Cura do câncer

Não. De acordo com uma revisão de literatura do ano passado, ainda não temos dados suficientes para poder afirmar isso. Caso tenha interesse, leia esse artigo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-82502017000400402 Também é notável que os estudos foram todos feitos pelo mesmo grupo, e na literatura indexada internacional (PubMed, por exemplo), uma busca rápida por "phophoetanolamine" gera 0 resultados, indicando que os estudos com essa substância ainda são poucos e localizados. A fosfoetanolamina ganhou visibilidade na mídia por conta de uma falha de comunicação científica com a população: há milhares de milhares de compostos testados em sistemas in vitro que apresentam atividade anti-neoplásica, porém são poucos compostos que podem ser administrados com segurança em animais e que de fato apresentam efeito in vivo. Segundo o grupo da fosfoetanolamina, ela foi uma dessas moléculas que apresentou ação anti-neoplásica em cultura de células, e aparentemente também em estudos com camundongos, porém a sua toxicidade e real eficácia ainda não foram demonstradas a contento. Para que sua afirmação possa se concretizar, ainda teríamos que levar a fosfoetanolamina para estudos clínicos (ou seja, com seres humanos), para se certificar de que ela realmente seja eficaz contra qualquer tipo de câncer e principalmente, que ela seja segura. No entanto, há um estudo indexado no PubMed demonstrando os efeitos da monoetanolamina, uma molécula relacionada mas diferente, para o tratamento de câncer de próstata. Porém, é também um estudo pré-clínico e parece ser o único publicado até agora, portanto nada se pode afirmar ainda a respeito das ações dessas moléculas.

Sim. A fosfoetanolamina é um composto lipídico precursor da fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, moléculas envolvidas na síntese de fosfolipídeos, uma classe de gorduras que é o principal constituinte das membranas celulares. O composto modificaria o funcionamento das mitocôndrias e estimularia a apoptose (morte programada) das células com câncer e preservaria as sadias. Desta forma, leva a célula tumoral à morte. Porém, o que não está claro é como exatamente ela faria isso e a comprovação de que não seria mesmo tóxica às células sadias. Por isso ainda não foi liberada para uso.