A importante luta da Medicina Baseada em Evidências
em 01 de Março de 2023
Caso clínico 1
Paciente: J. A. B. C.
Data de nascimento: 01/02/1989
Sexo: Masculino
Tabela 1: Exame TSH realizado pelo paciente J. A. B. C.
Método |
Material |
Resultado |
Valor de referência |
ELISA |
Soro |
12,4 µUI/mL |
0,27 a 4,2 µUI/mL |
Fonte: LABOR, 2014
Com base no resultado do exame de TSH o paciente apresenta hipotireoidismo, em que há predomínio no aumento nos níveis séricos do hormônio.
O TSH (hormônio de estimulação da tireóide) é um hormônio pertencente à família dos hormônios glicoproteicos, que inclui o hormônio luteinizante (LH), o folículo estimulante (FSH) e a gonadotrofina coriônica humana (HCG). Ele compartilha com essa família a mesma sub-unidade alfa, tendo uma sub-unidade beta específica (SPENCER et al, 1990).
Os hormônios da tireoide são reguladores chave do metabolismo e do desenvolvimento e são conhecidos por seus efeitos pleiotrópicos em diferentes órgãos. A glândula tireoide sintetiza e libera triiodotironina (T3 ) e tiroxina (T4 ), que representam os únicos hormônios compostos de iodo nos vertebrados. O T4 é o principal produto da secreção tireoidiana e a deiodinação em tecidos periféricos produz o T3, que é o hormônio biologicamente ativo. T3 e T4 estão ligados à tireoglobulina, que promove uma matriz para a síntese e um veículo para seu subsequente estoque na tireoide (BRABANT et al, 1990).
A produção dos hormônios tireoidianos é controlada pelo TSH sintetizado pela parte anterior da glândula hipófise em resposta ao hormônio liberador da tireotrofina (TRH), secretado pelo hipotálamo. T3 e T4 livres ou não ligados à proteína fazem um feedback negativo na síntese e liberação de TSH e TRH, mantendo assim os níveis circulantes de hormônios tireoidianos dentro dos valores normais (HERSHMAN et al, 1993).
As ações dos hormônios tireoidianos são iniciadas com a interação dos receptores tireoidianos (RT), que pertencem a uma grande família de receptores nucleares, na qual se incluem: receptores sexuais, receptores de vitamina D e receptores de ácido retinóico (RAUEN et al, 2011).
Variações na concentração sérica de TSH podem ser atribuídas a uma secreção pulsátil e a liberação noturna de TSH, porém as variações diurnas não são suficientemente divergentes para que a coleta de amostras para a quantificação deva respeitar algum horário específico (VEIGA, 1998).
Entre os transtornos da tireoide o hipotireoidismo e o hipertireoidismo são os predominantes, afetam as pessoas ao longo da vida (VEIGA, 1998).
Caso clínico 2
Paciente: A. A. M
Data de nascimento: 29/01/1925
Sexo: Masculino
Tabela 2: Exame de PSA realizado pelo paciente A. A. M.
Método |
Material |
Resultado |
Valor de referência |
ELISA |
Soro |
7,87 ng/mL |
Até 4,0 ng/mL |
Fonte: LABOR, 2005
Com base no resultado do exame de PSA o paciente acima apresenta um nível elevado de antígeno prostático especifico na circulação, sugestivo de câncer de próstata.
No aparecimento do câncer, a idade é um fator de risco importante e destaca-se no câncer de próstata, pois tanto a incidência como a mortalidade elevam-se de forma exponencial após os 50 anos de idade. Outro fator considerado de risco é a história familiar de parentes de primeiro grau, tais como, pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos de idade e o risco pode-se aumentar de 3 a 10 vezes se comparado à população em geral e os aspectos herdados quanto ao estilo de vida compartilhado entre os integrantes da família podem ser refletidos (BAROUKI, 2012).
Estudos comprovam que o câncer de próstata se manifesta principalmente acima dos 50 anos de idade e, com o aumento da expectativa de vida, é considerado muito importante nos dados apresentados de mortalidade entre homens, representando um sério problema de saúde pública. Acredita-se que o crescimento da incidência ocorre também devido a uma qualidade melhor na identificação de casos subclínicos e pela facilidade atualmente da realização do teste diagnóstico de Antígeno Prostático Específico (PSA) (BAROUKI, 2012).
O Antigénio Específico da Próstata, purificado e sintetizado pela primeira vez por Wang e colaboradores em 1979, é uma glicoproteína, produzida primariamente pelas células secretórias da próstata e pelo revestimento epitelial das glândulas periuretrais. Trata-se portanto de um marcador biológico altamente específico de, o que. Com efeito ele é segregado em pequenas quantidades quer pelas células prostáticas normais acima referidas, tanto numa situação de normalidade como em situação de hiperplasia (HBP). O que está comprovado é que o contributo para o doseamento plasmático de PSA é, por mL de tecido, cerca de 10 vezes superior no carcinoma da próstata (3.5 ng/mL) do que no tecido de HBP (0.3 ng/mL) (REIS, 2006).
Na sua forma nativa que é a que existe no ejaculado, o PSA existe de forma livre (não ligado a qualquer proteína). No entanto, a nível plasmático, o PSA está complexado com diversas proteínas, inibidoras das proteases. Por razões que ainda não estão totalmente esclarecidas, os doentes com neoplasias da próstata tendem a apresentar proporções de PSA livre inferiores, enquanto que os doentes portadores de HBP apresentam normalmente valores elevados deste quociente. A utilização deste teste permite evitar a realização de biópsia prostática num número significativo de doentes, sem aparente significativa perda de sensibilidade de detecção dos carcinomas (REIS, 2006).
A combinação entre o exame clinico e a dosagem do PSA é de grande importância para o diagnóstico, a fim de iniciar a prevenção adequada, e como tratar melhor os doentes nas diversas fases da doença.