Construção do espaço mundial
Por: Marcelle G.
22 de Junho de 2018

Construção do espaço mundial

Processo de desenvolvimento do Capitalismo

Geografia Geopolítica Ensino Médio

 

Para a Geografia, entender como se deu a construção do espaço mundial atual é muito importante, pois facilita a compreensão das ações que afetam diretamente o espaço geográfico. Particularmente no Brasil, o que vivemos hoje é resultado de um período de colonização e exploração de recursos naturais. Ao enxergamos o mundo, vemos grandes desigualdades entre países: países desenvolvidos e com tecnologia de ponta, e países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que se sustentam com a exportação de matéria prima.

Esta forma como o mundo é organizado, que chamamos de Divisão Internacional do Trabalho, é fruto de conquistas feitas por países europeus. Por isso nós passamos muito tempo estudando a estruturação e organização da Europa, pois foi ela que ditou, a princípio, os moldes mundiais atuais. Muito desta dominação se deu por fundamentos que eram difundidos na época.

Adam Smith, por exemplo, foi um economista inglês muito famoso e que viveu no século XVIII. Para ele, de modo geral, a riqueza de uma nação é determinada pela condição climática. Ou seja, para ele países mais frios são mais ricos e países mais pobres são mais quentes. Naquela época, ele usou deste argumento para confirmar a necessidade de exploração de lugares quentes (eles não vão se desenvolver mesmo né!?). E muitas pessoas acreditam nisso até hoje. Porém, isto é uma grande mentira.

Iremos ver ao longo deste texto que o combustível para a exploração e colonização mundial pelos europeus se deu com o sistema econômico atual, o Capitalismo. Graças ao seu desenvolvimento e demandas, nações europeias tiveram a necessidade de buscar outros locais do planeta, tanto para comercializar, quanto para explorar. A partir de agora, nós iremos desenvolver a ideia do processo de desenvolvimento do capitalismo como combustível para a expansão europeia no mundo e que moldou a desigualdade entre países.

 

Processo de desenvolvimento do Capitalismo

 

O capitalismo é um modo de produção econômico, ou seja, é a forma com que a economia se desenvolve. Ele começou a se formar por volta do século XVI, mas foi estruturalmente caracterizado por Karl Marx e Friedrich Engels no século XVIII, no auge da revolução industrial, na Inglaterra. É o sistema econômico padrão da sociedade ocidental.

Pela obra de Marx e Engels, o Capitalismo funcionaria da seguinte maneira (grosso modo):

-a sociedade se dividiria em: dono dos meios de produção (capitalista/burguês) e proletário (trabalhador/operário/dono da força de trabalho);

-o dono dos meios de produção seria o detentor do dinheiro (capital). Quanto mais ele produzia sua mercadoria, mais ele lucrava com isso. Ao contrário do capitalista, os trabalhadores vendiam sua força de trabalho para ter dinheiro, entretanto ganhavam pouco dinheiro. O lucro, ou excedente, ficava nas mãos do dono capitalista.

-para que o capitalista ganhasse cada vez mais dinheiro, era necessário vender cada vez mais.

Esta estrutura vigora em todas as etapas de capitalismo existentes, desde a comercial (nos primórdios do sistema) até o informacional (mais recente).

Podemos entender como características básicas do Capitalismo¹:

Estrutura de propriedade: no capitalismo predomina a propriedade privada, pois a maioria dos meios de produção pertencem a agentes econômicos privados (em muitos países o Estado também é dono de muitos meios de produção - empresas estatais);

Objetivo: o objetivo do capitalismo é a busca por lucro, ou seja, a reprodução do dinheiro.

Mecanismo de funcionamento da economia: no capitalismo, o funcionamento se dá pela lei da oferta e da procura, ou seja, seus investimentos buscam obter maior rentabilidade e o setor econômico que estiver com maior procura normalmente é onde há maior investimento dos capitalistas, uma vez que tendo maior procura há maior ganho de dinheiro.

Relação de trabalho: predomina o trabalho assalariado, juntamente com outras relações não-capitalistas, como arrendamentos em áreas rurais e relações ilegais como escravidão.

Meios de troca: no capitalismo, o principal meio de troca é o dinheiro (moeda ou papel-moeda); cheques; cartões (crédito e débito);

Relação social: no capitalismo há uma divisão de classes, onde o dinheiro é concentrado nas mãos das classes donas dos meios de produção. Isto caracteriza o Capitalismo como um sistema econômico desigual para a sociedade.

Atualmente, nós podemos perceber que o sistema capitalista é bem heterogêneo na forma de ganhar dinheiro, ou lucro: através do comércio, das indústrias, dos bancos, da ciência e da informação. Estas são etapas evolutivas do sistema, entretanto, o capitalismo evoluiu aos poucos e demorou cerca de 500 anos para chegar ao patamar atual. Por isso, torna-se importante entender o processo de desenvolvimento do capitalismo ao longo destes anos e identificar as principais causas e características das evoluções adquiridas.

 

Características e conceitos importantes para cada fase

1) Capitalismo Comercial

Mercantilismo: doutrina econômica que pregava a intervenção governamental na economia, com o objetivo de aumentar o poder do Estado.

Metalismo: a riqueza e poder de um país, ou nação, eram medidos pela quantidade de metais preciosos que possuíam.

Acumulação Primitiva de capital: a fase do capitalismo comercial foi designada por Marx como uma fase de grande acumulação de riquezas da burguesia europeia através da exploração de colônias (América).

2) Capitalismo Industrial

Revolução Industrial: o primeiro período aconteceu no Reino Unido e o segundo nos Estados Unidos. É caracterizada como uma fase em que a transformação da natureza em produtos e mercadorias cresceu vertinosamente através do uso de máquinas, que na época eram equivalentes a força de trabalho de vários homens. A diferença entre as duas revoluções foi o combustível utilizado e o crescimento do processo de produção.

Regime Assalariado: nesta fase, os trabalhadores que iam trabalhar nas fábricas e indústrias eram pagos com um salário. O trabalho assalariado é uma relação de trabalho tipicamente capitalista.

Liberalismo: doutrina econômica que surgiu nesta fase e que tinha como objetivo a não intervenção do Estado na economia, o que parecia ser um empecilho. A regra seria a livre concorrência.

Imperialismo: nesta fase, com o brutal crescimento da produção, devido às máquinas, era cada vez maior a necessidade de buscar novas fontes de máterias-prima. Desta forma, começou-se a explorar outros locais além da América. Esta expansão aconteceu na África e na Ásia.

Divisão Internacional do trabalho: depois da expansão imperialista e partilha das áreas colonizadas da África e da Ásia, além da continuação da exploração, mesmo que menor, na América Central e do Sul, o mundo foi dividido em países industrializados e ricos e países pobres, colonizados e que exportavam matéria-prima. Esta divisão ficou conhecida como DIT – Divisão Internacional do Trabalho.

3) Capitalismo Financeiro

Primeira Guerra Mundial: este seria o marco para a chegada da nova fase do capitalismo. Na guerra, grandes empresas lucraram muito e aumentaram suas influências no planeta. Como exemplo podemos citar indústrias bélicas que levaram para os Estados Unidos prosperidade. Com o crescimento das empresas houve um processo de concentração de capitais e o aumento da concorrência.

Monopólios e Oligopólios: o aumento da concorrência favoreceu a fusões e incorporações de grandes empresas. Monopólio seria uma situação em que uma única empresa domina determinado produto ou serviço e, assim, esta empresa determina o valor do produto (muitas vezes altissímos). Já o oligopólio seria um conjunto de empresas que dominam determinado produto ou setor de mercado, determinando valores abusivos e eliminando qualquer concorrência.

Crise de 1929: primeira crise do capitalismo que ocorreu de forma global. Foi causada pelo excesso de produção industrial e agrícola, pois a maioria dos trabalhadores não podiam comprar tais produtos por serem mais caros e seus sálarios não serem suficientes. Foi essa crise que acabou com que nós conhecemos como liberalismo. Foi necessário uma intervenção estatal para que a economia se estabilizasse novamente.

Keynesianismo: política de intervenção estatal em uma economia tipicamente liberal. A partir dela, começou-se a difundir o Wellfare state e o Esatdo começou a regular a economia através de leis.

Trustes: grandes grupos de empresas que dominam um setor da economia, desde a retirada de matéria-prima até a distribuição da mercadoria.

Cartel: trustes que fazem acordos entre si estabelecendo um preço comum e inviabilizando a livre concorrência.

4)Capitalismo Informacional

Terceira revolução industrial: começou a se concretizar após a segunda guerra mundial onde empresas tecnológicas começaram a disseminar produtos provenientes de conhecimento científico.

Teor informacional: o capitalismo começou a se difundir com mão de obra cada vez mais qualificada, o que mostrou, e mostra até hoje, a importância da ciência e do conhecimento no mercado.

Parques Tecnológicos: empresas de alta tecnologia agragadas às pesquisas de grandes universidades. Nestes parques, há grande concentração de indústrias na área de informática, telecomunicações, robótica, etc.

Globalização: podemos entender esta fase como a disseminação do capitalismo em nível global, porém desigual, a medida em que regiões com maior poder de compra são mais globalizadas.

Neoliberalismo: nova doutrina econômica que surgiu nesta fase, por volta da década de 80, onde buscou-se a intervenção mínima do Estado na Economia. A sua diferença com o liberalismo clássico se dá na medida em que o neoliberalismo não retira totalmente a intervenção do estado, onde este atuaria em medidas de proteção a serviços coletivos, como saúde, educação e segurança.

Crises financeiras: nesta fase ocorreram várias crises financeiras, sendo a última em 2008. Isto mostra que a crise pode afetar a doutrina neoliberalista, gerando dúvidas quanto a sua efetividade.

 

REFERÊNCIAS:

SENE, E.; MOREIRA, J. C. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e Globalização, volume único. São Paulo, Scipione, 1998.

SENE, E.; MOREIRA, J. C. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização, volume 2. São Paulo, Scipione, 2014

 

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