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Poema: declara-se temendo perder por ousado

Anjo no nome, Angélica na cara, Isso é ser flor, e Anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, se não em vós se uniformara? Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus, o não idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. 1- Trata-se de um texto conceptista ou cultista? Explique. 2- Qual a estrutura formal desse poema de Gregório de Matos? 3- O que a estrutura do texto permitiu a Gregório? 4- Analisar o conteúdo do poema. 5- Retire as figuras de linguagem e/ou argumentos no texto.
Professora Elaine M.
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1. É um texto cultista. O autor compara a beleza de sua amada à natureza e desenvolve o poema por meio de jogos de palavras e imagens ( Angélica/ anjo, flor/florente) 2. O texto é um soneto., composto por 2 quartetos e dois tercetos. Os quartetos têm rimas entrelaçadas e os tercetos rimas alternadas. 3. A peculiaridade mais importante do poema justifica-se ao incidir na forma em que está estruturado, empregando apenas algumas figuras de estilo, o eu-lirico faz essa disposição de maneira a estabelecer a gradação crescente. A anadiplose é o recurso estilístico que estabelece a gradação do poema, pois percebemos a repetição dos últimos termos de cada verso, no inicio do próximo até o 8º verso, deixando de se repetir no 9º, retrocedendo até o 13º, e não se repercutindo no 14º. Até o 8º verso, o eu-lirico faz uma descrição dos pecados pelos quais está arrependido e a cada repetição de termos estabelece certa sinuosidade temporal, um pecado sendo agravado pelo outro numa imensa rede de culpas tecida ao longo de sua vida. 4. Como característica do texto barroco, temos um exagero expressivo e uma tensão entre elementos opostos. O autor transforma a mulher em uma figura ambígua: de um lado, é uma representação divina (a figura do Anjo), e inspira o amor espiritual e a devoção; de outro lado, encarna a beleza física (a figura da Flor), e atiça o desejo carnal do homem. 5. São três as figuras de linguagem encontradas: hipérbatos, metáforas e antítese. Angélica é um termo que faz referência a um arbusto aromático da Europa e também, assim como Ângela são derivações de anjo, porém o eu-lirico faz uso do hipérbato ao fazer correspondência de maneira inversa aos adjetivos, e a colocação da pontuação (:) depois da explicação, veja como ficaria a inversão: 2º Isso é ser flor e anjo juntamente: 3º Ser anjo Angélica e flor florente, 4º Em quem se uniformara, senão em vós: 1º Angélica no nome, Anjo na cara! No 5º verso o pronome “a” que se refere à flor está assim colocado: ‘que a não cortara”, quando gramaticamente correto seria: “que não a cortara”. No 7º verso o verbo “vira” foi deslocado para depois de seu predicado: “e quem um anjo vira tão luzente”, expressando de maneira clara ficaria: “e quem vira um anjo tão luzente”. No 8º o predicado “por seu Deus” foi atraído para frente: “que não o idolatrara por seu Deus”. Toda 3ª estrofe deverá ser remontada para seguir padrões sintáticos, vejamos: “Se fôreis como anjo de meus altares, livrara eu de diabólicos azares, pois, sois o meu Custódio, e a minha guarda”. Nesta mesma estrofe percebemos o uso de palavras diferentes para o mesmo significado: anjo, custódio, minha guarda. A metáfora está presente na 1ª estrofe: “Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e anjo juntamente: Ser Angélica flor e Anjo florente, Em quem, senão em vós, se uniformara: Significando, portanto, a mulher divinizada em forma de flor e de anjo, num jogo tendencioso, o eu-lirico compõe luz e cor como sinônimo de beleza à D. Ângela. Completando o quadro na segunda estrofe com a juventude: “Do verde pé...”, pois, se verde, expõe a qualidade de não amadurecido, portanto, jovem. E assim o sujeito-lirico compõe a temática do poema: a mulher realmente bela seria, portanto, branca (luzente), corada (flor) e jovem (verde), evocando a beleza de forma colorida e perfeita. A construção do poema realçando o valor da beleza da mulher branca simboliza as dificuldades enfrentadas no período colonial, no qual o Brasil visto como uma colônia produtora contava com mão de obra escrava e, portanto, a maioria das mulheres eram negras, para uma minoria branca, e quando alguma senhora da corte portuguesa dava seus ares ao Brasil, despertava nos homens que aqui estavam devaneios de um mundo europeu, da qual não pertenciam mais, entretanto remexiam-se em vontades e saudades, delegando às artes seus fetiches secretos ou não. Na 2ª estrofe, percebemos outra metáfora “Quem vira uma tal flor que a não cortara,”no sentido de: toma-la para si, apoderar-se.

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