
John Rawls e o véu da ignorância.

em 04 de Abril de 2025
As redes sociais trazem à discussão temas que nunca seriam notícia, se não houvesse espaço para este tipo de notícia nas próprias redes sociais. Esta afirmação, à primeira vista, parece sem sentido. Porém, com um olhar mais crítico podemos entender como este tipo de mensagem se retroalimenta, ou seja, reforça o comportamento de busca de informação, mesmo que esta informação não tenha validade ou importância.
Alguns dias atrás, tive o primeiro contato com a questão dos bebês reborn. No primeiro momento, achei interessante como o assunto foi tratado e a repercussão dada em alguns canais, e como meu feed de notícias ficou simplesmente repleto dessas notícias. Repentinamente vários influenciadores passaram a opinar sobre o assunto, todos com opiniões levianas, sem fazer nenhuma análise sobre nenhum caso concreto.
Um dos cuidados que é necessário ter com redes sociais é pensar que existe um algoritmo, ou seja, um programa que escolhe os assuntos que serão mostrados na feed do Instagram, por exemplo. Percebe-se que as notícias se repetiram, em textos parecidos, como se houvesse alguém mudando o formato das notícias, porém deixando-as com o mesmo conteúdo noticioso.
Em 1972, Maxuel McCombs e Donald Shaw passaram a fazer um estudo sobre a questão de como as notícias eram divulgadas na grande mídia . Em resumo, fica claro que a mídia não teria controle sobre a opinião das pessoas, porém seria possível determinar o que as pessoas iriam discutir. Hoje em dia, este tipo de controle é feito de forma seletiva, para cada indivíduo, e não mais em meios de comunicação de massa.
Com isto, a pergunta que fica é: isto realmente acontece na vida real, na mesma intensidade que isto acontece nas redes sociais? A resposta fica cada vez mais complexa, porém uma forma de contextualizar é se perguntar: quantas pessoas você conhece que realmente estão fazendo o que as redes sociais estão noticiando? Se não houver ninguém, provavelmente este é somente o algoritmo alimentando seu feed com informações que te fazem ficar mais tempo preso a internet.
Referência:
McCombs, M. (2004). Setting the agenda: The mass media and public opinion. Cambridge: Polity Press.