Uma Vida Aprendendo a Ensinar

Letras

Uma menina de vestido branco, aos cinco ou seis anos de idade, escrevia “A – E – I – O – U” na lousinha e ensinava o primeiro aluno: seu pai. Assim eu comecei. Após 33 anos lecionando, penso no que ele me contou há doze anos, dias antes de partir desta vida...

Eu sempre soube a razão de estar aqui. Tanto que, apesar das várias dificuldades enfrentadas, começaria tudo outra vez! O relacionamento com minha carreira é o oposto da maioria dos casamentos antigos: quanto mais o tempo passa, mais eu me apaixono e me encanto!

Sim, quando eu disse que estudaria Letras, ouvi frases como: “você quer passar a vida ganhando pouco?”, ou então: “é uma profissão sacrificada e tão desvalorizada!” Entretanto, nunca me arrependi. Aprendo mais a cada dia e me enriqueço na interação com as pessoas. A questão é: eu gosto de gente! Isso está estampado no meu rosto!

Quanto mais você aprende, melhor ensina. É como disse Guimarães Rosa: “professor não é quem sempre ensina, mas quem, de repente, aprende.” E eu posso comprovar essas sábias palavras sempre que piso numa sala de aula, ou preparo atividades para envolver meus alunos na magia do conhecimento e da motivação.

Conversamos, rimos, sabemos um pouco mais uns dos outros. O tempo voa, nós nos divertimos e saímos mais ricos, refletindo sobre a arte de viver... Um laço de amizade, respeito e de afeto. Não consigo imaginar uma convivência mais gratificante para ambas as partes.

É por isso que eu vou ficando... Sei que um dia devo me aposentar, mas não tenho ideia de como deixar momentos tão humanos e especiais. Enquanto tiver a mente funcionando direitinho, vou colhendo as flores em forma de carinho e reconhecimento, que dinheiro nenhum deste mundo é capaz de pagar!