Valorizando Decisões Estratégicas - Valuation
em 29 de Janeiro de 2025
A principal atividade das empresas de bilhetagem eletrônica é fornecer um meio de pagamento digital e administrar um sistema que processa todas as transações realizadas por meio dele. Podemos comparar essas empresas às operadoras de cartão de crédito, que oferecem meios de pagamento aos lojistas e cobram uma taxa pelas transações efetuadas.
No caso das operadoras de cartão de crédito, estudos indicam que a maior fonte de receita nem sempre são as taxas cobradas dos lojistas, mas os juros provenientes de atrasos nos pagamentos e parcelamentos das faturas. Isso se deve ao fato de essas empresas assumirem o risco ao conceder crédito aos clientes, garantindo aos lojistas o recebimento das vendas mesmo que o cliente não pague a fatura.
Já as empresas de bilhetagem eletrônica possuem uma fonte de receita conhecida como float financeiro. O float financeiro é a prática de investir temporariamente os valores recebidos dos clientes que ainda não precisam ser repassados a terceiros. Esses recursos ficam disponíveis durante o intervalo entre o recebimento e o pagamento ou saque.
Diferentemente das operadoras de cartão de crédito, no negócio de bilhetagem eletrônica os clientes primeiro realizam a recarga de créditos eletrônicos—efetuam um depósito financeiro na conta da empresa de bilhetagem. Em troca, recebem créditos para utilizar nos meios de transporte público que aceitam esse pagamento. Somente após a utilização desses créditos é que a empresa repassa os valores financeiros às operadoras de transporte, descontando uma taxa pré-estabelecida pela intermediação da transação.
Durante o período em que os créditos não são utilizados, o dinheiro permanece na conta bancária da empresa de bilhetagem. Nesse intervalo, a empresa investe esses valores em operações financeiras, obtendo receitas adicionais através do float financeiro.
Isso nos leva a refletir: quantas pessoas compram créditos eletrônicos para o transporte público e esses valores são significativos a ponto de gerar boas receitas de float? Por que optariam por depositar dinheiro em créditos eletrônicos em vez de pagar em espécie diretamente no transporte?
Essas são questões relevantes. No entanto, a principal fonte de receita não está nas pessoas físicas que compram créditos individualmente, mas nas empresas que, por obrigação legal, devem fornecer meios para que seus empregados se desloquem até o trabalho. Essas empresas adquirem grandes volumes de créditos eletrônicos para seus funcionários. Esse fluxo financeiro é substancial, pois envolve a compra antecipada dos créditos necessários para o deslocamento diário dos colaboradores, gerando uma receita significativa de float financeiro para as empresas de bilhetagem eletrônica.
Além disso, existem outras fontes de receita para essas empresas, especialmente relacionadas aos dados gerados pelas transações de bilhetagem. Esses dados podem ser utilizados não apenas como fonte de receita adicional, mas também como uma valiosa ferramenta para o planejamento da mobilidade urbana.
Em um próximo artigo, abordarei especificamente como esses dados podem ser aproveitados para otimizar o transporte público e contribuir para o desenvolvimento sustentável das cidades.
O modelo de negócio das empresas de bilhetagem eletrônica vai além da simples intermediação de pagamentos. Ele engloba estratégias financeiras e tecnológicas que permitem maximizar receitas enquanto oferecem conveniência aos usuários e eficiência aos operadores de transporte. À medida que a mobilidade urbana evolui, essas empresas estão bem posicionadas para desempenhar um papel ainda mais central no futuro das cidades inteligentes.