O que faz a diferença para ser aprovado rapidamente?
Por: Andrei A.
17 de Fevereiro de 2023

O que faz a diferença para ser aprovado rapidamente?

Entenda o que diferencia um aluno que evolui vigorosamente suas capacidades de um aluno que avança vagarosamente.

Coaching Desenvolvimento Humano Vestibular Concurso

Algumas pessoas parecem ter nascido para estudar. Mesmo começando do zero, ou estando muito longe da aprovação, avançam a passos rápidos na grade do conhecimento e, com pouco tempo de preparação, conseguem a aprovação no concurso que desejavam. Aparentam possuir um talento natural para progredir, uma certa predisposição para se desenvolver rapidamente nos estudos. Já outras, parecem ter nascido para permanecer onde estão. Ficam anos após anos em contínua preparação e experimentam pouca evolução; sentem-se estagnados, incapazes de subir os degraus necessários para atingir as suas metas. Com o passar do tempo, a frustração deposita sobre eles uma carga cada vez mais pesada e sentem-se impelidos a abrir mão de seus objetivos. Mas será que as predisposições naturais são tão decisivas quanto a definir o sucesso de alguém nos seus estudos? Neste artigo, defende-se que não. Apesar dos diferentes graus de talento que cada um possui, existe uma série de práticas fundamentais que fazem toda a diferença quando o assunto é obter sucesso em uma preparação de longo prazo. 

Antes de tudo, é preciso ter em mente que o fator mais importante para se obter sucesso em um processo de praparação é a diligência nele empregada, muito antes do talento natural, pois uma pessoa com grande talento pode obter resultados piores que uma pessoa menos talentosa e muito mais aplicada. Como a parábola dos talentos narrada por Cristo nos Evangelhos ensina, indepentemente da quantidade de talentos que se recebe inicialmente, é necessário multiplicá-los; fazê-los dar frutos. Deve-se aceitar de bom grado o que se possui, mas mantendo um grande ímpeto de aprimorá-lo.  Portanto, não se deve gastar um segundo sequer lamentando-se pelas capacidades que lhe faltam. Todas as energias devem ser focalizadas na meta a ser atingida e a empregar os meios e habilidades que se possui para isso. A lamentação e a autopiedade apenas acarretam em distrações e um conformismo barato, que não serve em nada para o aprimoramento pessoal. Não é muito melhor empregar todas as forças em um movimento de melhora que, humildemente, não se preocupa nem se lamenta com seu passado e condição atual, apenas se entrega completamente ao presente e ao esforço que este requer? A mentalidade que deve predominar, sem dúvida, é a necessidade de dirigir todas as capacidades, e solicitá-las em plenitude, para o processo de preparação, não obstante as condições e as lacunas com que se inicia esse processo. No fim, certamente, a quantidade de esforço empregada se sobressai em muito às capacidades com que se iniciou a jornada.

Mas o que significa entregar-se diligentemente à preparação? Em poucas palavras, a resposta pode ser resumida a ter certeza, no fim do dia, que se fez tudo o que  se podia e da melhor forma que se poderia fazê-lo. São JoseMaria Escrivá dizia que se deve chegar ao fim do dia sentindo-se como um limão completamente espremido, incapaz de liberar uma só gota de suco a mais. E essa entrega completa exige que se preste atenção à inúmeros detalhes. É preciso que se estabeleça uma rotina, com horários de estudo e de descanso; cuidar da saúde física e mental; aplicar também um tempo para a meditação e para a espiritualidade. Como um atleta de alta performance, extremamente rigoroso com seus treinamentos e alimentação, o estudante de alta performance deve ser extremamente rigoroso com os horários de estudo e, da mesma forma, extremamente rigoroso com o que faz quando não está estudando. A rotina deve ser contruída com maturidade, priorizando aquilo que realmente é mais importante e sem negligenciar nenhum aspecto fundamental, mantendo o foco em maximizar o aproveitamento do dia. Por isso, além da rotina equilibrada, deve-se estar inteiramente imerso em cada atividade. No horário de estudo, as distrações devem ser mínimas. Por exemplo, celular no silencioso e em algum lugar que não fique visível. Se possível, permanecer em um ambiente tranquilo, que permita atingir um alto grau de concentração. Tudo para que 90 minutos de estudo sejam realmente 90 minutos de estudo, com alto aproveitamento do tempo dispensado. Do mesmo modo, quando for horário de descanso, é preciso realmente descansar; nada de estar a pensar nas matérias e pendências a serem resolvidas. E assim por diante: apenas dedicando-se integralmente ao cumprimento de cada tarefa que se pode aproveitá-la bem e realizá-la da melhor maneira. Não se trata de um perfeccionismo, que visa realizar tudo meticulosamente nos mínimos detalhes. A questão em jogo é garantir que, dentro das condições que se está no momento, faz-se o que se deve fazer do melhor modo que se dispõe para fazê-lo. Às vezes, isso pode significar deixar um trabalho inacabado para não comprometer o restanto do cronograma do dia; ou fazer mais rapidamente uma tarefa de menor importância e aproveitamento para se dedicar com mais calma para uma tarefa mais exigente e recompensadora. Tudo deve ser feito com base na experiência adquirida dos resultados colhidos nos dias anteriores, a fim de se extrair o melhor de cada dia, sem desperdício algum de tempo. É assim que se pode terminá-lo sentindo-se um limão espremido; sabendo que se fez o melhor que se poderia ter feito. 

Contudo, além de se dedicar avidamente, é necessário dispor de objetivos realistas e dos meios adequados para alcançá-los. Por mais que alguém se dedique incansavelmente e com grande grau de perfeição, é muito difícil que em apenas 10 meses consiga sair da estaca zero para ser aprovado em medicina na USP, engenharia no ITA ou em alguma universidade americana de ponta. No entanto, tal meta torna-se muito mais viável se se pensar em uma preparação de dois ou três anos. A vantagem disso é que a preparação se torna mais sólida e mais focada: é muito mais fácil ser aprovado em um desses cursos distribuindo uma preparação equilibrada e em estágios, de duração de dois anos, do que repetir duas vezes uma preparação relâmpago de 10 meses. Em outras palavras, é mais fácil se preparar para passar no concurso ao cabo de três anos do que se preparar 3 vezes para passar em um ano, fracassando nas duas primeiras tentativas. Pode parecer um pouco desmotivador ter de focar em um objetivo a tão longo prazo, mas a paciência é amiúde muito bem recompensada. Portanto, traçar metas realistas é ponto fulcral para estabelecer uma preparação que certamente sucederá. Mas isso apenas, não basta. Outrossim, uma vez bem estabelecidos os objetivos, é necessário empregar os melhores meios que se dispõe para alcançá-los. Não adianta, por exemplo, avançar para os tópicos mais avançados dos conteúdos se não se possui suficiente domínio sobre os tópicos base. É muito comum que muitos alunos que começam uma preparação para o ITA percam inúmeras horas travados em exercícios de alta complexidade, tudo porque negligenciaram a atenção que deviam dar primeiro a pontos mais básicos. É como tentar aprender salto em altura começando com a barra na altura de 1,80 m. Para evitar cair nessa tentação, é necessário examinar-se a si mesmo com um olhar humilde. A humildade não é o rebaixamento de si mesmo, mas um olhar sincero para a realidade das coisas. Apenas possuindo um grande autoconhecimento é que se pode dar os passos exatamente do tamanho que se é capaz de dá-los. É isso que significa empregar os meios corretos. Trata-se de dar os passos no tamanho certo que cada estágio da preparação requer. 

Por fim, a última palavra é sobre constância. De fato, a habilidade que se adquire para passar em um concurso é uma soma dos esforços empregados em um longo período de preparação. Acima, afirmou-se a necessidade de dar o melhor de si em cada dia. Agora, afirmar-se-á a necessidade de dar o melhor de si todos os dias, sem exceção. Aquele que obtém a melhor preparação é aquele que se sobressaiu na soma dos esforços de todos os dias. Um dia excelente é uma demonstração de boa vontade. Um amontoado de dias excelentes vividos em seguida, sem interrupções, é a consolidação da boa vontade em virtude. Pode-se argumentar que a vida de uma pessoa é a média dos seus dias. Uma vida intelectual, requer um esforço intelectual todos os dias. Uma vida piedosa, requer o exercício da piedade todos os dias. Uma boa preparação, portanto, requer uma grande quantidade de dias bem-sucedidos de preparação. As quedas devem ocorrer; dir-se-á, talvez, que sejam inevitáveis. O mais importante, porém, é não se deixar abalar e levantar-se imediantamente após elas. A constância requer que se impeça que as falhas sejam multiplicadas. Assim, num repetido e intenso esforço de levantar-se após cada fracasso, diminui-se efetivamente o número de fracassos ao longo da preparação. Torna-se posível, então, colecionar muitos bons dias de preparação, os quais culminam no tão esperado sucesso do processo. A dica final para manter-se constante nesse longo período de treinamento é evitar ao todo comparações com os outros. As únicas comparações permitidas são aquelas feitas consigo mesmo, e mesmo essas, devem ser feitas com o objetivo de verificar a existência de progresso: em caso afirmativo, deve servir de motivação para continuar trabalhando bem; em caso negativo, não pode ser de forma alguma tomada com pesar e usada como auto-crítica afrontosa. Nesse caso, deve-se examinar com maturidade que elementos devem ser melhorados e pôr mãos à obra, pois como dito acima, é natural e muitíssimo humano cometer erros. Estes não devem ser fator desmotivamente; antes, deve-se pensar com alegria que o fato de identificar os problemas e se dispor a corrigi-los já é em si um grande progresso. Reiterando, o problema não é errar, mas permanecer no erro. Há ocasiões, contudo, em que não se consegue verificar se houve progresso, mesmo empregando-se todos os meios e toda a dedicação no processo de preparação: o exame feito não acusa nenhum grande problema a ser remediado. Nesse caso, deve-se proceder de consciência tranquila e continuar trabalhando duro, com uma firme confiança que os esforços bem dispensados serão recompensados. 

Todos os que são sucedidos de forma extraordinária em empreitadas de longo prazo certamente seguem os princípios aqui apresentados, quer consciente, quer inconscientemente. Com efeito, o sucesso de uma preparação envolvendo estudos depende muito mais da diligência empregada nela do que dos talentos naturais de que se dispõe. É a atuação em conjunto do uso de bom senso, de uma impetuosa dedicação e de uma perseverante constância que faz toda a diferença para obtê-lo mais rapidamente.

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em 20 de fevereiro de 2023

Texto excelente! Ótima escrita e conselhos fundamentais para quem deseja entrar nos vestibulares mais concorridos.

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