Não entendi porque foi a e
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Em casa, brincava de missa, - um tanto às escondidas, porque
minha mãe dizia que missa não era cousa de brincadeira.
Arranjávamos um altar, Capitu e eu. Ela servia de sacristão, e
alterávamos o ritual, no sentido de dividirmos a hóstia entre nós; a
hóstia era sempre um doce. No tempo em que brincávamos assim,
era muito comum ouvir à minha vizinha: "Hoje há missa?" Eu já
sabia o que isto queria dizer, respondia afirmativamente, e ia pedir
hóstia por outro nome. Voltava com ela, arranjávamos o altar,
engrolávamos o latim e precipitávamos as cerimônias. Dominus
non sum dignus ...* Isto, que eu devia dizer três vezes, penso que
só dizia uma, tal era a gulodice do padre e do sacristão. Não
bebíamos vinho nem água; não tínhamos o primeiro, e a segunda
viria tirar-nos o gosto do sacrifício.
(Machado de Assis, "Dom Casmurro", Obra completa.)
*Trecho da fala do sacerdote, no momento da comunhão, que era
proferida em latim, antes do Concílio Vaticano II. A fala inteira, que
deve ser repetida três vezes, é: Dominus non sum dignus ut intres
sub tectum meum, sed tantum dic verbum e sanabitur anima mea,
cuja tradução é: Senhor, não sou digno de que entreis em minha
morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva.
Sobre esse trecho de "Dom Casmurro", pode-se dizer que
a) apresenta diálogos indiretos entre as personagens.
b) revela a intromissão de vizinhos na vida das crianças.
c) o ambiente da ação é uma igreja católica.
d) quatro pessoas brincavam de missa: Capitu, o narrador, um
sacristão e um padre.
e) é um exemplo do uso criativo e não meramente ornamental da
metáfora.