Nas frases Me dá um autógrafo? / O cara que te desenha!, há o emprego de pronome oblíquo em desacordo com a norma padrão. O correto é:

Português
a) Dê-me um autógrafo? / O cara que a desenha! b) Dá-me um autógrafo? / O cara que lhe desenha! c) Dá-me um autógrafo? / O cara que a desenha! d) Me dê um autógrafo? / O cara que desenha-lhe! e) Dê-me um autógrafo? / O cara que desenha-a Quando fui resolver, marquei a letra B. Mas o gabarito do meu livro está A. Não entendo o porquê. No enunciado está '' O cara que te desenha'', ou seja, desenha você. E ''o cara que a desenha'' não está se referindo a ela ( outra pessoa e não você) ?!
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Letycia perguntou há 8 anos

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Professor Alessandro S.
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Respondeu há 8 anos
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Oi Letycia! Por incrível que pareça, é essa resposta mesmo! Mas vamos por parte: A forma imperativa (quando utilizamos para pedidos ou ordems [como todo bom IMPERAdor faz]) para a terceira pessoa do singular (ele, ela e você) é "Dê", além de que pronome oblíquo reto (me, te, lhe) não inicia frase. Isso já anula a possibilidade de serem as alternativas "b", "c" e "d". Nos resta as letras "a" e "e". O que você precisa perceber é que esse "a" utilizado na frase " o cara que a desenha" é um pronome demonstrativo! Ele está demonstrando quem é esse cara da frase, fazendo uma relação entre a primeira e segunda frase. Caso você sempre tenha dúvida de substituir esse pronome demonstrativo "a" e "o", substitua por outros mais conhecidos, como aquele, aquilo, isso, este. Ora, a frase "O cara que a desenha" pode ser interpretada como "O cara que aquela desenha", já que ele está desenhando aquela pessoa que passa. Quando usamos verbo-a é justamente para quem é direcionado nossa ação. Exemplos: Chame ela aqui! - Chame-a aqui! Respondi ele com muita energia - Respondi-o com muita energia Então, isso já anula a possibilidade da letra "e", sendo assim, a resposta a alternativa "a" Espero ter sido claro! Bons estudos!

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Professora Érica F.
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Respondeu há 8 anos
Olá, Letycia. A questão problematiza duas coisas: colocação pronominal e uso da pessoa do discurso. No enunciado, as duas frases estão com indicação de 2a. pessoa do singular (com erro na colocação pronominal da primeira frase, em relação à norma culta). Você marcou a letra B, que está correta em relação à colocação pronominal, entretanto há dois erros: a alternativa B indica a 2a. pessoa do singular do discurso na primeira frase e 3a. pessoa do singular como alvo da segunda frase (duas pessoas diferentes); além disso, na segunda frase, usa de modo incorreto o objeto, em razão de o verbo "desenhar" ser transitivo direto: seu objeto na 3a. pessoa do singular não pode ser o pronome oblíquo átono "lhe" (função indireta), mas "o" ou "a" (função direta), dependendo do gênero do alvo (desenha ele ou ela). Na alternativa A, houve alteração nas duas frases para 3a. pessoa do singular, as colocações estão corretas e o uso do pronome oblíquo está adequado sintaticamente. Espero tê-la ajudado! Érica
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Professor José G.
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Respondeu há 6 meses

Letycia,

A questão procura avaliar três pontos (regras) gramaticais, à luz da norma culta, padrão:

  1. topologia pronominal;
  2. emprego dos pronomes oblíquos átonos;
  3. uniformidade de tratamento.

A topologia pronominal trata da colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase, em relação ao verbo: se antes do verbo (próclise), se no meio do verbo (mesóclise) ou se depois do verbo (ênclise). Para tanto, existem regras estabelecidas pela gramática. Citemos aqui apenas duas delas: (1) não se pode começar frase/oração com pronome oblíquo átono; (2) as palavras negativas, os pronomes relativos e indefinidos e as conjunções subordinativas atraem o pronome para antes do verbo (próclise).

Observação: No Português escrito e falado no Brasil verifica-se tendência marcante ao emprego da próclise (pronome antes do verbo). Para importantes gramáticos, tal preferência não é condenável, pois admitem que a colocação pronominal está relacionada à eufonia (combinação de sons agradável ao ouvido) e não a questões estritamente sintáticas. Portanto, em caso de dúvida, o falante deve escolher a colocação pronominal que lhe soar melhor e atentar-se ao nível de linguagem adequado à situação de comunicação.

Em relação ao emprego dos pronomes oblíquos átonos para completar o sentido de um verbo, observar o seguinte:

Os pronomes me, te, se, nos, vos podem representar tanto o objeto direto quanto o objeto indireto.

O pronome o/a (e suas variações: os/as, lo/la, los/las, no/na, nos/nas) representam exclusivamente o objeto direto (complemento exigido pelos verbos transitivos diretos: amar, ver, parabenizar, etc.).

O pronome lhe(s) representa exclusivamente o objeto indireto [complemento exigido pelos verbos transitivos indiretos e bitransitivos: obedecer (O motorista viu o guarda, mas não lhe obedeceu), desejar (desejo-lhe felicidades), etc.].

A uniformidade de tratamento consiste em manter os pronomes e o verbo na mesma pessoa gramatical (tu, você, vós) escolhida para se dirigir ao interlocutor, utilizando de maneira uniforme os pronomes e pessoas do verbo, evitando salada de pronomes e formas verbais.

Se, ao conversarmos com uma pessoa, a tratarmos, por exemplo, por você, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na terceira pessoa do singular, já que você é um pronome de tratamento, de terceira pessoa. O mesmo se diga em relação a senhor, senhora, vossa senhoria, etc.

Se tratarmos a pessoa por tu, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na segunda pessoa do singular.

Exemplos:

  • Você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança. [ERRADO]
  • Você precisa de alguém que lhe dê segurança, senão você dança. [CORRETO]
  • Eu te amo, ó Deus! Minha vida está em suas mãos. [ERRADO]
  • Eu te amo, ó Deus! Minha vida está em tuas mãos. [CORRETO]
  • Eu o amo, ó Deus! Minha vida está em suas mãos. [CORRETO]

 

Outro problema de desuniformidade de tratamento ocorre no uso do verbo, principalmente no imperativo, que é a utilização do verbo para pedido, ordem, conselho, apelo, súplica.

Se o interlocutor for tratado por tu, o verbo no imperativo deve ser conjugado na segunda pessoa do singular (-me um autógrafo). Se o interlocutor for tratado por você, o verbo no imperativo será conjugado na terceira pessoa do singular (-me um autógrafo). Se o interlocutor for tratado por vós, o verbo no imperativo deve ser conjugado na segunda pessoa do plural (Dai-me um autógrafo). Outros exemplos em que a uniformidade de tratamento foi observada:

  • Se tu gostas de cerveja, experimenta esta.
  • Se você gosta de cerveja, experimente esta.
  • Se vós gostais de cerveja, experimentai esta.

 

Vamos à análise das opções da questão por você apresentada:

a)

-me um autógrafo?

O cara que a desenha!

 

Colocação correta (ênclise) do pronome oblíquo átono me, que, de acordo com a norma culta, não pode iniciar frase (Na linguagem coloquial/informal, é admissível; no padrão formal da língua, não).

Verbo (dar) na 3ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Sujeito: você (oculto).

Correto o pronome oblíquo átono empregado (a), que representa o objeto direto exigido pelo verbo transitivo direto desenhar.

Pronome oblíquo átono a proclítico (antes do verbo) corretamente empregado, atraído que é pelo relativo que.

Uniformidade de tratamento respeitada em ambas as frases: terceira pessoa do singular (Dê-me você / desenha você).

b)

Dá-me um autógrafo?

O cara que lhe desenha!

 

Colocação correta (ênclise) do pronome oblíquo átono me, que, na norma culta, não pode iniciar frase.

Verbo (dar) na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Sujeito: tu (oculto).

Incorreto o emprego do pronome oblíquo átono (lhe), que é usado para representar exclusivamente o objeto indireto, e o verbo no caso (desenhar) é transitivo direto, requerendo complemento direto.

Uniformidade de tratamento não respeitada em relação à primeira frase, na qual foi empregado o verbo na segunda pessoa do singular (-me tu), enquanto na segunda frase foi utilizado (conquanto errado) o pronome de terceira pessoa do singular (lhe = você).

c)

Dá-me um autógrafo?

O cara que a desenha!

 

Colocação correta (ênclise) do pronome oblíquo átono me, que, na norma culta, não pode iniciar frase.

Verbo (dar) na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Sujeito: tu (oculto).

Correto o pronome oblíquo átono empregado (a), que representa o objeto direto exigido pelo verbo transitivo direto desenhar.

Pronome oblíquo átono a proclítico (antes do verbo) corretamente empregado, atraído que é pelo relativo que.

Uniformidade de tratamento não respeitada em relação à primeira frase, na qual foi empregado o verbo na segunda pessoa do singular (-me tu), enquanto na segunda frase foi utilizado o pronome de terceira pessoa do singular (a = você).

d)

Me dê um autógrafo?

O cara que desenha-lhe!

 

Colocação incorreta do pronome oblíquo átono (me), que, pela norma culta, não pode iniciar frase (Na linguagem coloquial/informal é aceitável; no padrão formal, não).

Pronome oblíquo átono utilizado (lhe) incorreto (teria que ser o a)

Ênclise incorreta (o que – pronome relativo - atrai o lhe para antes do verbo).

e)

Dê-me um autógrafo?

O cara que desenha-a

 

Colocação correta (ênclise) do pronome oblíquo átono me, que, na norma culta, não pode iniciar frase (Na linguagem coloquial/informal, sim; no padrão formal, não).

Verbo (dar) na 3ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Sujeito: você (oculto).

Ênclise (pronome oblíquo depois do verbo) incorreta (o que – pronome relativo - atrai o lhe para antes do verbo).

 

Você ainda faz o seguinte questionamento:

 No enunciado está: ''O cara que te desenha'', ou seja, desenha você. E ''o cara que a desenha'' não está se referindo a ela (outra pessoa, e não você)?

Como se sabe, três são as pessoas do discurso: a pessoa que fala (1ª pessoa: eu), a pessoa com quem se fala (2ª pessoa: tu ou você) e a pessoa de quem se fala (3ª pessoa: ele(s)/ela(s)).

O pronome “te”, no caso, vai se referir sempre à 2ª pessoa, à pessoa com quem se fala (tu ou você).

Já o pronome “o/a” (e suas variações: os/as, lo/la, los/las, no/na, nos/nas), que representam o objeto direto, e o pronome “lhe”, que representa o objeto indireto, podem se referir tanto à pessoa com quem se fala (você) quanto à pessoa de quem se fala (ele/ela).

Ao substituir-se, na frase, o pronome “te” (''O cara que te desenha'') pelo pronome “a” (''o cara que a desenha''), o “a” vai se referir à pessoa com quem se fala (você), e não à pessoa de quem se fala (ela). Concorda?

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