O professor particular como consultor: a arte de saber ouvir
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Por: Peter G.
20 de Outubro de 2017

O professor particular como consultor: a arte de saber ouvir

Administração Geral Recursos Humanos

Dentre as qualidades e aptidões necessárias para ser um professor particular de qualidade, entendi ao longo desses 6 anos de carreira nessa área que é essencial (senão o principal) saber ouvir bem e muito as pessoas e falar somente o necessário (não é a toa que o universo nos deu dois ouvidos e uma boca, não é mesmo?). A arte de saber ouvir conduz ao que o bom professor particular deve fazer: prestar atendimento personalizado com excelência.

Quais são os motivos que levam as pessoas a contratar um professor particular? Bom, existem diversos motivos. Tem aquelas pessoas que por alguma razão não puderam assistir as aulas em sala e, como dizemos popularmente, estão “boiando na matéria” por terem perdido conteúdo; tem aquelas que não tiveram uma base estruturada no ensino fundamental e médio e lamentavelmente encontram dificuldade no desenvolvimento das matérias; tem as pessoas timidas, que têm medo de tirar as dúvidas com seu “professor titular” em sala ou com os colegas e enxergam nos professores particulares uma saída para esclarecer os tópicos da matéria que estudam e que ficaram nublados em suas mentes; existem até mesmo aqueles alunos que apenas conversam conosco sobre qualquer coisa porque não tem ninguém para ouvi-los (sério, já aconteceu isso comigo) e tem também os alunos inseguros, que mesmo sabendo muito da matéria que estudam, nos contratam devido a essa insegurança que sentem.

E como professores particulares, é essencial para nós aprender e buscar conhecimento o tempo todo. E foi em uma das aulas particulares que ministrei que eu tive um insight sobre a importância de ouvir muito mais as pessoas do que falar da matéria em estudo como se fosse um “robozinho”. A história que vou relatar agora é, no mínimo, curiosa: eu já trabalhava com aulas particulares há cerca de um ano na própria faculdade em que eu cursava a graduação e fui indicado para ajudar uma estudante (que vou chamar de “Maria” para não citar o nome real he he) em outro campus da faculdade, do outro lado da cidade. Na época eu tinha menos de um ano atuando como professor particular e lembro que fiquei todo animado, pois se eu estava transpondo os muros do meu próprio campus por indicação de alguém, isso significava que meu trabalho estava no caminho certo.

Chegando o dia da aula em questão, deixei tudo preparado: material didático, ambiente, papel, lápis, borracha e caneta (vermelha, é claro). Maria então, chegou na sala e começamos a estudar. O insight veio quando percebi que ela sabia estatística na época muito mais do que eu, pois enquanto faziamos os exercícios, ela ponderava detalhes da matéria que eu nem mesmo conhecia ou lembrava.

Foi então que comecei a fazer perguntas para a moça (até mesmo porque nunca tinha me deparado com uma aluna tão inteligente!) e perguntando, descobri que ela já tinha quase formado no curso. Ela me contou que já tinha sido aprovada em todas as matérias, inclusive seu TCC já tinha sido defendido e aprovado, mas que faltava apenas a estatística, a tão difícil pedra no sapato da estatística para ela conseguir o tão sonhado diploma do curso de administração. E que ela estava cursando estatística pela terceira vez! Visto que ela tinha sido reprovada duas vezes na matéria. E continuando a indagar, ela me disse que não aguentava mais nem passar pela porta da faculdade; que não aguentava mais ouvir a palavra estatística; que já não sabia mais o que fazer a respeito disso.

Mas por que então uma pessoa tão inteligente enfrentava dificuldade? A resposta é a ansiedade. Ela me contou enquanto conversavamos que tremia de tão nervosa na hora das avaliações (e eu acreditei, ela chegou a tremer fazendo os exercícios na minha frente). Na época, eu meio que não soube o que fazer, pois essa era uma situação nova para mim: a pessoa sabia mais do que eu, mas tinha um problema sério de ansiedade. OK, o que eu faço agora? Então, a saída foi experimentar colocar meu “espírito de psicólogo” em ação. Começei a incentivar a moça; disse que ela era muito inteligente, que sabia de detalhes da matéria muito mais do que eu (o que era verdade absoluta na época) e que bastava respirar fundo, acreditar em si mesma e fazer o que precisava ser feito que daria tudo certo. Não lembro se foram exatamente essas palavras, mas a aula daquele dia acabou tomando outro rumo: passei a ouvi-la mais do que falar. E olha que ela desabafou muito.

Até mesmo os mais fortes às vezes precisam de ajudaAté mesmo os mais fortes às vezes precisam de alguém que os escute

Aula terminada, a garota me agradedeu. E a melhor notícia veio uns dois meses depois: ela entrou em contato comigo me agradecendo, pois tinha sido aprovada em estatística e conseguido o diploma, finalmente. E eu experimentei pela primeira vez a melhor sensação de ser um professor particular: ver que você conseguiu solucionar os problemas das pessoas e receber gratidão por isso!

Esse dia foi bem marcante na minha carreira. Posteriormente, fiz alguns coachings sobre como lidar com pessoas e sempre é citado na maioria desses treinamentos e livros a questão de saber ouvir mais do que falar. E hoje, alguns anos depois, eu continuo ouvindo mais do que falando, seguindo à risca o que meus mestres e a experiência me dizem o que fazer. Eu procuro identificar qual é a dificuldade da pessoa para então, tentar solucionar seus problemas. E é assim que eu descubro os mais diferentes perfis de alunos, desde aqueles que apenas querem tirar dúvidas aos inseguros e os que precisam começar “tudo do zero”, seja por falta de identidade em sala de aula, seja por falta de ter obtido uma boa base nos ensinos fundamental e médio.

Arte de saber ouvir"Interessando-nos pelos outros, conseguimos fazer mais amigos em dois meses do que em dois anos a tentar que eles se interessem por nós" - Dale Carnegie

Penso que isso é o melhor do professor particular: escutar para solucionar os problemas alheios ao invés de ensinar “mais do mesmo” (ainda mais em uma época que é possível obter a informação onde você quiser, não é mesmo?). Conseguir a resposta para o conteúdo de disciplinas é muito fácil: a internet está lotada de informação. Mas ouvir, entender e direcionar a solução para o que a pessoa precisa é pra poucos. Às vezes, o que falta pra elas é apenas um pequeno ajuste para que tudo passe a funcionar, mas só conseguiremos descobrir qual é esse problema escutando. Acredito que o bom professor particular atua mais como consultor: escutando, identificando o problema e apresentando a solução. Além da arte de saber ouvir nos proporcionar excelentes resultados profissionais, conseguimos também com essa arte novos e excelentes relacionamentos e amizades :)

Peter G.
Peter G.
Belo Horizonte / MG
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Graduação: Ciências Contábeis com Ênfase em Controladoria (Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG))
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