Envie sua primeira dúvida gratuitamente aqui no Tira-dúvidas Profes. Nossos professores particulares estão aqui para te ajudar.
Sobre o peso da escravidão e da opressão nasceu a literatura africana de Língua Portuguesa, que se destaca como veículo de denúncia da miséria do povo africano. Nesse contexto tem notabilidade o poeta moçambicano José Craveirinha, que num discurso literário mostra essa realidade atravez de seus textos, e a negritude ganha enfase como forma de exaltar o homem negro, e resgatar parte da tradição africana como uma estratégia de resistência ao discurso colonizador. Define-se Negritude como um movimento literário que surgiu em França, na década de trinta,dirigido por L. Senghor, A. Césaire e L. Damas, através do qual se combatia o racismo, o colonialismo e se exaltavam os valores da cultura africana. Negritude é um termo de origem francófona. “ Para melhor entender este poema é necessário perceber o contexto histórico em que o mesmo é criado. José Craveirinha (Poeta-Mor de Moçambique), escreveu este poema num contexto de colonização moçambicana por parte de Portugal e ele expressa bem o anseio de liberdade de um povo secularmente submetido às mais adversas condições de trabalho e de tratamento social”. O texto “Grito Negro” apresentam algumas característisas como: Escravidão, Opressão, Exproração
É notavel que no que tange aos elementos estético-formais, o texto de Craveirinha não se enquadra em nenhuma forma poemática fixa, já que temos nele o jogo simples de vinte e quatro versos curtos, longos e livres, bem como um vocabulário básico, distribuídos em seis estrofes irregulares, tudo clamando por uma composição modernista.
Ao analisarmos o poema em questão, podemos partir de uma interpretação do primeiro verso do poema: “Eu sou carvão”. Na interpretação desse verso, vemos a expressão do eu-lírico em termos de um sentimento de exploração sofrida em relação ao patrão do mesmo, de quem ele é aparentemente um escravo ou empregado.
“Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão”. (José Craveirinha)
O Eu-lírico, fala-nos da escravatura e o carvão é uma figura de estilo pela sua carectirística da cor e pelas suas acções, então o sujeito poético atribui características do carvão ao homem negro onde o eu lírico inclui-se como carvão chamando o explorador de patrão
Voltando à análise dos versos do poema “Grito Negro”, devemos lembrar que nos poemas, geralmente, utiliza-se uma linguagem plurissignificativa, isto é, uma linguagem figurada, em que as palavras apresentam mais de um sentido. Então, é percebido quando o eu-lírico do poema, por exemplo, chama a si mesmo de carvão e se compara a uma mina.
Percebe-se que o sentido conotativo das palavras em questão, o carvão representa a força de trabalho do negro (a força motriz) e a mina representa o próprio negro, ou seja, o lugar de onde é extraído a riqueza do patrão. Logo, os sentidos das palavras analisadas “carvão” e “mina” estão entrelaçados e prol da representação da exploração do homem pelo homem, ou mais especificamente da exploração do homem negro pelo homem branco.
“Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão”. (José Craveirinha)
Destacamos, ainda, que no poema Grito negro, Craveirinha dá voz a um eu-lírico que, metafórica e metonimicamente, se representa como “carvão”. “Carvão”, assim, no poema, representa todos os colonizados negros que sonham com a liberdade de um povo. Então, o negro era aquela figura que se esfalfa no trabalho sendo a total riqueza do patrão. Nesse sentido, o eu-lírico tem a consciência de sua posição de explorado; acredita, no entanto, que a partir do seu Grito negro, possa enfim ser ouvido por muitos e conquistar a liberdade.
Nesse sentido, destacamos com cuidado especial o verso “Mas eternamente não”, no qual a introdução da conjunção “mas”, dá ao eu-lírico a sensação de valorização, respeito e dignidade para aquela vida atormentada.
“Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
Para te servir eternamente como força motriz
Mas eternamente não,
Patrão” (José Craveirinha)
Pudemos, também, analisar os sotaques musicais presentes no poema de José Craveirinha, como um dos elementos fundamentais de afirmação identitária moçambicana e da expressão presente a partir dos sentimentos do eu-lírico. No poema Grito negro em seus versos, explora as sonoridades e os ritmos africanos, como parte da recriação da língua e da cultura do colonizador.
Vimos, assim, que a poesia e a música, no poema, encontram-se enlaçadas, ou seja, a poesia adquire características que ultrapassam o signo gráfico, o significado da linguagem, o espaço no papel e esta performance irrompe no domínio do som. Já a música, por sua vez, toma emprestados elementos da poesia, lançando mão da propriedade do poema. É, assim, encontrado o ritmo, que é um dos elementos reconhecidamente musicais que é retomados pela poesia africana.
Envie sua primeira dúvida gratuitamente aqui no Tira-dúvidas Profes. Nossos professores particulares estão aqui para te ajudar.
Envie sua primeira dúvida gratuitamente aqui no Tira-dúvidas Profes. Nossos professores particulares estão aqui para te ajudar.