
Logaritmo no Cotidiano

em 26 de Fevereiro de 2025
A termodinâmica está em toda parte, governando processos desde o funcionamento de máquinas industriais até a regulação da temperatura do nosso próprio corpo. Embora seja comum associá-la apenas a motores e geladeiras, seu alcance vai muito além. Para quem deseja um olhar mais técnico sobre o assunto, vamos explorar como essas leis atuam de forma menos óbvia em nosso cotidiano.
Geladeiras: Não Criam Frio, Apenas Transportam Calor
O funcionamento de uma geladeira se baseia no ciclo de refrigeração, que explora os princípios da segunda lei da termodinâmica. O compressor aumenta a pressão do fluido refrigerante, elevando sua temperatura. Esse fluido quente passa pelo condensador, onde libera calor para o ambiente externo (sim, sua geladeira esquenta o ar da cozinha!).
O ponto interessante é o evaporador dentro da geladeira. Ali, o fluido refrigerante se expande e absorve calor dos alimentos e do ar interno, resfriando-os. Esse calor não desaparece – ele é apenas transferido para o ambiente externo. Uma curiosidade pouco comentada é que, se você deixar a porta da geladeira aberta tentando resfriar um cômodo, estará apenas aquecendo o ambiente, pois o compressor terá que trabalhar mais e dissipará ainda mais calor.
Outro ponto técnico importante: o coeficiente de performance (COP) das geladeiras, que mede sua eficiência, pode ser muito maior que 1, algo impossível para motores térmicos. Isso ocorre porque a geladeira não converte energia em trabalho, mas sim transfere calor, respeitando a relação matemática:
onde Qc é o calor extraído do compartimento refrigerado e é o trabalho realizado pelo compressor.
Motores: A Ilusão da Eficiência Perfeita
Nos motores térmicos, como os de automóveis, a conversão de calor em trabalho está limitada pela eficiência de Carnot, que depende das temperaturas da fonte quente () e da fonte fria (
), dada pela equação:
Isso significa que, mesmo o motor mais avançado jamais atingirá 100% de eficiência – sempre haverá uma fração de energia dissipada na forma de calor. Por isso, radiadores e sistemas de resfriamento são indispensáveis.
Um detalhe menos óbvio é que motores operando em altitudes elevadas, onde o ar é mais frio e menos denso, podem perder potência. Isso acontece porque a menor densidade do ar reduz a quantidade de oxigênio disponível para combustão, diminuindo a eficiência térmica. Para compensar, carros modernos usam sensores e ajustes eletrônicos para otimizar a mistura ar-combustível.
Seu Corpo: Um Sistema Termodinâmico Equilibrado
O corpo humano também segue rigorosamente as leis da termodinâmica. Nossa temperatura corporal é mantida em torno de 36,5 - 37,5°C graças ao equilíbrio entre calor gerado pelo metabolismo e calor perdido para o ambiente.
Quando a temperatura externa sobe, suamos para aumentar a dissipação de calor por evaporação. Mas há um detalhe técnico interessante: se a umidade do ar estiver muito alta, o suor não evapora com eficiência, reduzindo a capacidade de resfriamento do corpo. É por isso que sentimos mais calor em dias úmidos, mesmo que a temperatura não seja tão alta.
Outro ponto curioso: a eficiência do nosso corpo ao converter energia química dos alimentos em trabalho mecânico é baixíssima, entre 20% e 25%, pois grande parte da energia é dissipada como calor. Se fôssemos tão eficientes quanto motores elétricos, precisaríamos de muito menos comida para realizar as mesmas atividades!
A termodinâmica rege desde o funcionamento dos motores que movem nossos carros até a forma como nosso corpo regula sua temperatura. Entender esses processos com um olhar mais técnico nos permite enxergar padrões e otimizar sistemas, seja ajustando a eficiência de uma geladeira ou compreendendo como um ambiente úmido pode afetar nosso conforto térmico. Afinal, não há como fugir das leis da termodinâmica – elas sempre estarão nos controlando, quer percebamos ou não.
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