Os Soldados de Cristo no Poder
Por: Luiz J.
03 de Dezembro de 2020

Os Soldados de Cristo no Poder

Jesuítas: Da origem ao Papado de Francisco I

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Os Soldados de Cristo no poder

“Jesus nos ensina de outra forma: Saiam. Saiam e compartilhem seu testemunho, saiam e interajam com seus irmãos, saiam e peçam: Tornem-se o mundo em corpo assim como em espírito”.

Para muitos, o pronunciamento do Papa Francisco, eleito no conclave do dia 13 de março, pode ser interpretado como prenúncio de uma nova Igreja que se edifica. Entretanto, ao analisar as origens do cardeal, as palavras soam familiares e coerentes: Jorge Bergoglio é um Jesuíta.

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Quando Inácio de Loyola criou a Companhia de Jesus, com certeza não poderia imaginar o papel fundamental que a mesma exerceria na propagação da fé católica pelo mundo. Afinal de contas, quem são os Jesuítas? Qual foi o contexto para a sua criação? Quais foram as polêmicas que envolveram suas relações com o Vaticano?

Letrados, inovadores e disciplinados, deram à educação um novo status e tornaram-se intimamente ligados aos processos de formação de professores, intelectuais e missionários, particularmente na Europa e América Latina.

Origens

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A existência de ordens religiosas não era novidade na Idade Média. Franciscanos e Dominicanos assumiram uma função específica de pregação junto à população mais humilde. Os Jesuítas, entretanto, se dedicaram à expansão do catolicismo além do velho continente e essa se tornou a base de suas ações.

A Europa nas primeiras décadas do século XVI é palco de mudanças em diversos níveis. A formação dos Estados Nacionais coexistia com a Expansão Marítima e o Renascimento Cultural afirmava as transformações da mentalidade europeia.

Neste ambiente, Lutero iniciou um processo que implicaria na maior ruptura enfrentada pela Cristandade: a Reforma Protestante. As ideias do monge alemão se expandiram com relativa rapidez pela Europa e foram acompanhadas pelas reformas de Calvino na França e Henrique VIII na Inglaterra. As alterações do mapa religioso europeu criaram uma necessidade de reação por parte de Roma, concretizada a partir do Concílio de Trento (1545-1563). Mais que uma mera formalidade, estava em jogo a sobrevivência da fé católica.

A Companhia de Jesus foi criada em 1534 por estudantes da Universidade de Paris e oficializada em 1540 pelo Papa Paulo III. Liderados por Inácio de Loyola e Francisco Xavier, o grupo possuía forte espírito cruzadístico e se reportava diretamente ao Pontífice. Seus objetivos eram a expansão do catolicismo, inclusive para a Terra Santa, onde buscariam a conversão daqueles considerados infiéis. Entretanto, sua capacidade de organização e intelectualidade ampliaram horizontes, tornando-os responsáveis por um processo de globalização religiosa sem precedentes.

Rumo ao Oriente

Após a instalação da ordem em Portugal, o caminho para a Ásia ficou mais próximo. Como desdobramento da Expansão Marítima, a Companhia partiu para a Índia em 1541, agindo de forma mais independente em relação ao Estado luso e iniciando uma atuação mais efetiva junto à população.

Sob o comando de Francisco Xavier, criaram a missão no Japão e iniciaram o projeto para a difusão do catolicismo para a China. O padre não viveu o suficiente para ver realizada a catequização entre os chineses, mas sua memória permanece sendo extremamente respeitada no oriente. Suas ações foram um marcador de águas para a mudança na concepção sobre a expansão da fé católica. A crença na adesão espontânea dos povos visitados foi substituída pela metodologia sistemática, pela disciplina e pela capacidade de adaptação a diversas realidades. Francisco Xavier confirmou a tese quando se apresentou em ricos trajes aos senhores japoneses, pois sabia que aquela cultura não apreciava a pobreza entre lideranças religiosas. Até mesmo o evangelho foi adaptado de acordo com elementos locais, como na passagem em que Cristo transforma a água… em saquê.

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A arquitetura seguia o estilo dos templos budistas e as roupas copiavam o padrão dos monges. Mesmo quando enfrentavam algum obstáculo em áreas de religião mais consolidada, como no Tibete, usavam o recurso da cultura e ciência para tentar, de forma sutil, propagar mensagens do evangelho.

É importante ressaltar que as correspondências jesuíticas não são apenas referências à ordem. Muitas delas caracterizam os primeiros relatos sobre regiões antes desconhecidas pelos europeus. Desta forma, a produção cultural da Companhia de Jesus pode ser analisada pelo âmbito da Geografia, das Relações Internacionais e da História. Seus documentos são, inclusive, utilizados nos países visitados como fontes de pesquisa.

Mas nem tudo correu da forma planejada. O crescimento de sua influência criou forte oposição em algumas regiões e os jesuítas tornaram-se alvo de autoridades locais. As constantes perseguições ocasionaram significativa redução na quantidade de católicos no oriente, o que não reduz a importância da ordem como elo fundamental nas relações entre ocidente e oriente.

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Luiz J.
Ipatinga / MG
Luiz J.
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Especialização: FINANÇAS APLICADAS (Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG))
Sou empresário na área de educação. Atuo, também, como professor de história, empreendedorismo e economia. Atuo em pré-vestibulares e colégios.
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em 13 de dezembro de 2020

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