Reflexão sobre o Impacto do Fim da Escala 6x1
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Por: Fellipe F.
29 de Janeiro de 2025

Reflexão sobre o Impacto do Fim da Escala 6x1

Reflexão sobre o Impacto do Fim da Escala 6x1: Saúde dos Trabalhadores x Sustentabilidade Econômica

Administração Administração de Empresas Administração Financeira Gestão de Projetos Consultoria Empresarial

A jornada de trabalho na escala 6x1, onde o trabalhador trabalha seis dias consecutivos e folga um, é amplamente praticada em setores essenciais para a economia, como comércio, indústria e saúde. Esses setores dependem de operação contínua para atender à demanda da sociedade, especialmente em horários não convencionais. No entanto, o impacto da escala 6x1 na saúde mental e na qualidade de vida dos trabalhadores levanta questionamentos importantes: seria possível migrar para um regime de trabalho mais flexível, priorizando o bem-estar do trabalhador, sem impactar o custo de vida da população?

Aqui, reflito sobre as consequências práticas e teóricas do fim da escala 6x1, ponderando os benefícios para a saúde mental dos trabalhadores e os desafios econômicos que essa mudança poderia acarretar para a cadeia produtiva e a sociedade.

1. Saúde Mental e Qualidade de Vida: Uma Prioridade Justa e Necessária

Estudos comprovam que jornadas exaustivas e sem pausas regulares prejudicam a saúde mental e física dos trabalhadores. A escala 6x1, que oferece apenas um dia de descanso semanal, tem sido associada a altos níveis de estresse, menor qualidade de vida e maior taxa de esgotamento. Se pensarmos no impacto de um regime de trabalho mais flexível — por exemplo, com mais folgas semanais — podemos inferir que, a longo prazo, trabalhadores mais descansados seriam menos propensos ao absenteísmo, mais produtivos e possivelmente mais leais à empresa.

Assim, do ponto de vista teórico, a transição para uma escala menos intensa faria sentido, pois traz benefícios tanto para o colaborador quanto para a empresa, que poderia ver ganhos em produtividade e uma redução na rotatividade de pessoal. A questão é como viabilizar isso sem comprometer a operação contínua e, consequentemente, o custo de vida para a população.

2. A Realidade dos Setores com Operação Contínua

Setores como comércio, indústria e saúde exigem que as atividades sejam ininterruptas para garantir serviços essenciais e atender às demandas da população. Caso o fim da escala 6x1 fosse implantado, esses setores teriam que contratar um número maior de funcionários para cobrir as mesmas operações. Na prática, isso representa um aumento substancial nos custos de mão de obra, gerando pressão financeira que tende a ser repassada aos preços dos produtos e serviços. Esse ajuste, inevitavelmente, afetaria toda a população, que arcaria com o aumento do custo de vida — impactando de maneira mais aguda os trabalhadores e as famílias de menor renda, que já destinam grande parte de seu orçamento às despesas essenciais.

3. O Peso do Aumento de Custos sobre os Trabalhadores de Baixa Renda

Outro ponto crítico a considerar é que os trabalhadores com menor renda representam a maioria da força de trabalho nos setores que operam com a escala 6x1. Para eles, uma mudança para uma escala mais flexível poderia representar um risco direto de redução de jornada e, consequentemente, de renda, caso a estratégia das empresas fosse dividir a carga horária entre mais trabalhadores. Em outra perspectiva, manter a renda com a contratação de mais profissionais aumentaria os custos operacionais das empresas, que repassariam esses custos ao mercado — gerando inflação de preços, mais uma vez com impacto desproporcional sobre a população de menor renda.

4. Considerações Finais e Alternativas

Em suma, enquanto o fim da escala 6x1 pode, teoricamente, oferecer uma melhora significativa na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, sua implementação exige cautela devido aos impactos práticos e financeiros. Um cenário de transição para um regime de trabalho mais flexível sem o aumento dos custos de produtos e serviços é desafiador, mas alternativas viáveis poderiam ser exploradas.

Entre elas, destaco a possibilidade de criação de políticas públicas para apoiar essa transição. Incentivos fiscais para empresas que adotem escalas de trabalho mais flexíveis, especialmente em setores essenciais, e parcerias para desenvolver programas de qualidade de vida no trabalho são exemplos de ações que poderiam suavizar os impactos. Além disso, implementar políticas de bem-estar corporativo e oferecer mais oportunidades de desenvolvimento e capacitação são estratégias que beneficiam não apenas a saúde do trabalhador, mas também a sustentabilidade das operações.

Conclusão

Este é um tema que merece atenção e um debate cuidadoso, considerando tanto o lado do bem-estar dos trabalhadores quanto a capacidade econômica das empresas e os efeitos na população. O equilíbrio entre saúde mental e sustentabilidade econômica é possível, mas exigirá um compromisso conjunto entre empresas, governo e sociedade para garantir que os benefícios de uma jornada mais humana se tornem realidade sem comprometer a qualidade de vida dos mais vulneráveis.

Fellipe F.
Fellipe F.
Rio de Janeiro / RJ
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Graduação: Ciências Econômicas (Universidade Federal Fluminense)
Estratégia Empresarial, Gestão de Processos, Empreendedorismo
Especialista em finanças com mais de 10 anos de experiência - aulas de matemática financeira, economia, finanças, administração e contabilidade.

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