Qual concepção de Freud sobre a educação escolar ?
Para Freud era como um legado, a educação deveria ser passada de geração a geração, de pai para filho como uma herança. A educação se desenvolvia pelos laços humanos, sendo adquirido pelo o que expressamos para o outro. Sendo assim a relação Aluno-professor de extrema importância, tendo o conhecimento relacionado diretamente a essa relação.
Em poucas palavras, se o Aluno tem um bom relacionamento com o professor ele conseguirá aprender e se desenvolver.
Freud acreditava que a educação escolar deveria ser orientada de acordo com as necessidades da criança, levando em consideração sua idade e estágio de desenvolvimento. Ele via a educação como um processo contínuo que ocorre ao longo da vida e que não deve ser limitado apenas à escola, mas também deve ocorrer em casa e na sociedade em geral.
Além disso, Freud acreditava que a educação escolar deveria se concentrar na formação da personalidade da criança e em ajudá-la a desenvolver sua autoestima e autoconfiança. Ele defendia que a educação deveria ser voltada para a criação de um ambiente emocionalmente seguro e saudável, onde a criança pudesse expressar livremente seus pensamentos e sentimentos, sem ser julgada ou reprimida.
No entanto, é importante notar que Freud não elaborou uma teoria completa sobre a educação escolar, e suas ideias sobre esse assunto são principalmente derivadas de seus estudos sobre a psicanálise e o desenvolvimento infantil.
Freud é motivado a considerar o ser humano e suas vivências a partir das 3 instâncias criadas por ele: id, Ego e Superego. A partir disso, e da grande influência do inconsciente no processo de desenvolvimento do sujeito, a educação acontece como o reflexo de vivências e atitudes que ocorrem considerando transferências realizadas acerca da forma como ele considera o seu relacionar a partir da sua interação com o professor. Para ele o conhecimento é passado através das gerações, significado e ressignificado a partir das experiências infantis já passadas com os pais, e na sua experiência de acolhimento. Esta experiência com o sujeito em interação, é muito mais significativa do que o repasse e aprendizagem do conteúdo em si.
Freud não publicou nada relacionado ao tema da aprendizagem; suas preocupações
estavam voltadas aos problemas clínicos e não a questões especificadamente de educação. Seu
principal objetivo era o de tratar as neuroses que afetavam as pessoas, mas após muitos
trabalhos descobriu que podia apenas amenizá-las, livrando o indivíduo dos sintomas. Anna
Freud tentou mostrar aos educadores uma concepção de como Freud tratava o
desenvolvimento da criança e por isso focou o viés da aprendizagem, ou seja, o que possibilita
o aprendizado de uma criança. O que faz com que alguém seja um desejador do saber? Por
que uma criança questiona tanto, ou seja, o que ela deseja em sua busca?
Freud investiga o surgimento das preocupações que a criança possui. Para ele há um
momento de determinação na vida dos homens: é o momento da descoberta da diferença
sexual anatômica. A partir disto, as crianças descobrem que meninos são providos de pênis e
as meninas não o são. Isto não quer dizer que os meninos e as meninas nunca observaram que
eram diferentes, pois ambos já teriam tido a oportunidade de fazer esta constatação. Os
meninos poderiam ter imaginado até então que um dia o pênis cresceria também nas meninas.
A descoberta concerne na interpretação de que alguma coisa falta. Ela provoca uma certa
angústia que é ligada a uma nova compreensão da perda. A nova interpretação do fato é que
angustia. Freud a definiu como “angústia da castração”. Novas descobertas angustiam até os
adultos, além de poder frustrá-los, o que faz com que tenham de carregar este peso por toda a
vida – e talvez a forma de conviver com uma descoberta frustrante é sublimá-la, e a criança
não é diferente neste ponto.
Mais tarde, Freud buscou determinantes estruturais que explicassem a passagem das
crianças pela “angústia da castração”. Isto o ajudou na construção de sua teoria, no
desenvolvimento do complexo de Édipo. Para que a menina se defina como mulher e o
menino como homem, os dois devem passar pelo complexo de Édipo; esta definição ocorre
graças aos referenciais tirados dos laços com o pai e a mãe. Como já foi dito, a angústia vem
de uma nova descoberta, uma nova interpretação de que há diferenças. O querer saber é
causado pela angústia; e para que a criança não se angustie tanto, ela acaba por utilizar
instrumentos de “investigações sexuais infantis” - não diretamente sexuais. As crianças
descobrem que fisiologicamente homens e mulheres são diferentes. Segundo M.C. Kupfer,
num relato de Melanie Klein, um menino poderia vir a pensar que homens e mulheres pensam
diferente pois os primeiros possuem pênis.
De acordo com Freud, as primeiras investigações são sexuais e servem para situar a
criança no mundo, colocá-la em seu lugar: um lugar sexual. As indagações das crianças estão
ligadas a relações que elas possuem com os pais. Conforme Kupfer, “o lugar de onde viemos
equivale a ‘qual é a minha origem em ralação ao desejo de vocês?; por que me puseram no
mundo, para atender a quais expectativas e esperando que eu me torne o quê?’ (para onde
vamos?). De novo o Édipo está presente” (Kupfer, M. C. 1998)