John Rawls e o veu da Ignorância
Qual seria a sua forma de pensar a sociedade se você tivesse que escolher uma sociedade para viver, porém não pudesse escolher a classe social na qual você faria parte?
Ao primeiro olhar, a pergunta parece boba e, de uma forma geral, sem sentido. Porém, com um olhar um pouco mais atento, podemos perceber os desdobramentos deste pensamento e como ele pode nos fazer pensar de forma mais aberta sobre possibilidades que antes não nos pareciam tão interessantes.
A questão é que nascemos dentro de uma sociedade. O status quo nos é dado no momento do nascimento. Ele é ditado pelo estatus social, cor da pele, gênero etc., e são poucos que cogitam a possibilidade de mudança. John Rawls traz para esta discussão a possibilidade da pergunta: qual seria a melhor forma de sociedade se o status quo não existisse?
O processo de pensamento passa a ser abstrato; contemplar aquilo que não existe é uma tarefa muitas vezes confusa e nos leva a pensar em possibilidades não ortodoxas. Mas, de uma forma geral, a justiça estaria no topo das exigências necessárias para esta sociedade. Pois, se um indivíduo tiver que começar a vida em uma sociedade, a primeira exigência seria a possibilidade de continuar vivo.
O processo do véu da ignorância é um exercício necessário nos dias de hoje para que possamos repensar a sociedade. Não somente como uma máquina que tem como fim último a sua própria sobrevivência, mas a possibilidade da compreensão do indivíduo como agente de sua própria existência em uma sociedade que possa dar a ele a possibilidade de ser sua melhor versão.