Nossos solos, por terem uma diversidade de raízes, atrairão diferentes seres que irão contribuir para que esse lugar seja mais fértil. Para entender de verdade os SAF's é necessário tempo e estudo, porém quanto mais conhecemos, mais rica será a nossa área de plantio. Para facilitar este entendimento, abordamos alguns conceitos importantes:
ADUBAÇÃO VERDE - Um grande segredo da agroecologia é a nossa adubação verde, ao plantar estas espécies ajudamos a proteger o solo do sol, do vento e da chuva, além de fixar nitrogênio no solo. A adubação verde também contribui para o controle dos “inços”, existe um ditado popular que é "quem não quer capim, planta capim" utilizado para designar a importância de escolhermos um capim que produza bastante biomassa e não seja tão difícil de retirar depois, desta forma selecionamos quem irá crescer no lugar dos 'inços'. No caso das leguminosas (família das fabáceas), é recomendado cortá-las somente quando estiverem florindo, desta forma irá disponibilizar uma quantidade maior de nitrogênio para o solo. Geralmente, a adubação verde é semeada em uma área que futuramente irá receber o plantio, estas plantas irão melhorar a qualidade dos nossos solos, melhorando os aspectos físicos, químicos e biológicos.
BIOLOGIA DO SOLO - Todos os seres do local irão contribuir para a evolução de um ambiente mais saudável. As árvores liberam água para a atmosfera deixando o clima mais úmido e ajudando na formação das chuvas. As folhas, frutos e galhos caem e formam um cobertor no solo, os microrganismos (fungos, bactérias) transformam tudo em alimento para as plantas. Os insetos e aracnídeos fazem pequenos túneis no solo, ajudando a entrada de água e ar no subsolo. Assim, pela lei natu- ral, as folhas, os frutos e os galhos irão se decompor e serão trabalha- dos pelos seres que ali habitam, formando um ciclo, onde nada se perde e tudo se transforma. Esta grande diversidade de alimentos vai sendo liberada em doses corretas e só pode ser produzida pela vida diversificada do solo. Portanto, se trabalhar criando vida e acelerando estes ciclos a fer lidade do seu solo será muito melhor. Entre os seres que compõem a biologia do solo estão: as minhocas, fungos, besouros, bactérias, protozoários, entre tantos outros.
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ESTRATIFICAÇÃO - O estrato representa o 'andar' que as árvores ocupam no seu ecossistema de origem, na sua fase sucessional. Por exemplo, uma aceroleira é um estrato alto e um abacateiro é estrato médio, mesmo o abacateiro ficando com uma altura maior que a acerola, então podemos perceber que, o estrato não é apenas a altura da árvore, ela é importante sim, o que nos dirá a qual estrato pertence é necessário saber a quantidade de luz que a planta precisa. Em algumas regiões do RS, agricultores produzem erva-mate junto com araucárias, a araucária tem um estrato emergente e a erva-mate estrato médio, portanto, a araucária produz sombra para a erva-mate, que produz mais quando é plantada na sombra. Devemos estra ficar conforme a altura da planta e com a incidência de luz, a que prefere pouca luz ficou no 'andar' de baixo. Temos dois cultivos utilizando a mesma área, gerando duas fontes de renda. Este sistema pode ser mais complexo, quando aumentamos a quantidade de indivíduos diferentes. São diversas, mas para facilitar o entendimento abordaremos somente estratos emergentes, altos, médios, baixos e rasteiros.
SUCESSÃO NATURAL - Além do espaço, devemos considerar um outro fator: o tempo. A sucessão é um processo que ocorre junto da estratificação. Se plantarmos as espécies baseadas em suas funções, no tempo de vida e altura, estaremos otimizando processos e utilizando os nossos recursos de forma mais eficiente. Quando é formado uma nova clareira, a vegetação começa o processo de recuperação, primeiramente vem as colonizadoras (vegetação nativa), junto vem as pioneiras, na sequência as secundárias e depois as clímax, cada uma crescendo em seu tempo e velocidade, cada uma irá criar condições para que as próximas possam se estabelecer. Portanto, o conceito de sucessão ecológica consiste em utilizar várias plantas com cada uma colaborando com o crescimento das outras e melhorando a fertilidade dos solos. Por isso, é tão importante plantar em consórcios, pois assim uma planta cuida da outra e prepara o ambiente para as que virão no futuro. Enquanto mamoeiros e bananeiras crescem temos a colheita de espécies mais exigentes em sol, como milho, feijão e mandioca, antes deles ainda podemos colher alface, rabanete e rúcula, no futuro mais distante teremos árvores produzindo frutas e madeiras.
COBERTURA MORTA - A técnica que trouxe resultados maiores e ime- diatos foi cobrir o solo. A cobertura de solo e a adubação verde se complementam. A cobertura morta é todo material vegetal que possa ser utilizado para cobrir os canteiros, a suas funções para o sistema é manter a umidade no solo, ajudar a controlar o pH, evitar a compactação e erosão da chuva, aumentar a absorção de água, ao se decompor libera nutrientes, portanto, irá contribuir para a formação de matéria orgânica. A matéria orgânica é formada por restos de animais, plantas e fezes, por isso ela é um pouco escura, neste sistema, as fezes de uns, serão o alimento para outros. A matéria orgânica é sempre o alimento, a fonte de energia que viabiliza o trabalho de uma infinidade de seres, que juntos deixam todo o ambiente fértil e adequado à vida. A cobertura morta pode ser qualquer material de origem vegetal que tenha em sua propriedade, restos de árvores podadas, como galhos e folhas, o mais utilizado é o capim, seja ele o nativo ou o plantado. É realizado o corte deste material e utilizado para cobrir os canteiros, o ideal é cobrir 100% do solo. A melhor cobertura vegetal é a madeira, ela funciona como uma esponja que suga água e libera aos poucos quando o solo está seco, ela serve como habitat para diversos seres que irão decompor este material orgânico e liberar nutrientes para as plantas, se este material for misturado ao solo, os microrganismos consumiriam parte do nitrogênio disponível para as plantas, quando é colocada em cima dos canteiros, além de manter o solo úmido, atrai e mul plica os microrganismos.
