Contributos da Semiótica/Filosofia da Arquitetura
em 13 de Maio de 2021
Por algum tempo, estivemos dedicados a definir as coisas que observamos no mundo físico. Em seguida, interessou-nos também o que era metafísico, e demos nome às ideias e aos pensamentos. Agora, já não nos interessa apenas o nome, mas também o significado das coisas.
Quando tratamos de significado, não é suficiente falarmos que uma casa significa abrigo; nesse sentido, apenas atrelamos mais um nome à coisa. O significado vai além desse âmbito nominal e trata das relações que o nome cria com a coisa, que nós criamos com a coisa, e que a coisa cria com o mundo. Esse pensamento serve à complexidade.
Na complexidade, impera o pensamento nas relações entre as coisas. Trata-se de uma espécie de "metapensamento" que atrela tudo que seja real (físico ou metafísico) a si (primeiridade), a outro (secundidade) e ao contexto (terceiridade). Como sabemos, essas três categorias são indissociáveis: apenas consigo perceber o outro a partir de nossas individualidades num dado contexto. Assim, o que interessa ao pensamento contemporâneo são as relações entre essas categorias.
Essa noção de "1", "2", "3" pegamos emprestado de Charles Sanders Peirce, e parece aplicar-se a muitas coisas. Inclusivamente, parece ser aplicável às relações interpessoais. Afinal, eu também devo estabelecer uma relação comigo, com os outros e com o contexto. Ao menos, deseja-se que seja assim, e que sejam boas relações.
O foco nas relações entre as coisas e entre as pessoas nos permite superar questões supérfluas ou rasas, pelas quais se comparam características físicas como se fossem definidoras de significado. Torna-se possível, até mesmo, superar preconceitos, para que se olhe a essência de cada troca, de cada experiência, de cada fenômeno.
Na ciência, na filosofia, ou no cotidiano, estamos numa era em que a complexidade exige de nós uma atenção à maneira como as coisas e as pessoas estão relacionadas. Além disso, urge a consciência de que essas relações dependem de um contexto comum, de um senso de coletividade. Que a era das relações nos ajude a criar e sustentar a consciência coletiva, a saúde mental e a vida do planeta.