Microafinadores, fixos no violoncelo: sim ou não?
Por: Ubaldo J.
30 de Março de 2020

Microafinadores, fixos no violoncelo: sim ou não?

O porquê, para que, necessidade e qual o melhor local

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Microafinadores (em inglês: “fine tuner”) ou fixos (nome totalmente impróprio, por sinal) é a denominação da peça metálica colocada no  estandarte de madeira dos instrumentos de cordas friccionadas ou inserida ao próprio estandarte de metal que deve ter a função de ajudar na afinação  das cordas do instrumento. Seu surgimento se deve ao fato da dificuldade de afinarmos as cordas somente com o uso das cravelhas de madeira que rodam dentro de orifícios com paredes também de madeira, isto, portanto, causando atrito muitas vezes superior ao desejado. Com esta dificuldade, um segundo local de ajuste da afinação foi criado com o uso dos "micros".

Para afinarmos um instrumento de cordas friccionadas pelo arco, isto é,  violino ou viola orquestral ou violoncelo ou contrabaixo acústico, precisamos estender suas cordas até conseguirmos alcançar a relação exata entre calibre ou espessura da corda e tensão: ao ser atingido este ponto, se acionarmos a corda, esta emitirá a altura da nota para qual foi  construída.

 O instrumento é feito de madeira em todas as suas partes: nenhum metal é  incorporado em nenhum momento: estandarte de madeira (peça em forma de "V"  na frente do instrumento) e cravelha de madeira ("orelhas negras" na parte  superior). No início mesmo as cordas eram de tripa de carneiro. Hoje, as  melhores cordas são de perlon (liga de plástico) revestida de metal para  lhe dar maior durabilidade e devido ao desenvolvimento tecnológico das  ligas metálicas, até mesmo, qualidade sonora se consegue como resposta em nível maior.
Especificamente, na família do violino, a corda é presa no instrumento em  dois pontos: no estandarte e na cravelha --- esta última ao ser  rotacionada no sentido para fora do instrumento faz a corda se estender e  se tencionar sobre o cavalete. No contrabaixo, que não faz parte da família do violino, mas sim, da família da viola da gamba, usam-se tarraxas.

Nos primórdios da construção do violino somente a cravelha tinha a função de afinar a corda. Esta deve ser tão bem ajustada e adaptada à caixa de cravelhas, ou cravelhal, que permita ao instrumentista a perfeita afinação das 4 cordas nas devidas alturas na escala musical. Portanto o correto é não haver nenhum microafinador  no instrumento.

Então, o certo é não haver nenhuma peça de metal no instrumento como os  melhores construtores fizeram. Mesmo o estandarte que é preso ao botão (violino ou viola) ou ao espigão (violoncelo), pelo rabicho, este não deve ser de metal. Neste período inicial, cordas velhas de tripa eram usadas para tal função. Com a modernidade, para os padrões de hoje, se usa uma mistura de plásticos que são neutros no sentido de distorcer o som.

A introdução de qualquer peça metálica fará que o som do instrumento se altere: o metal tenderá a trazer ao instrumento um timbre mais "metálico", mais agressivo, mais "ardido", menos doce.

Acresce-se ainda o fato que a presença do microafinador diminui o tamanho da corda e em proporção idêntica será diminuído o volume que a mesma produz.

 

>>>>>>>>>>>> Defesa da proposta:


Minha proposta em relação ao violoncello é que adotemos apenas 2  microafinadores nas 2 cordas mais graves do instrumento, contrariando a tendência em vigor dos 2 micros nas cordas mais agudas.

Vejamos as razões de minha alternativa. A maioria dos instrumentos tem problemas nas cordas agudas devido à facilidade destas de soarem e destoarem conseqüentemente do restante do conjunto do instrumento. As mesmas pelas suas próprias características de altura superam as graves que devido à oscilação maior (freqüências baixas) tem penetração menor e volume menor conseqüentemente. Se colocarmos peças de metal em contato com essa corda, essa discrepância será acentuada (metalização do som), portanto não os usaremos aqui: a corda será ligada diretamente ao estandarte de madeira.

O que é criticado é a dificuldade da afinação somente na cravelha. Como a relação cravelha e cravelhal é feita com o material madeira, este, mais cedo ou mais tarde (de um a três meses), acaba se adaptando e se tornando bem  mais preciso do que se possa supor. Se a relação fosse feita em material de ferro, realmente seria ruim a adaptação no primeiro dia como no dia do "final dos tempos".
A destacar que as cordas agudas, portanto finas pelas próprias características físicas de sua construção, aceitam bem pequenos ajustes mesmo quando só reguladas na cravelha. Pequenas rotações causam também pequenas variações na altura da afinação da corda. Isso traz vantagens no encontro do ponto certo da afinação da corda.

Ainda reforça o fato que é cômodo afinar as cravelhas LÁ e RÉ do violoncello, pois o instrumento tem total apoio no corpo do instrumentista para rotacioná-las a bel prazer e o quanto for necessário.

Esta "comodidade" já não ocorre em relação às cravelhas SOL e DÓ. Novamente, pelas próprias características físicas de sua construção, as cordas graves são grossas, e pequenas rotações causam também grandes variações na altura da afinação da corda trazendo desvantagens no encontro do ponto certo da afinação da corda. Portanto com o uso dos microafinadores se poderá ter um ajuste mais delicado e cuidadoso para a exatidão da afinação dos graves do instrumento.
Acrescentar ainda que o instrumentista não tem apoio algum para afinar o instrumento. Ao se rotacionar a cravelha devemos alem do movimento circular, devemos pressionar a cravelha contra o buraco do cravelhal para que ela não escape e, em última instância, não deixe desenrolar a corda toda.

Ao contrário das cordas agudas, o uso de microafinadores nas cordas graves, trará realce ao brilho dos sons de mais baixa freqüência como das cordas SOL e DÓ.
Espero ter defendido a minha propositura e convencido os incrédulos da minha melhor intenção.

2020-03-30 as 10:19:09

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