Eu não faço o tipo de exatas?
Por: Andre A.
24 de Abril de 2014

Eu não faço o tipo de exatas?

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Traduzi este texto do site: http://qz.com/139453/theres-one-key-difference-between-kids-who-excel-at-math-and-those-who-dont/ com a intenção de mostrar que, caso se sintam desanimados com a faculdade, colégio ou concurso público, percebam que seus desempenhos podem ser melhorados através da perseverança nos estudos.

Este texto foi recomendado por um curso online que estava fazendo: Introduction to matematical thinking, que a tradução é Introdução ao pensamento matemático. Tal curso é ministrado pelo site https://www.coursera.org/ que também realiza uma série de outros cursos online. Outras ferramentas úteis são as vídeo-aulas realizadas no you tube por diversos professores, apesar da maioria estar disponível em inglês, como o Khan Academy, um excelente site, há também material em português.

A ideia que quero passar com isso é que a busca autodidata pela melhora pessoal em seu desempenho acadêmico será muito importante. Lembre que a falha pessoal será na maioria dos casos transponível, mas só ocorrerá pelo trabalho duro e dedicação.

André Angelo

Há uma diferença fundamental entre crianças que se distinguem em matemática e aquelas que não se distinguem

Por Miles Kimball e Noah Smith, 27 de Outubro

“Eu não faço o tipo de exatas” tradução livre de “I’m just not a math person”

Ouvimos isso o tempo todo. E já ouvimos o bastante. Justamente por que a ideia de “pessoas de exatas” é a ideia mais autodestrutiva atualmente. A verdade é que provavelmente você é uma pessoa de exatas, e pensando ao contrário, você possivelmente está paralisando sua própria carreira. Pior talvez esteja ajudando a perpetuar um mito pernicioso que é prejudicial a crianças desprivilegiadas – o mito de habilidade matemática nata.

Matemática é uma habilidade genética? Claro, em algum nível. Terence Tao, famoso matemático da UCLA ( Universidade da Califórnia de Los Angeles), publica dúzias de artigos nos melhores jornais todos os anos, e é procurado por pesquisadores ao redor do mundo  para ajudar nas partes mais difíceis de suas teorias. Essencialmente nenhum de nós poderia jamais se tornar tão bom em matemática quanto Terence Tao, não importa quanto tentemos ou quão bem formos educados. Mas há algo: não precisamos! Para a matemática de ensino médio, talento nato é muito menos importante que trabalho duro, preparação e autoconfiança.

Como sabemos disso? Primeiro de tudo, nós ambos ensinamos matemática por muitos anos – como professores, assistente de ensino e tutores particulares. De novo e de novo, nos temos visto os seguintes padrões se repetindo:

  1.       Diferentes crianças com diferentes níveis de preparação veem à aula de matemática. Algumas delas têm pais que acostumaram-nas à matemática desde pouca idade, enquanto outras nunca haviam tido este tipo de incentivo dos pais.
  2.       Nos primeiros testes, as crianças mais bem preparadas ganharam notas perfeitas, enquanto as não preparadas ganharam apenas aquilo que conseguiram descobrir improvisando – algo como 80 ou 85%, um sólido B.
  3.       A crianças despreparadas, não percebendo que os melhores posicionados eram bem preparados, assumiram que habilidade genética era determinante nas diferenças de performance. Decidindo que elas “apenas não eram pessoas de exatas” não deram duro nas aulas posteriores, e pioraram ainda mais.
  4.       As crianças bem preparadas não percebendo que os “estudantes B” eram simplesmente despreparados, assumiram que eram “pessoas de exatas”, e trabalharam duro posteriormente, reafirmando suas vantagens.

Assim, a crença das pessoas que a habilidade matemática não pode mudar torna-se uma profecia autorrealizável.

A ideia que a habilidade matemática é majoritariamente genética é uma faceta prejudicial de uma falácia maior de que a inteligência é genética. Jornais acadêmicos de psicologia são cheios de artigos que estudam essa visão global que se sustenta sobre esse tipo de profecia autorrealizável que nós acabamos de descrever. Por exemplo, psicóloga da Purdue University, Patricia Linehan escreve:

Um corpo de pesquisa em concepções de habilidades tem mostrado duas orientações a respeito de habilidade. Estudantes com uma orientação adicional acreditam em habilidade (inteligência) como algo maleável, uma qualidade que aumenta com o esforço. Estudantes com uma orientação tradicional de uma entidade acreditam que a habilidade é não maleável, uma qualidade fixa que não aumenta com o esforço.

A “orientação tradicional” que diz “Você é esperto ou não, fim da história” leva a mas consequências- um resultado que tem sido confirmado por diversos estudos. (A relevância da matemática é mostrada por pesquisadores de Oklahoma City que recentemente descobriram que a crença de uma habilidade matemática talvez seja responsável pela maior parte da desigualdade dos gêneros na matemática).

Os psicólogos Lisa Blackwell, Kali Trezesniewski  e Carol Dweck apresentaram estas alternativas  para determinar a crença das pessoas a respeito da inteligência:

  1.       Você tem uma certa quantidade de inteligência, e, na realidade, você não pode fazer muita coisa para mudar isso.
  2.       Você sempre pode mudar drasticamente quão inteligente você é.

Eles descobriram que estudantes que concordaram que “Você sempre pode mudar drasticamente quão inteligente você é” ganharam notas mais altas. Mas como Richard Nsbett reconta em seu livro Intelligence and How to Get it eles fizeram algo ainda mais impressionante:

Dweck e seus colegas então tentaram convencer um grupo de uma minoria pobre do início do ensino médio que inteligência é algo altamente maleável e pode ser desenvolvida com trabalho duro[...] e que o aprendizado muda o cérebro formando novas [...] conexões e alunos estão no domínio desses processos de mudança.

Os resultados? Convencer estudantes de que eles podem fazer eles mesmos mais inteligentes através de trabalho duro levam-nos a dar mais de si mesmos e ganhar melhores notas. A intervenção teve o maior efeito para estudantes que começaram acreditando que inteligência era genética. (Um grupo de controle, que era ensinado como a memoria funciona, não mostrou nenhuma melhora).

Mas melhorar as notas não foi o efeito mais dramático, “Dweck reportou que alguns dos seus alunos mais durões caíram em lágrimas pelas notícias que sua inteligência estava substancialmente sob seus controles”. Não é nem um pouco engraçado passar pela vida acreditando que você nasceu burro – e que está fadado a continuar assim.

Para quase todos, acreditando que você nasceu burro – e está fadado a continuar assim- é acreditar em uma mentira. QI por si só pode ser melhorado através de trabalho duro. Porque a verdade pode ser difícil de se acreditar, aqui está uma série de links sobre alguns excelentes livros para convencê-lo que a maioria das pessoas pode se tornar mais inteligentes em muitas formas, se elas derem duro o bastante:

  •          A arte do aprendizado por Josh Witzkin

o   http://www.youtube.com/watch?v=lj1gxz5puaQ

  •          Moonwalking with Einstein por Joshua Foes

o   http://blog.supplysideliberal.com/post/51204513930/joshua-foer-on-deliberate-practice

  •          O código do talento por Daniel Coyle

o   http://blog.supplysideliberal.com/post/58214945168/daniel-coyle-on-deliberate-practice

  •          Talento é superestimado por Geoff Colvin

o   http://blog.supplysideliberal.com/post/55575432544/shane-parrish-on-deliberate-practice

Então porque nos focamos em matemática? Por uma coisa, habilidades matemáticas são cada vez mais importantes para bons empregos atualmente – então acreditando que você não pode aprender matemática é especialmente autodestrutivo. Mas nós também acreditamos que matemática é uma área onde a “falácia de habilidade nata” da América está mais propagada. Se você se convencer que qualquer um pode aprender matemática, seria um pequeno passo para se convencer que você pode aprender simplesmente qualquer coisa, se der duro o bastante.

O Estados Unidos é mais suscetível que outras nações a perigosa ideia de uma habilidade matemática genética? Aqui a evidência é simplesente anedótica, mas nós suspeitamos que isto é o caso. Enquanto americanos do quarto e quinto ano se dão bem em comparações de testes internacionais – sendo melhores que alemães, britânicos e suecos – nossos colegiais vão pior que esses países por uma larga margem. Isso sugere que a habilidade de americanos nativos é tão boa quanto a de qualquer um, mas nós falhamos em guiar essa habilidade através do trabalho duro. Em resposta a falha na educação da matemática de ensino médio, algumas vozes influentes na política educacional dos Estados Unidos tem sugerido para que simplesmente ensinemos menos matemática – por exemplo, Andrew Hacker tem dito que a álgebra não é mais um requerimento. Nas entrelinhas, é claro, o grande numero de crianças estado unidenses simplesmente não nasceram com a habilidade de resolver o x.

Nós acreditamos que essa linha é desastrosa e errada. Primeiro de tudo, deixa muitos americanos mal preparados para competir no mercado de trabalho global com dedicados estrangeiros. Porém, ainda mais importante, pode contribuir para a desigualdade. Um grande número de pesquisas tem mostrado que habilidades técnicas em áreas como software cada vez mais fazendo diferença entre a classe média alta dos Estados Unidos e sua classe trabalhadora. Enquanto não pensamos que educação é uma suprema contra desigualdade, nós definitivamente acreditamos que, em locais de trabalhos cada vez mais automatizados, americanos que desistirem da matemática estarão em desvantagem.

Muitos americanos passam por suas vidas aterrorizados por equações símbolos matemáticos. Nós pensamos que muitos deles estão com medo provar a eles mesmos serem geneticamente inferiores pela falha constante em compreender equações(quando, é claro, na realidade, mesmo um professor de matemática teria que legar vagarosamente). Então eles recuam de tudo que se assemelha a matemática, protestanto: “não sou uma pessoa de exatas” e assim excluem a si mesmos que uma porção de oportunidade lucrativas de carreiras. Nós acreditamos que isso deve acabar Nossa visão  é compartilhada pelo economista e escritor Allison Schrager, que escreveu duas maravilhosas colunas em Quartz (aqui: http://qz.com/16207/take-it-from-me-a-real-economist-who-needed-convincing-math-matters/ e aqui: http://qz.com/16207/take-it-from-me-a-real-economist-who-needed-convincing-math-matters/ ), que ecoa muitas de nossas visões.

Uma maneira de ajudar americanos a melhorarem em matemática é copiar o método japonês, chinês e corâno. Em Intelligence na How to Get it, Nisbett descreve como sistemas educacionais do leste asiático focam mais em trabalho duro que talento nato:

  1.       “Crianças no Japão vão a escola por 240 dias em um ano, enquanto crianças nos Estados Unidos vão a escola por 180 em um ano”
  2.       “Japoneses do ensino médio de 1980 estudavam 3,5 horas por dia, e esses números são provavelmente maiores atualmente”
  3.       “[Moradores do Japão e Korea] não precisam ler este livro para descobrir que sua inteligência e conquistas intelectuais são altamente maleáveis. O Confúcio definiu  isso 2500 anos atrás”
  4.       “Quando vão mal em algo, [Japoneses, Koreanos, etc] respondem dando mais duro ainda”
  5.       “Persistência como resposta a falha é uma parte da tradição asiática de auto aperfeiçoamento Pessoas desses países estão acostumadas as críticas em favor do auto aperfeiçoamento em situações onde ocidentais evitariam.”

Nós certamente não queremos que o sistema educacional americano copie tudo do japonês. Mas parece que a ênfase no trabalho duro é uma marca não apenas do moderno leste asiático como do passado americano também.

Apesar dos truques dos japoneses, nós temos também ao temos uma ideia no estilo americano: tratar as pessoas que trabalham duro para aprender como heróis e modelos. Nós já fazemos isso ao venerar heróis do esporte que chegam lá apesar da falta de talento por persistência. Porque nossa cultura educacional deveria ser diferente?

A educação matemática, nós acreditamos, é apenas a área mais evidente de uma preocupante e lenta mudança. Nós vemos nosso país se distanciando de uma cultura de trabalho duro em direção a uma cultura de determinismo genético. No debate entre “natureza versus educação” um terceiro elemento crítico- perseverança pessoal e esforço –parece estar sendo marginalizado. Nós queremos trazê-lo de volta, e achamos que a matemática seja um ótimo lugar para começar.

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Andre A.
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Andre A.
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Graduação: Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações (Universidade de São Paulo (USP))
Dou aulas de Matemática, Física
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