Relativamente à outras partes da linguística, a hipótese de Sapir-Whorf é bem conhecida. Talvez pelo seu simples enunciado de que a língua que se fala altera a forma de pensar de seu falante. Porém, em se tratar de uma hipótese teórica, tal enunciado é vago. E, assim sendo, um tratamento mais formal é preciso.
Embora tenha sido a hipótese nomeada após Edward Sapir e Benjamin Whorf, a ideia fora há muito discussão entre linguistas como Wilhelm Von Humboldt e filósofos como Nietzsche.
Por partido de Worf, a hipótese - por ele chamada de Princípio da Relatividade Linguística - trás aspectos mais profundos para análise. Primeiramente, duas possibilidades são apresentadas à sua definição. A primeira, determinista: enuncia que a linguagem determina o pensamento. A segunda, relativista: diz que a linguagem apenas o afeta. Mas embora a determinista seja uma versão mais forte que a segunda, não há evidências experimentais com equivalente força para preferi-la .
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Em sua obra conjunta com o filósofo Alfred Whitehead, "Principia Mathematica"; o lógico Bertrand Russell discorre sobre a motivação de postular uma teoria: "A auto-evidência nunca é mais do que uma parte da razão para aceitar um axioma, e nunca é indispensável. A razão para aceitar um axioma, como para aceitar qualquer outra proposição, é sempre de caráter indutivo, ou seja, que muitas proposições quase indubitáveis podem ser deduzidas a partir dela, e que não se sabe de maneira igualmente plausível por que essas proposições poderiam ser verdadeiras se o Axioma fosse falso, e nada que seja provavelmente falso pode ser deduzido dele."(Whitehead & Russel, 1963) Entende-se, aqui, axioma como um princípio de uma teoria. Engenheiro Químico formado pelo MIT, Whorf mostra em seu trabalho um caráter lógico comum ao da asserção acima. Aliás, é notável seu apreço pelo o que pode ou não ser derivado de seu princípio.(Whorf, 1971) Assim sendo, Whorf prefere a necessidade à suficiência, refinando os princípios e deduzindo a Teoria Complexa de Whorf.(Lee, 1996)
Tal teoria estabelece que as estruturas conceituais e perceptivas são ambas afetadas pela linguagem. É comum que em análise sensorial, somente pessoas treinadas e acostumadas consigam perceber certas características físicas de um produto. E é somente treinando essas habilidades que se pode apurá-las. Mas compreendê-las, processá-las é possível somente através da linguagem. Isso dá abertura a estudos mais modernos que garantem a existência de versões do Relativismo Linguístico.
Em um artigo de 2011, o físico Leonid Perlovsky discorre sobre a versão emocional da hipótese de Sapir-Worf. Mas além disso, organiza a hipótese de forma a mostrar um funcionamento mais geral da linguagem. Ele afirma que a língua falada afeta não somente a forma de pensar, mas também a emoção de seu falante. A ideia de que, para a língua, o emocional é conjugado inversamente do seu nível lógico, ("A reduzida emoção na fala é necessária para a evolução da língua, mas se muito reduzida, a língua se torna "irrelevante à vida", desconectada dos sentidos sensoriais") abre caminho para a sugestão do autor: conceitos estão para a semântica e morfologia enquanto o fator emocional da língua está para a sintaxe. Então, em algum sentido, por consequência, a semântica é conjugada inversa da sintaxe, logo, não sendo diretas umas às outras, suas implicações na mente humana devem ser distintas.
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Ademais, Perlovsky relaciona a linguagem com a língua de forma a colocar em evidência a cultura do falante. Toda ciência permite a previsão de dados experimentáveis, porém com a utilização de modelos matemáticos, a previsão se torna muito mais apurada e precisa. Perlovsky dispõe-se disso para prever três configurações principais de sociedades: conceitual, tradicional-emocional, multi-cultural. A primeira, típica de culturas pragmáticas apresenta uma baixa emocionalidade com resultado de uma rápida desenvolvimento, porém ao preço de crises internas, e incertezas sobre valores. A segunda, com um balanço entre razão e emoção, trás estabilidade, porém ao preço de um desenvolvimento estagnado. E a última que aparentemente se mostra mais eficiente, pois combina diversas culturas e o resultado é somente os lados positivos das outras duas. Isso, devido ao fato de que os conceitos (semântica e morfologia) são transferíveis de uma cultura para a outra, mas a emocionalidade (sintaxe) em grande parte não o é.
Tomemos como hipótese tudo até então. Especificando o indivíduo de uma cultura dialogando consigo mesmo, notória é a falta de estrutura sintática para uma conversa desse tipo. Chamemos-a de diálogo interno. Imperativo, vocativo e outras estruturas não existem para primeira pessoa. A desviar desse problema, criamos diálogos internos em segunda pessoa, onde somos obrigados a nos externalizar para podermos usar tais estruturas. Embora funcione semanticamente (sem danos aos conceitos), não nos percebemos sintaticamente e, talvez, emocionalmente como nós mesmos. E como em um diálogo interno, o conceito é o objetivo, sendo ele satisfeito, estamos satisfeitos. Porém, talvez não percebemos o potencial equívoco que sentimos ao sermos nós mesmos.