essa expropriação de terras acontece durante vários séculos, mas as revoluções industriais (a primeira e a segunda), com a expansão da produção em grande escala, levam a uma expropriação ainda maior das terras camponesas, o que faz com que os contingentes de produção nas minas de carvão, por exemplo, alcancem números altíssimos e levem a Inglaterra a ser a principal potência imperial de quase todo o século XIX, ao mesmo tempo em que temos cada vez mais trabalhadores assalariados nessas minas e nas indústrias das cidades. Como mencionado acima, esses trabalhadores (as) não possuíam direitos trabalhistas e era comum que trabalhassem mais de 12 horas por dia, recebessem um salário minúsculo e inclusive o trabalho infantil era algo muito comum nessa época também. Inclusive, o próprio Marx, em um texto pequeno de 1864, fala de trabalhadores na Inglaterra cujo salário era tão pequeno que houve um problema generalizado de desnutrição entre os operários (funcionários das indústrias) porque o dinheiro não dava para comprar o que era necessário para satisfazer as necessidades corporais.

Paralelamente, uma das principais heranças da Revolução Francesa de 1789 foi a grande adesão popular ao processo revolucionário, e um aspecto marcante disso foi a Conspiração dos Iguais (1796), que foi liderada por um jacobino radical chamado Graco Babeuf. Essa conspiração, que visava radicalizar (isto é, levar à raiz, ao fundamento, ao núcleo... nesse caso, para todos) os direitos da revolução francesa, inicia uma tradição de organização da classe trabalhadora em sindicatos (trade-unions na Inglaterra), associações secretas (França) etc. justamente para reivindicar esses direitos e melhores condições de vida, tradição da qual sai o socialismo utópico, científico, o mutualismo, anarquismo, lassalleanismo dentre muitos outros.

Como estava a situação do proletariado, então?

Era uma situação generalizada de semi-escravidão (uso esse termo para distinguir da escravidão colonial) nos grandes centros urbanos, devido à ausência generalizada de direitos trabalhistas e quaisquer garantias de uma vida digna enquanto grandes proprietários, tanto burgueses quanto aristocratas, enchiam seus bolsos de dinheiro. Por outro lado, com essa tradição de organização do proletariado para reivindicar melhores condições de vida, temos o proletariado entrando como agente político da sociedade burguesa, pela primeira vez. Por isso a ênfase que Marx e Engels dão ao proletariado no Manifesto do Partido Comunista.