Alfabetização e afetividade - parte I: Introdução
Por: Danielle C.
04 de Julho de 2017

Alfabetização e afetividade - parte I: Introdução

Pedagogia infantil

Este texto é parte de meu artigo "Alfabetização e Afetividade", escrito como pré-requisito para a conclusão de minha especialização em Alfabetização e Letramento.

 

A afetividade no contexto escolar é um tema bastante estudado por pesquisadores na área de educação, psicologia e desenvolvimento cognitivo, por sua relevância para a compreensão do processo ensino-aprendizagem como algo inerente à capacidade do educador em afetar o estudante por meio de sua postura, discurso e atividades propostas para o desenvolvimento do educando. Visando um aprofundamento teórico na relação entre essa e os educandos no ciclo de alfabetização (entre 6 e 8 anos de idade, de acordo com o Plano Nacional de Educação), e sua influência no processo de aquisição da linguagem escrita pela criança nesta faixa etária, buscou-se pesquisar e entender como a afetividade na sala de aula pode afetar o processo de aquisição da linguagem escrita pelas crianças no primeiro ciclo de alfabetização, colocando-se também a necessidade de que os professores tenham conhecimento acerca deste processo, para que possamrepensar suas práticas na finalidade de propor e reconstruir novas formas de ensino, que possibilitem ao aluno uma aprendizagem significativa.


O termo [afetividade] se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. A afetividade é um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento. (SALLA, F. 2011).


A alfabetização, trabalhada neste texto como o conceito da apropriação formal da linguagem escrita, em aspectos cognitivos e sociais, foi pesquisada por diversos autores ao longo da história, tornando-se um dos temas centrais das políticas educacionais modernas, que visam esse processo de aprendizagem como sinônimo de sucesso escolar e indicador de status econômico e social da população.
É necessário observar de que forma o professor e as atividades de leitura e escrita afetam o estudante, beneficiando ou não o processo de aprendizagem de forma geral e mais especificamente, na alfabetização e letramento. Utilizou-se como bases teóricas as obras de Henri Wallon, o primeiro a destacar a importância das emoções no processo de aprendizado formal (FERRARI, 2008), Lev Vygotsky, teórico interacionista, que abordou o desenvolvimento infantil como reflexo de seu processo sócio-histórico e de suas relações sociais, além da legislação brasileira referente a este ciclo de aprendizagem.


Atualmente, no Brasil, existe uma taxa significativa de pessoas não-alfabetizadas, sendo quase 2% daqueles entre 10 e 14 anos de idade e cerca de 9% dos que possuem mais de 15 anos de idade (IBGE, 2011). Conceitua-se, nesta realidade, a pessoa alfabetizada como aquela que declarou, durante pesquisa do censo, conseguir ler e escrever um bilhete simples. Também se observa em pesquisa do IBGE (2009) a porcentagem da população analfabeta funcional. Neste caso, a porcentagem da população passa para pouco mais de 20%. Apesar de que a definição de alfabetização funcional seja que um indivíduo consiga ter domínio da leitura e escrita de forma conceitual (não apenas como mero decifrador de códigos), o censo resume o analfabeto funcional como qualquer indivíduo que, apesar de conseguir ler e escrever um bilhete simples, não completou mais do que “três anos de estudo em relação ao total de pessoas na mesma faixa etária” (IBGE), como se o tempo que uma pessoa passou pelo processo de escolarização fosse suficiente para defini-lo como usuário da linguagem escrita (SOARES, 2004). Sabe-se, no entanto, que a condição de passar pela etapa da Educação Básica (Educação Infantil, EnsinoFundamental e Médio), infelizmente não proporciona ao estudante a garantia do domínio de uso da linguagem escrita. Ora, não é difícil encontrar em periódicos, estatísticas denunciando a quantidade de pessoas analfabetas funcionais que chegam aos bancos da academia. Pode-se encontrar, em uma simples pesquisa, taxas como 38% (Correio do Povo, 2012), chegando à metade dos graduados (GIESELER, 2014), classificados como pessoas que não possuem habilidades de escrita e leitura suficientes para compreender os textos necessários para sua plena formação superior.


Tendo em vista essas questões iniciais e a amplitude de temas envolvidos no processo de aquisição da linguagem escrita, buscou-se neste artigo compreender qual é o papel da afetividade como facilitadora da apropriação da linguagem escrita pelo educando do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Portanto, temos como pontos centrais de pesquisa as seguintes questões: de que maneira as crianças de 6 a 8 anos de idade se apropriam da linguagem escrita? Existe relação entre a afetividade e a aquisição da escrita? Há no campo de pesquisa teóricos interessados em descrever e estudar os processos aqui propostos?


Com o objetivo de dar respostas às questões propostas acima, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, buscando em produções de autores que estudaram o processo de aquisição da linguagem escrita e as relações entre aprendizagem escolar e afetividade. A escolha desta faixa etária se deu por ser a proposta atual na legislação (Meta 5 do Plano Nacional de Educação, de 2014) que todas as crianças terminem o 3º ano do Ensino Fundamental plenamente alfabetizadas.
Complementando a pesquisa bibliográfica, optou-se pelo uso do questionário, respondido por 12 professoras que trabalham no ciclo de alfabetização, com o objetivo de compreender de que forma essas profissionais entendem a afetividade como estopim para que as práticas em letramento tornem-se significativas aos educandos.

R$ 40 / h
Danielle C.
Curitiba / PR
Danielle C.
Horas de aulas particulares ministradas 10 horas de aula
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Especialização: Alfabetização e Letramento (Universidade Brás Cubas)
Professora, formada em Pedagogia, com especializações na área de educação, para aulas de reforço escolar no Ensino Fundamental. (1º a 5º ano)
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