ISTs no Carnaval: saiba como prevenir
em 19 de Fevereiro de 2023
O MDMA é o princípio ativo da substância conhecida popularmente com ecstasy, que é uma substância psicoativa frequentemente utilizada para fins recreativos, que se tem mostrado promissor no tratamento de alguns distúrbios psiquiátricos, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e depressão.
O MDMA é uma substância com efeito energizante, que favorece o aumento das sensações e dos sentimentos, da empatia e da autoconsciência. A substância é classificada como estimulante e empatógeno.
No caso do TEPT não existe um medicamento específico para o seu tratamento. Frequentemente são utilizados antidepressivos e, mais raramente, medicamentos ansiolíticos, auxiliados por uma psicoterapia com métodos voltados para o transtorno. Entretanto, por não haver tratamento específico, nem sempre o resultado é como o esperado e por conta dessa oscilação com relação a efetividade, apresenta alto índice de abandono no tratamento.
Apesar de ser ilegal, principalmente pelo grande risco de desenvolver dependência, atualmente existem algumas pesquisas que estudam o MDMA como uma possibilidade de auxiliar pacientes com TEPT. Por se tratar do uso de uma substância com alto potencial de desenvolver dependência, a administração deve ser feita em um ambiente controlado e com acompanhamento interdisciplinar.
O TEPT é caracterizado por memória involuntárias e intrusivas do evento traumático, comportamento evitativo, alterações na cognição e no humor, bem como alterações na cognição e no humor, bem como alterações na vigília. É um transtorno em que os indivíduos desenvolvem após a exposição a um evento traumático que tenha ameaçado a sua vida e/ ou o seu bem estar, ou ao de pessoas significativas para o indivíduo.
Este transtorno está ligado a emoções e memórias, fazendo com que o indivíduo sinta como se estivesse revivendo o seu trauma, tendo os seus níveis de ansiedade elevados. Normalmente as crises são desencadeadas por gatilhos que podem variar de um cheiro característico, um gesto, um barulho, entre outros.
O foco do tratamento é trabalhar os sentimentos e as memórias, a fim de evitar que as lembranças tenham consequências emocionais intensas. Sendo assim, o MDMA funciona aumentando a liberação de determinados neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina e norepinefrina, assim como a liberação de alguns hormônios como a ocitocina, prolactina, cortisol e vasopressina. A liberação desses neurotransmissores e hormônios levam aos seguintes efeitos psicoativos: aumento da empatia, aumento da autoconsciência, prazer sensorial, aumento na energia, diminuição da ansiedade, diminuição do sentimento de medo e da necessidade de defesa, aumento da confiança interpessoal, habilidade de se abrir para expressar suas emoções e alterações na percepção de tempo e espaço.
O MDMA não combate diretamente os sintomas do TEPT, mas auxilia o paciente a se abrir para falar sobre seus sentimentos, permitindo uma maior abertura para que seja trabalhando os eventos traumáticos, bem como as consequências emocionais.
Devido ao fato de que a substancia é ilegal, existem poucas pesquisas a cerca do tema, portanto, não pode afirmar que o MDMA é eficaz como forma de tratamento. Contudo, o MDMA é uma alternativa promissora para o tratamento.
Os efeitos do MDMA podem durar até 8 horas, mas seu pico de ação é de 1hora e meia à 2 horas após a administração da substância, neste intervalo de tempo que o paciente será encorajado a revisitar as memórias traumáticas e dolorosas.
É administrado durante as sessões de terapia nas quais os efeitos da substância servem como ajudantes. A sessão de terapia assistida por MDMA, pode durar várias horas. Leva cerca de 45 minutos para a substância começar a fazer efeito, sendo que o processo terapêutico só inicia quando a substância começa a fazer efeito.
O processo de terapia é feito com e sem o uso da substância, a fim de trabalhar o que foi descoberto durante as sessões com a substância, possibilitando uma melhor integração das descobertas e percepções alcançadas na terapia.
O MDMA é uma substância que pode causar aumento na pressão sanguínea e na frequência cardíaca, por conta disso é contraindicado para pessoas com: hipertensão, alto risco de infarto, alto risco de derrames e arritmia cardíaca.
O tratamento com o MDMA ainda está em testes nos Estados Unidos e não existe uma previsão para quando estará disponível, ou se algum dia será considerado como uma alternativa de tratamento. Visto que, existe um alto risco de abuso da substância e para a sua administração há a necessidade de um ambiente controlado, assim como a necessidade de longas sessões de terapia e o longo período de tratamento, podemos deduzir que este tipo de tratamento será considerado como última alternativa, quando as terapias convencionais não surtirem mais efeitos.