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Sociologia Ensino Médio Geral ENEM Sociologia

1- Defina o que é reforma agrária estrutural e convencional. Na região em que vivemos que tipo de reforma agrária foi convencionado? Justifique

 

2-Desde o surgimento das Ciências Sociais no Brasil, autores como Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Darcy ribeiro e vários outros pensaram e estudaram o Brasil e o ser brasileiro. Defina os principais temas abordados até 1960 por esses pensadores

 

 

3- A desigualdade racial no Brasil recupera-se a cada golpe que sofre. Onde os interesses e as ligações das classes sociais fariam diferença com as pessoas ou grupos de pessoas se não condenassem o negro ao ostracismo, a invisibilidade e destruindo, pela base, a consolidação da ordem social competitiva como a democracia racial. Após a leitura desse texto, comente sobre a questão da democracia racial no Brasil

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Julya perguntou há 3 anos

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Professor Alan S.
Respondeu há 3 anos

Olá Julya! Eu já pesquisei muito sobre conflitos agrários, tanto na graduação como no mestrado, e acredito que posso te ajudar principalmente com a primeira questão. As outras duas também responderei da melhor maneira possível:

1) O Brasil nunca realizou Reforma Agrária nos moldes mais comuns (estrutural), que é a desapropriação de terras improdutivas e a  distribuição dessas terras em massa para a população, seja em forma de doação ou venda por valores simbólicos como ocorreu nos Estados Unidos, na França, e até mesmo na Argentina.
O modelo agrário do Brasil sempre foi o da "grande propriedade", onde uma minoria detém grandes quantidades de terras exploradas por meio de extração de madeira ou minério, e depois a instalação de sistemas agropecuários.
O que ocorre no Brasil (quando ocorre, já que é raro) se parece muito com A Reforma Convencional, que é basicamente a pré seleção de famílias dispostas a trabalhar em terras improdutivas ou devolutas, o Estado passa essas terras para essas pessoas por um valor abaixo ao do mercado e com um bom crédito e prazo para quitação da dívida da compra. Entretanto esse modelo é muito questionado porque a burocracia é enorme e muitas vezes as parcelas das terras oferecidas às famílias que querem trabalhar são improdutivas e não nenhum tipo de auxílio, como cursos ou profissionalização, após o acentamento, já que nem todas as pessoas desejam as terras trabalharam ou trabalham com agropecuária.
Apesar de poucas alternativas que o Brasil tem disponível, não significa que nunca houve debates sobre o tema. Na década de 1940 houve diversas discussões sobre o tema já que estava em curso um projeto nacional chamado "Marcha para o Oeste" instituída em 1939 no governo de Getúlio Vargas. Que consistia em incentivar a população, que se concetrava mais ao litoral do Brasil, a tentar a vida no interior do país, e para isso era necessário debater as formas de acesso à terra que essas pessoas poderiam ter. Infelizmente, apesar do sucesso do projeto, as discussões sobre reforma agrária não avançaram. Em 1964, o então presidente João Goulart tentou iniciar um processo de reforma agrária a partir das terras ociosas do próprio governo. Esse foi um dos motivos para que se desse o golpe militar no mesmo ano com apoio dos Estados Unidos. Foi difundida muita propaganda falsa sobre o Brasil se tornar comunista caso a reforma agrária e outras políticas públicas do governo de João Goulart tivesse êxito. Mesmo sabendo que o próprio Estados Unidos, apoiador do golpe, realizou a mesma Reforma Agrária em seu território. Depois de décadas deste desastre se sabe que os EUA interfiriu na política brasileira por medo de que o Brasil se tornasse uma potência que pudesse competir com eles futuramente caso essas políticas dessem certo. O mesmo ocorreu no impeachment em 2016, e que hoje há documentos que comprovam a interferência dos Estados Unidos no sistema judiciário brasileiro. A justificativa era a mesma "receio de que o Brasil se torne uma potência local.".
Uma das formas de luta e resitência de pessoas que desejam uma reforma agrária efetiva, é a organização de movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), que utilizam de um trecho da constituição brasileira que afirma que toda terra que não esteja desempenhando seu papel social, que é a de ser produtiva, pode ser ocupada por qualquer pessoa que se disponha a torna-la produtiva, que é o que faz esses assentamentos do MST e que, em geral, são muito criticados por isso, mesmo estando respaldados pela lei.
Outros projetos interessantes que visam a reforma agrária são: Projeto Casulo, Projeto Lumiar, Banco da Terra e Cédula da Terra. Caso queira aprofundar sobre o tema sugiro que pesquise sobre esses projetos.


2) Gilberto Freyre: Sua principal obra foi Casa Grande e Senzala, Acreditava que no Brasil existia um potencial civilizatório uma vez que o caldeirão de culturas e missigenação poderia favorecer o desenvolvimento de uma sociedade harmônica e cordial. Isso porque, diferente dos Estados Unidos, os colonizadores portugueses tinha uma relação mais próxima dos escravos e indígenas ao ponto em que se chegava à consumação carnal, o que raramente, segundo Freyre, ocorreu na colonização norte-americana. Ele chamava a convivência entre colonizadores e colonizados de harmônica se comparado à outras colonizações no mundo. Claro que na realidade Freyre estava errado e hoje sua teoria é muito ultrapassada. Mas para a sua época (entre 1900 e 1950) era considerada uma boa forma de interpretar o Brasil.

Sérgio Buarque de Holanda: Sua príncipal obra foi Raízes do Brasil, nela ele trabalha sob a ótica cultural dos colonizadores e colonizados. Desenvolve uma teoria que versa sobre a influência que o modo de organização do trabalho do colonizador português produziu na estrutura social da sociedade brasileira. Isso significa dizer que o formato de organização laboral, que envolve hierarquias, exigências, burocracia, etc., realizado por eles durante a colonização, se impregnou em nossa cultura e em nossa forma de nos organizarmos socialmente e politicamente. 
Um exemplo é a forma despreocupada que o colonizador portugês tinha de lidar com prazos, com insubordinação, e com a organização do trabalho. Segundo Sérgio Buarque essas características ainda fazem parte da cultura brasileira. Esta foi uma teoria muito importante na primeira metade do século XX, ams que hoje também não tem uma relevância para pesquisas na área.

Florestan Fernandes: Sua principal obra foi A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica e nela vai na contramão dos autores acima afirmando que a identidade da sociedade brasileira foi moldada a partir das relações de exploração do feudalismo e depois do capitalismo (com a revolução burguesa brasileira). Aponta que a nossa identidade foi produzida a partir dos grandes problemas que o capitalismo trouxe, como a exploração de mão de obra barata, a exclusão social, a desigualdade social, e o racismo. O Brasil no mundo é visto como um país subalterno onde o capitalismo foi produzido de forma bem mais cruel do que nos Estados Unidos ou na Europa, onde o poder econômico desses países permitiu explorar outras nações deixando boa parte de sua população sem precisar passar pelas dificuldades encontradas em países como o Brasil que precisam produzir para alimentar e vestir as populações dos países mais desenvolvidos social e economicamente.

DARCY RIBEIRO: Sua principal obra se chama O povo Brasileiro, nela afirma que o que molda nossa identidade é a diversidade cultural. A identidade brasileira é formada pelas culturas indígenas, pelos africanos escravizados e pelos colonizadores europeus. Essa missigenação torna a experiência trágica da colonização em uma experiência única no mundo em termos de diversidade cultural: Culinária, sotaque, hábitos e costumes, religiões, etc.

3) A Democracia Racial foi muito difundida principalmente pelos primeiros dois autores da questão anterior. Nela se afirma que após a abolição da escravatura, a população negra passou a ter os mesmos direitos que os brancos instantaneamente. E isso é verdade, o problema é que após libertos, eles não tinham absolutamente nenhum pertence além das roupas do próprio corpo. Muitos tornaram-se mendigos, muitos morreram de fome, muitos voltaram a trabalhar como escravos de forma ilegal e poucos conseguiam trabalho de forma legalizada por causa da herança cultural que ficou presente. Já que até um dia antes da abolição não eram nem considerados pessoas, mas sim algo próximo à animais, torna-se difícil a inserção dessas pessoas em uma sociedade que estava acostumada a rebaixa-los. Logo, percebe-se que a "Democracia Racial", como uma forma de afirmar que existe equidade social entre brancos e negros, é um equívoco do ponto de vista histórico e atual, já que ainda hoje essa herança se materializa em situações onde mesmo os negros sendo metade da população, quase não ocupam os espaços de poder, recebem menos que os brancos, morrem mais em abordagens policiais e são o grupo racial mais pobre.


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