O que caracteriza um bom professor particular?
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Por: Luisa M.
17 de Novembro de 2017

O que caracteriza um bom professor particular?

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A questão da aprendizagem, bem como a relação entre os envolvidos nesse processo, envolve um conjunto de fatores que serão abordados a seguir:

  1. - O professor, o papel que desempenha e características pessoais;
  2. - O relacionamento entre professor e aluno;
  3. - O desenrolar da aula;
  4. - Os procedimentos que ocorrem no pós-aula;
  5. - O ambiente e a influência que ele exerce ao longo da aula;
  6. - A interação que deve existir, muitas vezes, com os pais dos alunos. 

O professor

Quando alguém se propõe a ser um professor particular, alguns atributos devem ser levados em consideração. Primeiramente, a pessoa deve apresentar um conhecimento amplo a respeito daquilo que deseja lecionar, para que ela tenha segurança e facilidade na hora de ensinar.

Nesse sentido, a utilização de materiais de apoio é interessante tanto para o professor quanto para o aluno. O educador pode se atualizar com informações de livros, enciclopédias e da internet, assim como revisar alguns conteúdos sempre que necessário. Como mencionado mais à frente, é importante estar em constante crescimento na área de interesse. Além disso, desenvolver os próprios materiais de apoio e o método que serão utilizados nas aulas confere originalidade na didática e no trabalho de quem ensina.

A afinidade pela matéria que se quer ensinar é outro ponto importante, visto que todo o processo da aula se torna prazeroso e cheio de momentos bons, pois o esforço investido vale a pena. Caso contrário, o tempo que se passa com o aluno pode ser percebido, por exemplo, como tedioso, já que não existe motivação para o professor estar ali.

Aliada ao gosto pela matéria se encontra a facilidade para ensinar. Muitas vezes, o indivíduo domina e gosta de determinado conteúdo, mas lhe falta habilidade para passá-lo a outras pessoas. Sem didática e método adequados, o ensino se torna complicado. Quando os outros critérios – afinidade e conhecimento – existem e só falta a habilidade de ensino, uma boa opção pode ser o aprimoramento dessa característica a partir das dificuldades pessoais. Um exemplo é quando o problema está na paciência em lidar com os erros alheios. Nesse caso, uma sugestão é o exercício dessa característica com várias pessoas ao longo de um período de tempo.

O uso de outros conhecimentos, além daquele que se pretende ensinar, também é importante, já que lecionar envolve conceitos de atenção, memória, relação interpessoal e ambientação, que serão trabalhados no decorrer do texto. Ademais, pedir dicas e informações a pessoas que já fazem parte da área contribui para uma melhor preparação.

Além disso, um fator preponderante nesse contexto é a facilidade de socialização, ou seja, a capacidade de se ter boas relações com pessoas. No geral, lidar com outra pessoa exige habilidade, respeito, empatia, paciência, educação, entre vários outros valores. No caso da relação entre professor e aluno, a atenção a esses elementos é crucial para uma boa convivência. 

“Cada ser humano é um universo”

Essa frase, conhecida popularmente e adaptada por várias pessoas, diz muito sobre a relação entre professor e aluno. Principalmente nos primeiros contatos, é necessário cuidado com a pessoa com quem se está lidando. Não se sabe como acontece o processo de aprendizagem do aluno, qual o nível de dificuldade que ele apresenta, como ele se comunica e quais as principais características de sua personalidade. Por isso, é importante que o início da relação aconteça com muita cautela, acolhimento e observação.

Os meios eletrônicos também estão cada vez mais presentes nas relações entre pessoas, e durante as aulas isso não seria diferente. Cresce, cada vez mais, a necessidade de usá-los, pois eles oferecem rapidez nos diálogos e são formas de se ampliar as aulas para o meio virtual. As principais vantagens da internet são a divulgação do trabalho do professor em redes sociais e em sites especializados na divulgação do trabalho de professores; o contato rápido e quase imediato que é realizado por esses meios; e a expansão das aulas para outras cidades e países do mundo.

No processo de ensino, vale ressaltar a importância da habilidade linguística. Quando o professor apresenta essa característica, um leque ainda maior de opções se abre para ele, e a restrição ao país de origem passa a não existir mais. Além disso, saber se comunicar em libras também é uma alternativa que torna o público do professor ainda maior e mais variado.

Também é fundamental uma constante busca por atualização profissional, já que vários sistemas de avaliação mudam o tempo todo. Por exemplo, faz parte do trabalho do educador conhecer como uma escola avalia determinado conteúdo ou como são as especificações de avaliação de provas como vestibular ou ENEM. Nesse sentido, também cabe a ele saber sobre as mudanças que eventualmente acontecem, já que elas causam alterações na forma de avaliação.

Por fim, uma característica também muito relevante de um bom professor particular é a disponibilidade que ele oferece. É interessante selecionar dias específicos para dar aulas ou deixar horários livres na semana para que os alunos possam escolher como preferem, de acordo com as atividades deles.

A relação com o aluno

Para cada aluno, um método diferente. Como mencionado anteriormente, cada pessoa possui limitações, dificuldades, tipo de comunicação e personalidades diferentes. Então, um método de ensino pode servir perfeitamente para uma pessoa, mas pode apresentar falhas quando aplicado a outra. Isso leva à constante revisão metodológica e à adaptação contínua das formas de ensino a cada aluno novo. No início do processo, é predeterminado com base em critérios definidos pelo professor, mas pode sofrer inúmeras modificações e melhorias a partir das experiências vivenciadas. Como qualquer relação, a de educador e estudante é caracterizada por uma via de mão dupla, em que há aprendizado mútuo.

Como desenvolver um bom método de ensino?

As perguntas elaboradas a seguir podem orientar na criação de um método:

Pense em como gostaria que fosse o desenrolar de sua aula. O que você pretende fazer no início, no meio e no final? Como adequar o tempo de aula de acordo com tudo que você se propõe a fazer? O que você vai levar consigo para ajudar o aluno em questão? Você vai usar alguma base teórica para desenvolvê-lo?

Ao pensar nesses critérios, inicia-se o processo de criação de um método único, baseado naquilo que o professor considera mais adequado.

É interessante que exista a possibilidade de o aluno dar um feedback ou avaliar o professor, para que este saiba quais aspectos de sua personalidade ou de seu método podem ser melhorados para as aulas subsequentes.

Há muitas bases teóricas que podem ser usadas, vindas da Psicologia – como a Psicologia da Aprendizagem, Cognição, Psicologia Infantil –, da Sociologia e da Pedagogia, por exemplo.

Itens que podem ser levados para a aula:

  • - Computador;
  • - Livros específicos;
  • - Instrumentos específicos (como régua ou esquadro, no caso de uma aula de matemática);
  • - Vídeos explicativos;
  • - Brinquedos interativos (no caso de crianças, por exemplo).

Além das limitações e dificuldades, outras características do aluno também devem ser levadas em consideração, tais como preferências e expectativas. Cabe ao professor observar esses elementos para que ele possa desenvolver uma boa relação com o aluno. Ao reparar as limitações e dificuldades, toda a programação da aula se torna única para cada pessoa, e são necessárias atitudes específicas do professor para administrá-las. Por exemplo, se um professor de Redação encontra um aluno que tem muita dificuldade de expressão, exercícios voltados ao desenvolvimento das ideias devem ser realizados com o intuito de melhorar, aos poucos, essa dificuldade. 

Nesse contexto, também é válido lembrar que existem dias melhores que outros. Pode acontecer de um aluno normalmente concentrado nas aulas estar mais distraído em um dia específico. Cabe ao professor lidar com essa situação de forma acolhedora e tentar compreender o que está acontecendo.

A observação da personalidade de cada um também deve ser feita. Os níveis de timidez, de insegurança e de comunicação relativos a cada pessoa devem ser considerados, já que eles influenciam na forma como serão feitos o desenrolar da aula e o diálogo com o aluno. Ademais, a constante comunicação deve estar presente nessa relação, já que é a base para sugestões e avaliações do aluno, além de ser o meio pelo qual se compreende as preferências e expectativas do indivíduo.

Em relação às preferências e expectativas do aluno, uma frase clichê pode ser aplicada, pelo menos em parte: “O cliente tem sempre razão”. Isto é, deve-se priorizar o aluno em relação a uma série de procedimentos, como o local, os dias e os horários de aula, além da forma de pagamento.

O professor, por sua vez, deve administrar a relação com o aluno de forma positiva. Tratar a pessoa de forma respeitosa e demonstrar interesse pelo que ela fala são modos de se vincular ao indivíduo. Além disso, elementos como reforço positivo, feedback e destaque dos pontos fortes (presentes na Psicologia da Análise do Comportamento e das Organizações) são essenciais para que a pessoa apresente um bom desenvolvimento ao longo do tempo, já que ela tende a repetir o comportamento reforçado. Por fim, é importante que o professor demonstre acessibilidade e passe confiança à pessoa, para que ela possa contatá-lo em períodos pós-aula, se necessário, e para que ela perceba que pode confiar no indivíduo que contratou.

A aula

Além das características do professor, do aluno e da relação construída pelos dois, é importante que a aula em si seja proveitosa. Antes de mais nada, o professor deve estar atento à aula marcada, portanto compromisso e pontualidade são imprescindíveis. Em segundo lugar, elaborar a aula de forma que haja dinamismo é importante, pois leva ao interesse do aluno pelo que está sendo ensinado. Levar exercícios e materiais de apoio, além de priorizar a participação do aluno ao longo do processo, pode ser um exemplo de como alcançar esse dinamismo. Outro ponto essencial é ter humildade, o que faz com que o professor se coloque no “mesmo nível” em que o aluno se encontra, já que o objetivo das aulas não é demonstrar que se tem mais conhecimento, e sim acolher as dificuldades e trabalhar com elas para que possam ser melhoradas. Essa característica também se faz necessária quanto aos próprios erros. Pode acontecer de o professor não estudar determinado conteúdo há muito tempo e não se lembrar de detalhes, e, nesse caso, a honestidade é importante.

Por fim, é necessário falar sobre as explicações que são expostas ao longo da aula. Como apontado por Paulo Freire, educador, pedagogo e filósofo brasileiro, a educação brasileira muitas vezes segue o padrão bancário de ensino. Em outras palavras, são despejados conteúdos em cima dos alunos, sem que eles saibam o porquê de estarem aprendendo-os. Em analogia, é de grande importância que, durante as aulas particulares, os motivos dos fenômenos sejam evidenciados, isto é, a pergunta do aluno receba uma resposta diferente de “porque é assim”. Oferecer uma resposta concreta ao aluno faz com que ele perceba a lógica que existe por trás da matéria, o que facilita o processo de aprendizagem.

O período entre aulas

Esse momento é relevante principalmente para o professor, pois é quando ele pode revisar o método aplicado, analisar se é compatível com o aluno, desenvolver técnicas de ensino de acordo com as dificuldades apresentadas, selecionar conhecimentos de outras áreas que podem ser utilizados no processo de ensino e buscar alternativas e soluções para que os erros possam ser melhor trabalhados. O aluno também aproveita esse tempo para revisar o conteúdo, fazer os exercícios propostos e selecionar dúvidas que serão sanadas na aula seguinte.

A análise e revisão do método acontece nessas situações depois da aula. O professor deve decidir se mantém ou altera o método de ensino que utiliza para determinado aluno. Além disso, pode utilizar bases teóricas distintas para compreender a pessoa que ensina e buscar dicas de como conduzir melhor a aula. Esse momento serve também para compreender os erros e dificuldades do aluno e, a partir disso, montar exercícios ou cronograma específicos destinados a ele.

O ambiente

De acordo com inúmeras pesquisas realizadas na área de Psicologia Cognitiva, a interferência e a presença de outras pessoas podem ser elementos de distração em momentos de ensino ou pesquisa. O contexto de ensino requer, entre outros, ensaio dos itens imediatamente aprendidos, e a interferência - sons e movimentos, por exemplo - pode atrasar ou até impedir esse processo. 

Um tipo de som, no entanto, foge à regra apresentada. De acordo com algumas pesquisas, a música clássica está diretamente ligada ao aprendizado, pois interage com alguns processos de aprendizagem, como a memória. Ademais, o conforto do local escolhido também se configura como um item importante do processo de aprendizagem.

Portanto, a escolha de um local que atenda à preferência do aluno, que ofereça conforto e pouca ou nenhuma interferência visual/auditiva pode ser importante para o andamento do processo.

A interação com os pais

Principalmente no caso de pessoas mais novas, o primeiro contato com o professor é feito pelos pais. Assim, é importante que, a cada aula ou após um período de aulas, um feedback seja feito, sempre de maneira equilibrada, de forma que o professor apresente os pontos fortes da pessoa, aspectos que podem ser trabalhados com mais calma e, se necessário, conteúdos trabalhados naquele dia. Dessa maneira, por meio desses relatos, os pais têm a possibilidade de acompanhar o processo e auxiliar em parte do processo.

Em resumo, vários aspectos devem ser investigados quanto às características de um bom professor. Não só as características próprias dele fazem parte dessa análise, mas também todo um conjunto de fatores externos, que precisam de sua intervenção e administração direta para que o processo de aula possa acontecer da melhor forma possível.

Luisa M.
Luisa M.
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