Do outro lado da toca: alucinações de Alice, no país das mar
Por: Ana A.
27 de Janeiro de 2016

Do outro lado da toca: alucinações de Alice, no país das mar

Literatura

É comum pensarmos que a obra canonizada de Lewis Carroll, "Alice, no país das maravilhas", publicada em 1885, cujo título original é "Alice's adventure in wonderland", é destinada ao público infanto-juvenil. Os vários diálogos que a figura da menina Alice tece com personagens infantilizados, típicos do universo infantil, tais como o chapeleiro maluco, o gato de sorriso de lua, a rainha de copas, o coelho falante, entre outros, fazem enquadrar, e portanto limitar, a narrativa de Carroll, ao público juvenil. No entanto, vários elementos da composição dessa história podem passar desapercebidos nesse contexto imagético. Um dos momentos que faria o leitor questionar a respeito da autenticidade dps personagens atípicos do mundo da menina, então sobrenaturais, se dá logo no início da história quando momentos antes de Alice adentrar a toca do coelho, ela diz: 

 

"[...] ela pensava consigo mesma (tão bem quanto era possível naquele dia quente que a deixava sonolenta e estúpida) se o prazer de fazer um colar de margaridas era mais forte do que o esforço de ter de levantar e colher as margaridas, quando subitamente um Coelho Branco com olhos cor-de-rosa passou correndo perto dela."

 

Nota-se que os adjetivos "quente", "sonolenta" e "estúpida" demarcam um possível estado de onirismo, vivenciado pela garota, isto é, pelo fato de o dia estar completamente quente, o que não seria habitual nem no próprio contexto biográfico do autor, na Inglaterra, haveria uma interferência dos sentidos reais de Alice, por conta do mal estar provocado pelo excesso de calor. Dessa forma, o primeiro personagem insólito, referido pela menina, poderia ser uma alucinação de sua mente, porquanto esta está sofrendo delírios:

"Não havia nada de muito especial nisso, também Alice não achou muito fora do normal ouvir o Coelho dizer para si mesmo “Oh puxa! Oh puxa! Eu devo estar muito atrasado!”


Essa condição da obra de Carroll só faz reforçar a necessidade de absorvermos a literatura sem preconceitos. Devemos nos desfazer de vias únicas no ato da leitura, pois o mesmo texto possui muitos dizeres, e esse estado ambíguo das narrativas podem nos transportar a lugares que a nossa imaginação ainda não alcançou. Pense nisso!

 

Ana Carolina Bianco Amaral

 

 

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