Mas afinal, o que é filosofia?

O que é filosofia? A resposta mais comum e automática, muitas vezes dada por professores, é retomar à origem etimológica dessa palavra: philos, em grego, significaria amor, e sophia significaria conhecimento. A filosofia seria, assim uma espécie de amor ao conhecimento. No entanto, essa definição não resolve muitas dúvidas: como um sentimento de amor poderia ser estudado? O trabalho do filósofo seria, então, uma tarefa emocional? Essas questões acabam trazendo ainda mais confusão quando observamos como a palavra filosofia é utilizada no cotidiano: filosofar costuma significar algo como "fazer reflexões profundas e pouco relacionadas à vida concreta" e o termo filosofia de vida pode ser usado para descrever os princípios e valores morais defendidos por um indivíduo ou um grupo.

Tal confusão não existe por acaso. Ao longo da história, muitas formas de pensamento diferentes entre si foram classificadas como filosofia. Contudo, o que se pode extrair de uma variedade tão grande de definições é a sua preocupação em compreender de que forma o ser humano observa, se relaciona e compreende o mundo à sua volta. O pensador francês Louis Althusser compreendia a filosofia como a teoria da prática teórica, ou seja, uma tentativa de racionalizar a própria razão humana, e assim, refletir sobre como nos ligamos ao que nos cerca.

Pode parecer uma discussão muito abstrata, mas se observarmos a evolução da filosofia ao longo da história, perceberemos que ela diz muito sobre a maneira como as pessoas de certas épocas viam a si mesmas e à realidade como um todo. Assim, reflexões filosóficas sobre como observar e conhecer o mundo têm uma correspondência muito importante com a forma pela qual determinadas sociedades se organizavam - como se pode notar na influência que o papel da religião cristã como central na vida social tem sobre o pensamento filosófico medieval europeu, ou como a necessidade de ordem social e estabilidade política após um longo período de guerras se relaciona com a tradição chinesa do confucionismo.

Assim, para a/o estudante que busca conhecer a história da filosofia e os principais pensadores dessa tradição, é importante compreender que esse aprendizado não é só uma leitura abstrata. Trata-se de desvendar, pelo menos em parte, a forma pela qual determinadas sociedades buscavam entender a realidade e, assim, refletir sobre a nossa própria relação com o conhecimento.