Comunicação científica
em 06 de Junho de 2020
Pesquisas conduzidas no meio da floresta amazônica são sempre desafiadoras! Na minha pesquisa de Mestrado, realizada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, investiguei a ocorrência de Compostos Orgânicos Voláteis - popularmente conhecidos como os “cheiros da floresta” – do grupo Monoterpenos (C10H16) nos troncos de árvores conhecidas como “breus”, cuja ocorrência de seus indivíduos é amplamente notada nos estratos florestais da Amazônia. Hoje, com muita alegria e satisfação, recebi a notícia que o artigo oriundo do meu Mestrado foi aceito em uma revista internacional de alto impacto, a Phytochemistry!
Chegar até aqui, entretanto, não foi uma tarefa fácil. Foram, praticamente, 4 anos de estudo, que incluíram, entre outras, as etapas de elaboração do tema de pesquisa, coletas de campo nas estações seca e chuvosa da Amazônia Central, análise e discussão dos resultados, redação do artigo, submissão, 3 rejeições (!!!), exaustivas correções e, finalmente, aceite e publicação. Como principais resultados, detectamos a ocorrência de 28 diferentes monoterpenos emitidos dos troncos de 15 espécies do gênero Protium. Denominamos de “impressões digitais” de monoterpenos (“monoterpene fingerprints”) os 9 padrões de “cheiros” encontrados nos troncos, determinados pela ocorrência do monoterpeno “dominante” para cada indivíduo. Além disso, para alguns indivíduos analisados em 2015, repetimos os mesmos procedimentos de coleta no ano de 2017, o que, para nossa surpresa, resultou na ocorrência dos mesmos monoterpenos! Nossos resultados implicam em maiores entendimentos com relação à ecologia (interação planta-inseto) e evolução, fisiologia e manejo florestal das árvores resinosas da Amazônia (visando práticas de extração de resinas cada vez mais sustentáveis). O artigo completo, cujo acesso é livre, já está disponível no site da revista (https://www.sciencedirect.com/…/artic…/pii/S0031942218302620).
Gostaria de registrar meu enorme agradecimento ao meu orientador e amigo, Kolby Jardine, por todos os grandes ensinamentos científicos, como também de vida. Aos meus amigos de grupo de pesquisa, agradeço pela convivência diária e por todas as discussões científicas e filosóficas (Bruno Gimenez, Raquel Fernandes Zorzanelli, Letícia Cobello). Também agradeço aos grandes amigo que fiz na turma CFT15 (a melhor turma de Mestrado de todos os tempos!), além da minha família e amigos de Curitiba, por todo o suporte emocional ao longo dos 2 anos de Mestrado longe de minha cidade natal.
Por fim, como meus colegas de academia muito bem sabem, ter um artigo publicado em uma revista internacional é uma tarefa árdua e dispendiosa, como também onerosa, o que, muitas vezes, faz com que desistamos ao longo do caminho. Portanto, um salve especial àqueles que são protagonistas da ciência em nosso país, professores e, principalmente, colegas de Pós-graduação.
Viva a Ciência!