Gestão democrática pode ser entendida como espaço de participação, de descentralização do poder e de exercício de cidadania. Esta sugere a efetivação de novos processos de organização e gestão, baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de decisão. Por essa ótica, Gracinho (2007, p. 34) afirma:
A gestão democrática pode ser considerada como meio pelo qual todos os segmentos que compõem o processo educativo participam da definição dos rumos que a escola deve imprimir à educação de maneira a efetivar essas decisões num processo contínuo de avaliação de suas ações.
Nessa perspectiva, a democratização da gestão escolar implica a superação dos processos centralizados de decisão e a vivência da gestão colegiada, na qual as decisões nasçam das discussões coletivas, envolvendo todos os segmentos da escola num processo pedagógico. Nesse sentido, Lück (2006, p. 35) destaca que:
Uma forma de conceituar gestão é vê-la como um processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos objetivos educacionais.
Ou seja, a democracia na escola é o principal caminho para se atingir uma educação pública de qualidade.
Segundo Bastos (1999, p. 15),
A gestão democrática da escola pública deve ser incluída no rol de práticas sociais que podem contribuir para a consciência democrática e a participação popular no interior da escola.
É preciso que haja um entendimento da importância de todos os segmentos escolares e de seu papel como sujeitos políticos e sociais. Sendo assim, faz-se necessário um novo repensar sobre gestão. Através desse estudo, temos como ponto de vista uma gestão que preze pela democracia e sobretudo pela participação, tornando possível que todos os sujeitos participem do âmbito escolar. Dessa maneira, retratamos a gestão democrática como algo que assume um papel indispensável na construção da efetivação de uma educação de qualidade.
A partir das considerações de Veiga, 2003, bem como minhas experiências pedagógicas em três Estados, MT, MS e SP, nos últimos 12 anos, a gestão democrática pode ser uma ferramenta eficiente na condução e aprimoramento do processo de Ensino Aprendizagem. Nesses Estados, a descentralização do modus operandi só foi alcançada, em partes, pela relação diálogica entre gestão e as instâncias deliberativas (grêmios, conselhos de escolas e APMs), ainda assim com certas limitações. Não se trata de uma dependência limitadora e burocrática na consulta das instâncias deliberativas, mas de um diálogo constante sobre a missão da instituição escolar. A partir dessa relação dialógica, a melhoria no sistema de aprendizagem pode ser aferida a partir do desempenho escolar e no movimento criador de sentido. Para os educandos, criar sentido no que se aprende, nada mais é do que entender e transformar a sua realidade, principalmente pensando na comunidade escolar. Por isso, a gestão democrática é uma ferramenta tão poderosa no processo de gerenciamento dos recursos e no desenvolvimento de políticas públicas para a educação no Brasil.