
A Escola como Instrumento de Reprodução Social: Uma Análise

em 02 de Fevereiro de 2025
A educação evolui — como todas as formas de trabalho — de maneira vertiginosa. E nós, educadores, seguimos correndo atrás: de atualizações, de novas metodologias, de ferramentas tecnológicas, de estratégias de engajamento. Somos constantemente cobrados a abandonar o “analógico”, enquanto fórmulas tradicionais de ensino são, muitas vezes, demonizadas.
A verdade é que, em muitos contextos, a própria educação tem sido demonizada.
Hoje, espera-se que nossas práticas sejam sempre lúdicas, digitais, interativas, instagramáveis. Compreendo que o mundo muda, e nós precisamos acompanhar. Aprendemos sobre inteligência artificial, testamos novos formatos de atividades, reformulamos estratégias — tudo para engajar nossos alunos, conquistar as famílias e atender às expectativas das coordenações.
Chegamos a um ponto curioso e preocupante: nem tudo que funciona em sala serve para o marketing. Às vezes, a atividade é válida, potente, significativa — mas não tem “cara de post”. E, silenciosamente, surge uma cobrança estética: o enquadramento, a cor, o filtro… o modelo do celular.
Sim, há escolas que pressionam professores a trocarem de celular — por modelos mais caros — apenas para garantir imagens "bonitas" para as redes sociais da instituição. E isso acontece enquanto muitos seguem ganhando o piso e mal conseguem cobrir o essencial.
O que era para ser uma valorização do nosso trabalho vira, em certos momentos, mais uma exigência que ultrapassa os limites do razoável.
Não é uma reclamação. É um desabafo. Um convite à reflexão.
A educação não pode ser reduzida a um feed bonito.
Ela é complexa, viva, desafiadora — e, acima de tudo, essencial.