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A cultura do estupro
Não podemos perder tempo disputando a realidade. Um ato sexual que acontece sem o consentimento de uma das partes envolvidas é um estupro. Sempre
“Uma rosa, por qualquer outro nome, teria o aroma igualmente doce”. Este trecho de Romeu e Julieta, a peça famosa de William Shakespeare, é frequentemente referenciado em artigos e debates sobre o peso e a volatilidade da linguagem. Na cena em que esta fala se dá, Julieta – uma Capuleto – argumenta que não importa que Romeu seja um Montéquio, pois o amor que sente é pelo rapaz, e não por seu nome. A beleza da citação é o que ela implica: os nomes que damos às coisas não necessariamente afetam o que as coisas realmente são. “Estupro, por qualquer outro nome, seria uma ação igualmente violenta.” Seria. Mas, ao contrário das rosas – que reconhecemos como rosas, por isso chamamos de rosas –, relutamos em reconhecer quando um estupro é estupro para poder então chamá-lo de estupro.
Estupro é a prática não consensual do sexo, imposta por violência ou ameaça de qualquer natureza. Qualquer forma de prática sexual sem consentimento de uma das partes configura estupro. Se aceitarmos que esta é a definição de estupro, quantas já sofremos um, e quantos já cometeram um? Garanto que muita gente. [...] BURIGO, Joana. A cultura do estupro. Carta Capital. 2 jun. 2016. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2017 [Fragmento adaptado].
Sobre o texto II, assinale a alternativa INCORRETA.
A) É a permissividade ou não do ato sexual que configura o estupro.
B) A comparação do estupro como uma rosa facilita a compreensão do leitor para identificar o que é ou não um fato ligado ao estupro.
C) O nome que se dá às coisas é apenas uma convenção; dessa forma, o que importa é o que elas realmente significam, não o seu nome.
D) Há uma resistência social, de forma geral, em admitir que determinados atos devem ser reconhecidos como estupros.