aulas de Filosofia podem melhorar o desempenho das crianças
em 03 de Julho de 2016
Qual a diferença da simples opinião para o conhecimento efetivo? É possível, na busca por conhecimento, afastarmos qualquer possibilidade de erro e chegarmos a verdades irrefutáveis? Há limites para o que podemos conhecer? Quais as relações do conhecimento com a tecnologia, com a ética e com a fé religiosa? A atividade científica, cuja função é produzir conhecimento sobre diversos fenômenos naturais e culturais, fornece explicações mais objetivas e confiáveis do que as explicações consideradas não científicas? O que, afinal, é necessário para se qualificar uma explicação ou atividade como científica? Até que ponto as aparências nos enganam? O mundo, tal como o percebemos, é exatamente tal como ele é? Há coisas que são verdadeiras para todas as pessoas, ou tudo depende do ponto de vista adotado? O conhecimento é uma capacidade exclusiva dos seres humanos, ou a compartilhamos com outros seres vivos e mesmo, talvez, com máquinas?
Todas essas perguntas possuem um caráter peculiar. Elas não são de natureza fatual, embora dados empíricos possam servir como evidências para corroborar essa ou aquela resposta. Elas também não dizem respeito ao mero uso linguístico de palavras como “conhecimento”, “ciência”, “opinião”, objetividade”, mesmo que bastante competência linguística seja, obviamente, requerida para compreendê-las e o recurso a algum dicionário de sinônimos possa, eventualmente, ajudar a esclarecer algumas delas. Para além da descrição de fatos, ou das diferentes acepções das palavras, espera-se, de quem se disponha a responder essas questões, uma espécie de exercício cognitivo que envolve a análise racional e a reflexão sobre as idéias que compõem nossas visões de mundo.
Ora, não há como fingir indiferença às nossas próprias visões de mundo. Elas estão estreitamente relacionadas com nossas biografias, nossas escolhas, nossas emoções, nossos personalidades, nossas interações com as outras pessoas. Ao nos impelirem a confrontá-las, tanto aquelas questões – chamemo-las aqui de questões conceituais –, quanto o esforço de pensamento – chamemo-lo, genericamente, de reflexão filosófica – requerido por elas, reclamam a atenção de cada um(a) de nós. Por isso, apesar do caráter, por vezes, “exótico” da Filosofia, seus problemas e suas abordagens, ela jamais será um assunto exclusivo de especialistas. Isso vale para a Filosofia em geral e também para todas as questões sobre o conhecimento mencionadas acima.