Professor
Gil M.
Respondeu há 3 anos
Na lírica erótica o poeta revela uma concepção do amor carnal com destaque a uma linguagem que beira obscenidade no trato do tema do amor e mulher do séc 17
Ex
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas;
quem diz outra coisa, é besta."
Em outro texto
À mesma D. Ângela”
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, Que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos
Gregório desenvolve se por meio do jogo de palavras que é sempre transcrito nos poemas Líricos, e por meios de imagens, que neste caso é: “Ângela” = “Angélica” = “Anjo”, “flor” = “florente”. Na qual Gregório segue a tradição explorada por Camões ao comparar a beleza da mulher à natureza.
O seu tema central é a contradição do poeta pela mulher “Ângela” que no poema ele colocar ao lugar da flor “metáfora da beleza” ,e objeto do desejo, em Anjo “metáfora de pureza” e símbolo da elevação espiritual
A sua imagem é a de um Anjo, mas que tenta, e não guarda, e vem ai um grande toque barroco aparece no jogo de contradição revelado, se essa mulher é um anjo, como é possível que, em lugar de garantir proteção, causa apenas tentação ao lírico. A contradição entre o amar e o quere desemboca no paradoxo dos versos finais “Sois anjos que me tenta e não me guarda”. Assim a louvação a exaltação de uma beleza angelical termina com uma tentação demoníaca e que gera a imagem angelical feminina, e a tentação da carne que atormenta o espírito.