Consiste em uma classificação geográfica que engloba aspectos naturais como clima, hidrografia, vegetação, relevo e solo, predominantes em uma determinada área, e a forma como eles se relacionam entre si. Os domínios morfoclimáticos brasileiros são : amazônico, caatinga, mares de morros, cerrado, araucárias e pradarias.
1- Domínio morfoclimático amazônico:
O Domínio morfoclimático amazônico é o maior do Brasil, e está praticamente todo localizado na Região Norte do país.
1.1 Relevo do domínio amazônico
No que diz respeito ao relevo, trata-se de um domínio cuja composição dá-se majoritariamente por terras baixas, ou seja, por locais de baixas latitudes e por grandes depressões.
1.2 Clima do domínio amazônico
O clima é equatorial, quente e úmido e as chuvas costumam ocorrer durante todo o ano. A temperatura média costuma atingir entre os 24ºC e os 27ºC.
1.3 Hidrografia do domínio amazônico
A hidrografia é um dos pontos de destaque desse domínio, visto que nele fica situada a maior bacia hidrográfica do Brasil, a Bacia hidrográfica amazônica. Isso influencia no fato de a região apresentar um grande volume de água.
1.4 Solo do domínio amazônico
Em sua grande maioria, o solo da região amazônica é composto por latossolos (formados em grande parte por material mineral) e argissolos (apresentam uma separação bastante nítida relativamente a horizontes de cor). Regra geral, o solo da região amazônica não possui um alto índice de fertilidade.
1.5 Vegetação do domínio amazônico
A vegetação é bastante diversificada e perene, ou seja, não costuma perder folhas ao longo do ano. O aspecto vegetal varia conforme a proximidade dos cursos de água e subdivide-se em três tipos:
- Matas de igapó: presentes em áreas constantemente inundadas pelos rios.
- Matas de várzea: presentes em áreas que são inundadas pelos rios de forma ocasional.
- Matas de terra firme: presentes em áreas que não são inundadas pelos rios.
2. Domínio morfoclimático da caatinga
2.1 Relevo do domínio da caatinga
O domínio morfoclimático da caatinga está localizado na Região Nordeste do Brasil, e apresenta um relevo formado por depressões.
2.2 Clima do do domínio da caatinga
O clima semiárido contribui para que haja um baixo índice de chuvas no local. A caatinga atravessa períodos de estiagem superiores a um ano e padece de diversas secas.
2.3 Hidrografia do domínio da caatinga
No que diz respeito à hidrografia, a maior parte dos rios são temporários (secam uma vez por ano). Isso ocorre devido às altas temperaturas da região e também devido ao tipo de solo, que por não apresentar uma boa permeabilidade, contribui para a evaporação da água.
2.4 Solo do domínio da caatinga
A má permeabilidade do solo tem impacto direto na quantidade de nutrientes; quanto mais água é possível reter, mais nutrido e fértil um solo é. Os solos argilosos (que contêm argila em 30% de sua composição), por exemplo, têm mais nutrientes do que os solos arenosos (que contêm areia em 70% de sua composição). Regra geral, a caatinga possui solo raso, isto é, um solo cuja camada rochosa fica bem perto da superfície.
2.5 Vegetação do domínio da caatinga
O fato de a caatinga possuir um solo raso dificulta que as raízes das plantas possam explorar o solo em profundidade. A vegetação da caatinga subdivide-se em três tipos:
1- Arbórea: vegetação que tem de 8 a 12 metros.
2- Arbustiva: vegetação que tem de 2 a 5 metros.
3- Herbácea: vegetação que tem abaixo de 2 metros.
Um fato bastante característico da vegetação da caatinga, é que ela conseguiu se adaptar às condições locais. A carnaúba, por exemplo, produz uma espécie de cera que reveste suas folhas, e ajuda a evitar a perda de água por evaporação. O juazeiro, por sua vez, desenvolveu raízes extremamente profundas, que permitem a absorção da água do solo. Há plantas que têm a capacidade de reter água; algumas espécies de cacto, por exemplo, conseguem reter mais de 3 litros..
3- Domínio morfoclimático dos mares de morros:
O domínio dos mares de morros ocupa o litoral brasileiro, estendendo-se desde o Nordeste até o Sul do país.
3.1 Relevo do domínio dos mares de morros
O relevo da região, que deu origem à designação deste domínio morfoclimático, caracteriza-se pela presença de morros arredondados, planaltos e serras, dentre as quais se destaca a Serra do Mar.
3.2 Clima do domínio dos mares de morros
Apesar de o clima dos mares de morros poder apresentar variações consoante as regiões, o clima tropical úmido é predominante. Por conta do clima tropical de altas temperaturas, o índice de chuva é alto. Isso pode fazer com que as encostas não sejam tão seguras; o risco de desabamentos é constante.
3.3 Hidrografia do domínio dos mares de morros
No que diz respeito à hidrografia, este domínio morfoclimático apresenta um vasto volume de água. Ele abrange duas importantes bacias hidrográficas brasileiras: a Bacia hidrográfica do Rio Paraná e a Bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Além disso, também dispõe de importantes hidrelétricas: a do Rio Paraná, a de São Simão e a de Três Marias. Apesar da abundância de água, uma grande parte dos rios dos mares de morros apresenta sérios problemas relacionados à poluição e à contaminação.
3.4 Solo do domínio dos mares de morros
Relativamente ao tipo de solo, um dos predominantes neste domínio é o massapé. Ele é formado pela decomposição do granito e do gnaisse na mata nordestina. Outro solo de destaque é o salmourão, que é formado pela destruição e decomposição química do granito na Região Sudeste. Por conta da boa irrigação, o solo dos mares de morros é bastante fértil.
3.5 Vegetação do domínio dos mares de morros
A vegetação dos mares de morros é uma das mais prejudicadas no que diz respeito à preservação. A expansão da agricultura comercial, o desmatamento para exploração de madeira e o desenvolvimento de centros urbanos são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário. Na região, a vegetação típica é a da Mata Atlântica, também chamada de Floresta Tropical Úmida, que devido à devastação ambiental está representada por apenas 7% da sua extensão original (geralmente em locais de difícil acesso).
4- Domínio morfoclimático do cerrado
4.1 Relevo do domínio do cerrado
No domínio do cerrado, o relevo é em sua maioria plano ou com pequenas ondulações. Composto por grandes planaltos e chapadões, esse domínio morfoclimático tem cerca de 50% da sua altitude entre os 300 e os 600 metros.
4.2 Clima do domínio do cerrado
O clima que predomina no cerrado é o tropical sazonal. A temperatura média da região ronda os 22 graus Celsius. No entanto, a máxima pode ultrapassar os 40 e a mínima pode ficar abaixo de 0, resultando em geadas. Trata-se de um domínio onde as estações do ano são bastante definidas: chove bastante no verão e o inverno é seco. O local também costuma atravessar um período severo de seca de outubro a abril.
4.3 Hidrografia do domínio do cerrado
Localizado na região central do país, o cerrado é também chamado de “caixa d’água do Brasil” por conta da sua hidrografia. Em seu território estão localizados leitos e nascentes de rios de 8 das 12 bacias hidrográficas brasileiras. São exemplos desses rios o Rio Araguaia, o Rio Tocantins e o Rio São Francisco. A hidrografia do cerrado é responsável pela geração de energia de 9 em cada 10 brasileiros, por conta da importância desse domínio morfoclimático para os recursos hidrelétricos do país.
4.4 Solo do domínio do cerrado
O solo do cerrado é tipicamente avermelhado e pode ser arenoso ou argiloso. Os tipos de solo predominantes nesse domínio são:
Latossolo: de cor avermelhada/amarelada, é um tipo de solo pobre em nutrientes, que cobre cerca de 46% do domínio do cerrado. É um solo profundo.
Podzólico: solo mineral fértil de cor avermelhada escura, e de considerável teor de ferro. Esse tipo de solo é bastante suscetível a erosões.
4.5 Vegetação do domínio do cerrado
A vegetação do cerrado consiste majoritariamente em arbustos e em árvores baixas, que não costumam estar concentrados em grupos, mas sim afastados uns dos outros. Tipicamente, os troncos têm casca bastante grossa e aparência retorcida; as folhas costumam ser ásperas.
4.6 Impactos ambientais no domínio do cerrado
O cerrado é o domínio morfoclimático que mais foi danificado pelos impactos ambientais ao longo dos anos. Dentre as principais causas dessa degradação estão:
Contaminação dos rios.
Abertura de rodovias.
Expansão das fronteiras agrícolas.
Queimadas.
5- Domínio morfoclimático das araucárias
5.1 Relevo do domínio das araucárias
O relevo do domínio das araucárias caracteriza-se por fortes ondulações e por terrenos montanhosos. De aparência protuberante e formado pelo processo de erosão, esse domínio se localiza no Planalto meridional, e tem uma altitude que vai desde os 500 aos 1.300 metros. Parte do relevo das araucárias é formado pela ação da erosão em rochas de diferentes resistências.
5.2 Clima do domínio das araucárias
O clima é majoritariamente subtropical e apresenta temperaturas médias, que costumam variar entre os 14 e os 30 graus. As estações do ano são definidas e, por isso, os invernos costumam ser rigorosos e os verões, quentes. A distribuição das chuvas ao longo do ano costuma ser bastante uniforme.
5.3 Hidrografia do domínio das araucárias
No que diz respeito à hidrografia, o domínio das araucárias possui um grande potencial, pois abrange algumas das principais usinas hidrelétricas do país. Dentre elas estão a Usina de Itaipu e a Usina de Furnas. A drenagem dá-se, principalmente, através dos rios da Bacia do Paraná e da Bacia do Uruguai. Duas vezes por ano, muitos dos rios desse domínio atravessam dois períodos de cheia e dois períodos de baixa nos níveis de água.
5.4 Solo do do domínio das araucárias
O tipo de solo mais característico das araucárias é a terra roxa. Apesar do nome, trata-se de um solo de cor avermelhada, que tem origem vulcânica e é formado através da decomposição do basalto. Esse solo apresenta umidade constante, que ocorre porque os rios das araucárias nunca secam. Isso faz com que a terra roxa seja naturalmente fértil e apropriada para o plantio.
5.5 Vegetação do domínio das araucárias
A vegetação predominante é a Mata de Araucária, também chamada de Mata dos Pinhais, que consiste em uma floresta de pouca densidade. No Brasil, ela concentra o único exemplo de coníferas (espécie cujo fruto tem formato de cone). A mata original se estendia de São Paulo até o Rio Grande do Sul, ocupando uma área de cerca de 200 mil km2. Devido à exploração para produção de móveis e de papel, a vegetação foi significativamente reduzida.
6- Domínio morfoclimático das pradarias
6.1 Relevo do domínio das pradarias
Também chamado de Pampas ou de Campanha Gaúcha, o domínio morfoclimático das pradarias apresenta relevo baixo e ligeiras ondulações chamadas de coxilhas. Por conta da amplitude desse tipo de relevo, a região é utilizada para a prática da pecuária.
6.2 Clima do domínio das pradarias
Tendo em conta o clima, as pradarias podem ser divididas em dois diferentes tipos:
1- Pradarias temperadas: são aquelas cujo clima varia entre temperaturas quentes e frias, de acordo com as estações do ano. O verão e a primavera costumam apresentar um grande volume de chuvas; já o inverno e o outono são tipicamente secos.
2- Pradarias tropicais: são aquelas que apresentam clima quente e seco durante o ano todo.
6.3 Hidrografia do domínio das pradarias
No que diz respeito à hidrografia, destacam-se alguns rios como o Rio Ibicuí, o Rio Santa Maria e o Rio Uruguai. Esses rios apresentam grande fluxo, e são responsáveis pela drenagem ininterrupta deste domínio morfoclimático. Todos eles pertencem à Bacia do Uruguai.
6.4 Solo do domínio das pradarias
O solo das pradarias geralmente é profundo e de cor escura. A tonalidade da cor é originada da decomposição de uma matéria orgânica que o cobre, chamada húmus. O húmus torna o solo fértil e, por conta disso, as pradarias costumam ser utilizadas para plantação, principalmente de cereais. Em algumas regiões de pradaria, o tipo de solo é o arenito. Nesses locais, a agricultura é desenvolvida através do uso de máquinas e de técnicas de correção do solo. Outros dois tipos de solo existentes nas pradarias são o paleossolo vermelho e o paleossolo claro.
6.5 Vegetação do domínio das pradarias
No que diz respeito à vegetação, as pradarias são cobertas por espécies herbáceas e rasteiras, com alturas que costumam variar entre 10 e 50 cm..
Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos:
As faixas de transição são áreas localizadas entre os domínios morfoclimáticos, que os delimitam e apresentam características específicas. Tais características geralmente são uma mistura de aspectos dos domínios cujas fronteiras são delimitadas pelas faixas.
1- Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil.
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Ao longo dos anos, os seis domínios morfoclimáticos brasileiros sofreram impactos que modificaram suas características originais. |
Florestas que antes eram vastas e densas, como a das Araucárias, hoje praticamente não existem mais, alguns rios foram contaminados com o mercúrio utilizado pelos garimpeiros, a prática da agricultura sem prévia preparação do solo resultou em erosão, dentre outros.
Essas alterações ambientais foram resultado da ação do homem. Veja alguns aspectos que contribuíram para a devastação:
• Extração de madeira.
• Atividade agrícola não sustentável.
• Expansão das cidades.
• Lançamento de esgoto no mar.
- Qual a diferença entre domínios morfoclimáticos e biomas? A palavra bioma considera um conjunto de seres vivos (fauna e flora) que vivem adaptados às condições de uma determinada região, e a forma como interagem com esse ambiente. Pode-se dizer que um bioma é uma comunidade biológica; um conjunto de ecossistemas.
Um domínio morfoclimático, por sua vez, considera a combinação de uma série de elementos naturais como relevo, clima, vegetação, solo e hidrografia, e a forma como esses elementos interagem entre si.
Assim, podemos dizer que, enquanto o bioma enfatiza a vida (tipos de espécies e ecossistemas), o domínio morfoclimático destaca os aspectos físicos, especialmente no que diz respeito à forma como clima, vegetação, relevo, solo e hidrografia interagem, e à paisagem resultante dessa interação.
Videoteca:
Biomas Brasileiros: https://youtu.be/0dlXce3s4mo
Domínios Morfoclimáticos- Amazônico: https://youtu.be/DbbbscfoQ4s
Domínios Morfoclimáticos- Cerrado: https://youtu.be/GhVjtc1x41k
Domínios Morfoclimáticos- Mares de Morro: https://youtu.be/4PJwFp1iR4g
Domínios Morfoclimáticos- Caatingas: https://youtu.be/S_UoKlRUQQc
Domínios Morfoclimáticos- Araucárias: https://youtu.be/7jGYF722htQ
Domínios Morfoclimáticos- Pradarias: https://youtu.be/4yuF8TxLbq4
Domínios Morfoclimáticos- Zonas de Transição: https://youtu.be/tYdAJuMC2XE