O fundador do Integralismo brasileiro foi o jornalista, escritor e político Plínio Salgado. Chefe Nacional do Integralismo, Plínio Salgado nasceu em São Bento do Sapucaí, no Estado de São Paulo, em 22 de Janeiro de 1895 e faleceu na Cidade de São Paulo, em 07 de Dezembro de 1975.
Fundou o Integralismo em 07 de Outubro de 1932, com o lançamento do chamado “Manifesto de Outubro”.
“O Chefe não é uma pessoa: é uma idéia”. – Plínio Salgado
Inicialmente um adepto da ditadura de Getúlio Vargas, posteriormente foi preso e obrigado a se exilar em Portugal, acusado de promover levantes contra o governo. Após retornar ao Brasil, lançou o Partido de Representação Popular (PRP), sendo eleito para representar o Paraná na Câmara dos Deputados em 1958 e reeleito em 1962, desta vez para representar São Paulo. Foi também candidato à presidência da República no pleito de 1955, obtendo 8,28% dos votos. Após o Golpe de Estado de 1964, que acabou por extinguir os partidos políticos, se juntou à Aliança Renovadora Nacional (Arena), obtendo mais dois mandatos na Câmara. Se aposentou da vida política em 1974, apenas um ano antes de sua morte. Foi membro da Academia Paulista de Letras,[3] tendo também fundado alguns jornais.
Biografia
Nascido na pequena cidade de São Bento do Sapucaí, Plínio Salgado era filho do coronel Francisco das Chagas Salgado (positivista) e da professora Ana Francisca Rennó Cortez, com quem aprendeu as primeiras letras.[3] Sua família era de origem portuguesa.[4] Seu avô paterno, Manuel Esteves da Costa, era filho dum partidário do miguelismo no contexto das Guerras Liberais. Plínio era uma criança muito ativa na escola, tendo desenvolvido gosto por matemática e geometria. Aos dezesseis anos de idade, seu pai morreu — fato que, de acordo com alguns relatos, o transformou num jovem amargo. Após o acontecimento, Plínio demonstrou grande interesse por filosofia e psicologia.[5]
Aos 20 anos de idade, Plínio fundou o jornal semanal Correio de São Bento.[1] Dois anos mais tarde, em 1918, ele começou sua carreira na política, ao participar da fundação do Partido Municipalista, que congregava líderes municipais de cidades do Vale do Paraíba.[1] No mesmo ano, Plínio casou-se com Maria Amélia Pereira e, no dia 6 de julho de 1919, nasceu sua única filha, Maria Amélia Salgado.[6] Quinze dias mais tarde, sua mulher, Maria Amélia Pereira morreu. Deprimido, rejeitou o estudo de filósofos materialistas e buscou conforto na doutrina católica, se interessando por escritos de autores brasileiros como Raimundo de Farias Brito e Jackson de Figueiredo.[1][6] Mais uma vez, a morte de um ente querido traria grande impacto à vida de Plínio. Ele só se casaria novamente 17 anos depois, com Carmela Patti.[6]
Através de seus artigos no Correio de São Bento, Plínio se tornou conhecido entre os jornalistas da cidade de São Paulo, fato que levou-o a ser convidado para trabalhar no Correio Paulistano, jornal oficial do Partido Republicano Paulista (PRP), em 1920.[1][2] Ali, onde atuou primeiro como revisor e depois como redator,[3] se tornou amigo do poeta e escritor Menotti del Picchia.[1] Em 1922, Plínio participou discretamente da Semana de Arte Moderna.[1] Em 1924, deixou o Correio Paulistano e empregou-se no escritório de advocacia de Alfredo Egídio de Sousa Aranha, com quem manteria vínculos duradouros.[2]
Publicou seu primeiro romance, O Estrangeiro, em 1926.[1] Depois disso, na companhia de Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Cândido Mota Filho, alinhou-se ao movimento Verde-Amarelo, vertente nacionalista do modernismo. No ano seguinte, ao lado de Ricardo e del Picchia, fundou o Grupo da Anta,[7] que exaltava os indígenas, em particular os tupis, como verdadeiros portadores da identidade nacional brasileira.[1] No mesmo ano, lançou Literatura e política, livro no qual defende ideias nacionalistas de cunho fortemente antiliberal e pró-agrário, inspirando-se nas obras de Alberto Torres e Oliveira Viana.[1] No livro, se declara anticosmopolita, defensor de um Brasil agrário e contrário ao sufrágio universal.[4] Essa sua guinada ao conservadorismo fez com que Ricardo fundasse, em 1937, ao lado de del Picchia, o Grupo da Bandeira, uma resposta social-democrata ao Movimento Verde-Amarelo e ao Grupo da Anta. Entrevistado sobre a Semana de 22, movimento artístico no qual tomou parte, em 1972, Salgado destacou seu discurso no Tiro de Guerra, em que fazia apologia à Ordem, à Hierarquia e à Autoridade.[8]
Romances e poemas: O estrangeiro (1926); O esperado (1931); O cavaleiro de Itararé (1933); A voz do Oeste (1934); O Poema da Fortaleza de Santa Cruz (1948).
Pensamento político e filosofia: Psicologia da Revolução (1933); O que é o Integralismo (1933); A Quarta Humanidade (1934); A Doutrina do Sigma (1935); Conceito Cristão da Democracia (1945); O Integralismo perante a Nação (1945); Primeiro, Cristo! (1946); Direitos e Deveres do Homem (1948); Espírito da Burguesia (1951); O Integralismo na vida brasileira (1958); Reconstrução do Homem (1957).
História: Nosso Brasil (1937); Como nasceram as Cidades do Brasil (1946); O ritmo da História (1949); História do Brasil, vols. 1 e 2 (1969);
Pensamento político: O Integralismo em Marcha (1933); O Integralismo de Norte a Sul (1934); Brasil Colônia de Banqueiros (1934); O que o Integralista deve saber (1935); Os protocolos dos sábios de Sião (tradução) (1936); O Integralismo e o Mundo (1936); Judaísmo, maçonaria e comunismo (1937); Integralismo e Catolicismo (1937); Comunismo, Cristianismo e Corporativismo (1938).
É considerado o mais antissemita intelectual brasileiro,[2] cujas ideias se aproximavam das dos teóricos nazistas.[3][4] Barroso escreveu que não concordava com o antissemitismo de Hitler e justificou seus ataques aos judeus com um suposto combate ao racismo.[5][6]
Fotografia de Gustavo Barroso em farda militar infantil aos 5 anos de idade. 1894
Filho de Antônio Filinto Barroso e da alemã Ana Guilhermina Dodt Barroso,[8] a qual faleceu apenas 7 dias depois de seu nascimento, era fortalezense. Nasceu na rua Formosa (atual Rua Barão do Rio Branco), na casa número 32.[9]
Por causa da morte de sua mãe, a familia se separou e acabou sendo criado por suas duas tias. Essas eram cultas, e já lhe despertaram o interesse por história.[9]
Foi redator do Jornal do Ceará (1908-1909) e do Jornal do Commercio (1911-1913); professor da Escola de Menores, da Polícia do Distrito Federal (1910-1912); secretário da Superintendência da Defesa da Borracha, no Rio de Janeiro (1913); secretário do Interior e da Justiça do Ceará (1914); diretor da revista Fon-Fon (a partir de 1916); da Delegação Brasileira à Conferência da Paz de Versailles (1918-1919); inspetor escolar do Distrito Federal (1919 a 1922); diretor do Museu Histórico Nacional (a partir de 1922); secretário geral da Junta de Jurisconsultos Americanos (1927); representou o Brasil em várias missões diplomáticas, entre as quais a Comissão Internacional de Monumentos Históricos (criada pela Liga das Nações) e a Exposição Comemorativa dos Centenários de Portugal (1940-1941).[12][13][14]
Estreou na literatura aos vinte e três anos, usando o pseudônimo de João do Norte, com o livro Terra de Sol, ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense.[15] Além dos livros publicados, sua obra ficou dispersa em jornais e revistas de Fortaleza e do Rio de Janeiro, para os quais escreveu artigos, crônicas e contos, além de desenhos e caricaturas.[10][16] A vasta obra de Gustavo Barroso, de cento e vinte e oito livros, abrange história, folclore, ficção, biografias, memórias, política, arqueologia, museologia, economia, crítica e ensaio, além de dicionário e poesia.[17] Entre os pseudônimos utilizados por Gustavo estão João do Norte, Nautilus, Jotanne e Cláudio França.[18]
Com a criação do Museu Histórico Nacional, em 1922, pelo presidente Epitácio Pessoa,[19] Gustavo Barroso foi nomeado o seu primeiro diretor, ficando à frente da instituição até 1930, quando foi afastado do cargo pelo presidente Getúlio Vargas.[20] Entretanto, voltou à direção do museu em 1932, permanecendo nela até 1957, ano de sua morte.[21]
OBRAS:
Gustavo Barroso foi um jornalista, escritor e político brasileiro, conhecido por suas obras sobre história, cultura e política. Alguns dos seus livros mais conhecidos incluem "O Sertão e o Mundo" (1924), "As Colunas do Templo" (1933), "História Secreta do Brasil" (3 volumes) e "Os Protocolos dos Sábios de Sião" (1936). Além desses, ele também escreveu sobre o Integralismo, movimento político do qual foi membro, com obras como "A Palavra e o Pensamento Integralista" (1935) e "O que o Integralista Deve Saber" (1935).
Principais obras de Gustavo Barroso:
História e Cultura:
"O Sertão e o Mundo" (1924)
"As Colunas do Templo" (1933)
"História Secreta do Brasil" (3 volumes)
"O Brasil na Lenda e na Cartografia Antiga" (1941)
Integralismo:
"A Palavra e o Pensamento Integralista" (1935)
"O que o Integralista Deve Saber" (1935)
"O Integralismo e o Mundo" (1936)
"Corporativismo, Cristianismo e Comunismo" (1938)
"Brasil: Colônia de Banqueiros" (1934)
"O Quarto Império" (1935)
Outras obras:
"Segredos e Revelações da História do Brasil" (artigos publicados na revista Veja, entre 1948 e 1960)
"Os Protocolos dos Sábios de Sião" (1936)
"Terra de Sol" (em parceria com outros autores)
"Heróis e Bandidos - Os Cangaceiros do Nordeste"
"Fábulas Sertanejas - Contos Infantis"
Gustavo Barroso também escreveu e participou de várias colunas e revistas, deixando um legado significativo na história e cultura brasileira.
O Estado brasileiro e a elite política, econômica, científica e intelectual do país adotaram práticas eugenistas nos anos 30 e 40, que são marcas da Constituição de 1934, afirma o historiador Sidney Aguilar Filho, autor do livro "Entre integralistas e nazistas: racismo, educação e autoritarismo no sertão de São Paulo", lançado neste ano de 2022 pela Alameda Editora.
Para formular essa tese – defendida no seu doutoramento, em 2011 –, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conta que o "fio de Ariadne" [metáfora que invoca a mitologia grega] surgiu em 1998, quando ele ouviu pela primeira vez uma aluna contar sobre a fazenda no interior de São Paulo cujos tijolos eram marcados com a suástica, o símbolo nazista.
Havia ali algo muito maior que a memória do nazismo em uma construção antiga. Sob a tutela do Estado brasileiro, 50 crianças, de 9 a 12 anos, sendo 48 delas pretas e pardas, foram transferidas de um educandário do Rio de Janeiro para a Fazenda Cruzeiro do Sul, na cidade de Campina do Monte Alegre (SP), da família Rocha Miranda. Os Rocha Miranda, de acordo com documentos encontrados por Sidney Aguilar, faziam parte da "Câmara dos Quarenta”, um órgão de cúpula da Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado.
Com uma pesquisa histórica minuciosa, em que recorreu a publicações e documentos da época e examinou detalhes de discursos de parlamentares constituintes, as descobertas do historiador foram retratadas em filme, documentário e até peças de teatro, até chegarem ao livro que comemora os 10 anos da tese. "Ideologias segregatórias do passado brasileiro cassaram e impediram a ascensão social”, afirma Aguilar, em entrevista à DW Brasil.
Os integralistas se voltaram contra o Estado Novo após perceberem sua exclusão do regime varguista
Seguindo os pontos estabelecidos pela Constituição de 1934, o governo de Getúlio Vargas deveria restabelecer o regime democrático com a convocação das eleições presidenciais para 1937. Nesse período dois movimentos políticos surgiram no país oferecendo propostas de caráter distinto: a Aliança Nacional Libertadora – inspirada nos ditames do pensamento político comunista; e a Ação Integralista Brasileira – movimento nacionalista influenciado pelo ideário nazi-fascista.
A rearticulação do cenário político nacional expresso por esses dois movimentos dava fim ao vácuo ideológico que permitiu a deflagração da Revolução de 1930. No caso dos aliancistas, o discurso de natureza revolucionária figurava uma ameaça potencial aos interesses das alas governistas e das elites econômicas nacionais. Em 1935, alguns dos membros da ANL acabaram reforçando a desconfiança de seus opositores ao tentar concretizar um golpe de Estado durante a chamada Intentona Comunista.
A partir de então, o governo Vargas passou a utilizar desse levante para reforçar a eminente ameaça de uma ação golpista promovida pelas esquerdas. Contudo, mostrando seu comportamento dúbio, Getúlio Vargas não se manifestou contra as chapas que se apresentavam para disputar as eleições de 1938. De fato, o governo articulava em seus bastidores, com expresso apoio dos militares, o estabelecimento de um golpe que anulasse a consolidação da democracia plena no país.
Essa tendência autoritária e centralizadora era bastante próxima do projeto político dos integralistas, que viam nas liberdades democráticas uma séria ameaça ao desenvolvimento nacional. Em 1937, quando os aliados do golpe garantiram a instalação do chamado Estado Novo, os integralistas passaram a apoiar Getúlio Vargas. Em certa medida, o presidente passou a simbolizar a figura do líder supremo capaz de impor um governo rígido.
O apoio dos integralistas também se justificava na possibilidade de inserir membros do movimento no alto escalão do poder e na instalação de um novo contexto político unipartidário controlado pela AIB. Entretanto, frustrando as expectativas integralistas, Getúlio promoveu seu golpe de Estado colocando todos os partidos políticos na ilegalidade. Inconformados com essa ação, um grupo de aproximadamente oitenta integralistas realizou um ataque ao Palácio da Guanabara, em maio de 1938.
Apesar de quase conseguir invadir a residência presidencial, os integralistas acabaram sendo reprimidos pelas forças militares e policiais que apoiavam o Estado Novo. Outras ações revoltosas previstas pelos participantes foram igualmente frustradas mediante a falta de articulação dos envolvidos. Depois do acontecido, as forças governistas perseguiram e prenderam vários dos envolvidos. No ano seguinte, Plínio Salgado foi detido e, logo em seguida, levado a um exílio de seis anos em Portugal.
Por Rainer Sousa Graduado em História
ENTRE MUSSOLINI E PLÍNIO SALGADO: o Fascismo italiano, o Integralismo e o problema dos descendentes de italianos no Brasil
João Fábio Bertonha
Universidade Estadual de Maringá
Resumos
O objetivo desse artigo é avaliar o relacionamento entre o Fascismo italiano e o Integralismo brasileiro. O texto tenta mostrar a importância do Fascismo de Mussolini na formação e construção da ideologia integralista, assim como na formação de sua base social. Nesse sentido, o texto foca com especial ênfase a questão dos brasileiros filhos de italianos, público privilegiado tanto da propaganda fascista como da integralista.