Boa tarde, Mariana! Nos parágrafos abaixo reproduzirei (copiando e colando) o texto razoavelmente bem escrito por você, mas com alterações sugeridas por mim, de modo que o mesmo fique o mais coeso e coerente possível, com a forma (ortografia, regência verbal, concordância verbal e nominal, pontuação, etc) obedecendo o máximo à norma culta da língua portuguesa e com o conteúdo bem distribuído em introdução, desenvolvimento e conclusão (divisões essenciais da distribuição de um texto a respeito do tema). A introdução (com um parágrafo) deve apresentar o questionamento do título apenas em linhas gerais. O desenvolvimento (com dois a três parágrafos no máximo) deve detalhar o problema apresentado na introdução. A conclusão (a qual acredito ter faltado em seu texto), composta de um parágrafo somente, deve ser a solução do problema, "a moral da história". Todos esses aspectos são levados em consideração na correção de uma redação por um examinador num concurso público. Como dizia um professor meu, a correção de uma redação tem um critério oposto ao da prova objetiva (de múltipla escolha): na prova objetiva o aluno começa com nota zero e poderá terminar com nota dez, enquanto na redação o mesmo começa com nota dez e poderá terminar com zero!
“As Utopias: Indispensáveis, Inúteis ou Nocivas?” (pelo que pesquisei esse é o tema e assim o título da redação do vestibular FUVEST de 2016)
O Canto da Sereia, mito (lenda) do canto sedutor que em diferentes versões levava marinheiros a fazerem tudo por um objetivo, muito tem a ver com o sonho utópico (ideal) de um mundo perfeito, o qual trabalha de forma parecida no psicológico humano: a partir da sedução, porém resultando no viés relacionado ao poder.
Segundo Fréderic Rouvillois a utopia em sua natureza prevê um controle absoluto de tudo, supondo-se que num mundo utópico não há conflitos. Devido à complexa diversidade da natureza humana tal suposição de unanimidade é ilusória. Assim sendo, essa falsa unanimidade só é possível de ser alcançada a partir de medo e repressão encontrados numa ditadura, geralmente militar. O totalitarismo, seja num governo politicamente de direita (como a de Hitler) ou de esquerda (como a de Stalin), então engana a sociedade com uma utopia, apoiando-se em cinco premissas: na demagógica divulgação em larga escala de um medo geralmente de um ideia democrática; da necessidade de um governo populista (que se apóia nas consequências e não nas causas, ao contrário de um governo realmente popular); no exercício de um nacionalismo xenofóbico; na prática de preconceitos (raciais, sexuais, culturais ou religiosos); e na instituição e na oficialização de perseguições, torturas, assassinatos e supressão de direitos humanos.
A consequência do totalitarismo, geralmente em proporções mundiais (inclusive fugas e exílios em outros países), é a satisfação apenas de uma elite econômica corrompida e egoísta, causando na maioria de um povo miséria, concentração de renda, corrupção, deteriorações dos setores públicos sociais (educação, saúde, saneamento, segurança, transportes, etc), violência, desemprego, entre muitas outras mazelas, Conforme dito numa célebre frase, a pior das democracias ainda é melhor que a melhor das ditaduras.
A solução para combater a utopia e principalmente impedir que a mesma resulte em um totalitarismo é a conscientização de toda a sociedade de que a diferença e o respeito à diferença podem promover um mundo democrático na prática, com melhorias sociais reais. É fundamental que as pessoas exerçam o direito de ouvir e falar, ler e escrever, concordar e discordar, debater, votar contra e a favor, sempre respeitando o próximo. Só assim viveremos não num mundo ideal (utópico), mas o mais justo socialmente e fraterno dentro dos limites da realidade.