APRENDA MELHOR EM 8 TÉCNICAS
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Por: Marcelo B.
21 de Dezembro de 2020

APRENDA MELHOR EM 8 TÉCNICAS

APRENDA MELHOR

Pedagogia Aprendizagem e Desenvolvimento neurociências

OITO TÉCNICAS PARA APRENDER MELHOR

  1. MODO FOCADO E MODO NÃO FOCADO (CONCENTRADO vs DISPERSO)

O cérebro funciona melhor quando intercalamos ou alternamos um momento focado, concentrado, de grande atenção e dedicação ao que estamos estudando com um momento não focado, disperso, relaxado, descontraído, descansando. Por exemplo, 25min focados com intervalos de 5-10min não focados. Em cada um desses momentos, partes diferentes do cérebro funcionam. A alternância entre os dois modos é fundamental para a retenção das informações e para melhor aprendizagem. Ou seja, momentos de “desatenção”, de “olhar para o horizonte” e de fazer o que quiser são fundamentais para o cérebro aprender, pois no modo focado iremos “carregar” o cérebro com informações. No modo não focado, as informações carregadas serão “digeridas”, organizadas e novamente processadas. Podemos encontrar a solução de um problema quando estamos no modo disperso, e não no focado. Portanto as aulas nas escolas deveriam mudar radicalmente de formato e valorizar tanto o momento em que o aluno está prestando atenção quanto o momento em que ele deixa de prestar atenção. Esses dois momentos são importantes para a aprendizagem.

  1. TÉCNICA POMODORO – TÉCNICA DO TOMATE

Como um tomate irá te ajudar? “Pomodoro” significa “tomate” em italiano. Um rapaz chamado Francesco desenvolveu um cronômetro em formato de tomate. A técnica pomodoro é a aplicação da técnica do modo focado e não focado, apenas isso. Primeiro você precisa de um cronômetro. Cronômetro em formato de tomate é ótimo, mas qualquer cronômetro serve. 1. Desligue todas as distrações — seu telefone, a televisão, música, seu irmão. Qualquer coisa que atrapalhe sua capacidade de estar focado. Encontre um lugar silencioso, onde você não será interrompido.      2. Ajuste o cronômetro para 25 minutos.              3. Comece a trabalhar e fique focado na tarefa o máximo que puder. Vinte e cinco minutos não é muito tempo. Você consegue!             4. Recompensa. Após 25 minutos, dê uma recompensa a si mesmo. Assista a um videoclipe ou ouça sua música preferida (pode dançar, cantar...). Faça carinho no seu cachorro ou converse com seus amigos por cinco ou dez minutos. A recompensa é a parte mais importante de todo o processo pomodoro. Quando queremos muito uma recompensa, o cérebro nos ajuda a manter o foco. Esses 4 passos são chamados de “fazendo um tomate” ou “fazendo um pomodoro”. Essa técnica ajuda a diminuir a procrastinação, isto é, o “depois eu estudo”.

 

  1. RELEMBRAR ATIVAMENTE ou LEITURA ATIVA

Essa técnica significa trazer uma ideia de volta à mente, relembrar. Muito utilizada como uma estratégia para leituras.

PRIMEIRO – PASSEAR PELAS PÁGINAS: se você vai começar a ler um livro, seja ele de qualquer matéria, primeiramente você fará uma viagem pelo livro, folheará o livro, olhará as figuras, tabelas e gráficos (se tiver), olhará o índice ou sumário, olhará os títulos dos capítulos, palavras em negrito e em itálico, a contracapa etc. Essa olhada inicial geral está preparando e organizando o teu cérebro para receber as informações. Funciona como um trailer de filme ou um mapa de viagem que olhamos antes de viajar. Não comece a ler e estudar o livro logo de cara, passeie por ele durante alguns minutos. O cérebro é mais eficiente na aprendizagem quando tem primeiro uma visão geral e, depois, adquire detalhes para preencher essa visão geral. É uma visualização prévia. Para potencializar essa visão prévia, você ainda pode fazer algumas perguntas específicas que quer que a leitura responda, pois assim conseguirá manter o foco por mais tempo. Se você tem alguma ideia do que você está prestes a ler, seu cérebro pode reconhecer e processar muito mais informações do que se você simplesmente mergulhar de cabeça na leitura.

SEGUNDO – LER COM ATENÇÃO: após você ter passeado pelo livro e ter adquirido uma visão geral, então comece a lê-lo efetivamente, com atenção, focado, para adquirir a visão em detalhes. Não tenha pressa. Leia o parágrafo novamente se não entendeu ou se sua atenção dispersou (é perfeitamente normal que nossa atenção disperse; isso não significa ser menos inteligente). Anote na margem ou em um pedaço de papel algumas palavras sobre uma ideia que você ache importante. Se achar necessário, sublinhe uma ou duas palavras-chave, mas não muitas. Aqui entra o relembrar ativamente: Tire os olhos do livro e veja o que consegue relembrar. Quais são as ideias-chave da página? Repita-as em sua mente ou em voz alta. Não é para ler várias vezes, é para falar em voz alta com suas próprias palavras. Resgatar a ideia-chave de sua própria mente, em vez de apenas ler ou relê-la no livro, é a ideia central por trás da técnica de recordar ativamente.

TERCEIRO – RELEMBRAR ATIVAMENTE: leia apenas um parágrafo de cada vez e pare. Coloque as informações desse primeiro parágrafo com suas próprias palavras, de preferência em voz alta. Isso é a leitura ativa ou relembrar ativamente. Vá para o segundo parágrafo e faça a mesma coisa, agora juntando as informações dos dois parágrafos. Depois de ler o terceiro parágrafo, pare e fale em voz alta sobre os três parágrafos, de forma resumida - e assim por diante, até o final do texto ou do livro. Dessa forma, você divide uma grande tarefa em blocos menores e gerenciáveis, mas as informações dos blocos são integradas a um entendimento completo do tópico em questão. Parece que esse processo vai demorar muito? Na verdade, esse método leva menos tempo, pois você não precisa reler muitas vezes e recomeçar a todo momento, e não avançar no texto. Portanto, embora você esteja lendo mais devagar, você está sempre avançando, então o fim chega mais rápido e com uma melhor compreensão. Devagar e sempre!

QUARTO – TURBINANDO A LEITURA ATIVA: a leitura ativa pode ser turbinada, maximizada ou complementada com anotações (resumindo o parágrafo com uma ou poucas palavras), criando mapas conceituais ou mentais, flashcards (cartões rápidos) etc.

 

  1. ESTUDO INTERCALADO-ALTERNADO vs ESTUDO EM BLOCO

Intercalar ou alternar os conteúdos de estudo talvez faça você aprender mais do que estudar em bloco. Mas como são esses estudos? O estudo em bloco é o tradicional, o treino massivo, intensivo e de repetição de um assunto ou conteúdo. Historicamente, o treino massivo e de repetição persistente é tido como eficiente. Porém, estudos recentes sugerem que o estudo alternado seja mais eficaz. A prática variada melhora sua capacidade de transferir a aprendizagem obtida em uma situação e aplicá-la em outra. Podemos chamar o estudo alternado de “rotação de matérias”. Em vez de esgotar assuntos, eles são divididos e aprendidos todos ao mesmo tempo, em pequenas porções alternadas. A alternância ou rotação pode se dar por assuntos, conteúdos ou matérias. Esse método auxilia na retenção da memória de longo prazo (permanente), permitindo um estudo ativo por maior tempo e permite que os modos cerebrais focado e disperso funcionem melhor. Entretanto, caso você perceba que está indo bem e aprendendo bem uma só matéria, não precisa parar e mudar para outra matéria. E se você aprender melhor assim, continue. Você planeja uma “sessão de estudos” ou “ciclo de estudos” e dentro deles você pode alternar os temas e as matérias. A rotatividade pode manter o estímulo constante, possibilitando permanecer em atividade por um tempo maior e gerar menor desgaste. Estudos recentes de neuroimagem sugerem que tipos diferentes de práticas mobilizam partes diferentes do cérebro. A intercalação ajuda a desenvolver a habilidade de diferenciar os problemas. Para realizar o estudo alternado você pode usar a técnica pomodoro (item 2).

  1. RESOLVA DE FORMA MAIS EFICIENTE EXERCÍCIOS E A TAREFA DE CASA

A maioria dos alunos faz o dever de casa examinando exemplos de exercícios no livro-texto (livro didático) ou nas anotações de aula e tentando copiar as etapas descritas para chegar à resposta correta. Esse método é pouco eficiente. Tente o seguinte método mais eficiente:

  1. Antes de tentar resolver as questões e os problemas do dever de casa, leia ativamente o livro didático e qualquer anotação de aula.
  2. Ao encontrar exercícios resolvidos (para servirem de exemplo), trabalhe esses exercícios sem consultar as soluções fornecidas. Para cada exercício, mesmo se você ficar preso nele, não souber a próxima etapa e não conseguir resolvê-lo, faça o seu melhor para avançar e chegar a uma resposta (sem consultar a resolução).
  3. Após tentar sozinho, olhe no livro didático apenas a resposta final e não as etapas executadas para encontrar a solução. Se sua resposta estiver errada, releia o texto do livro ou as anotações da aula para investigar por que e onde você cometeu erros. Muito aprendizado importante e profundo ocorre durante esse processo de investigação. O processo cerebral de investigação e descoberta gera maior aprendizagem e retenção de informações do que simplesmente copiar. No início o problema pode parecer tão difícil que você nunca será capaz de resolvê-lo. Mas no final parecerá tão fácil que você não entenderá por que achava tão difícil.
  4. Se você chegou à resposta correta, compare sua abordagem (suas etapas de resolução) com a do livro didático ou do professor. Se as abordagens forem diferentes, pergunte-se se ambas as abordagens são válidas. Se ambas forem válidas, qual abordagem você prefere? Por quê?

Em suma: olhe as respostas ou soluções do livro didático somente depois de ter feito o seu melhor esforço para resolver sozinho os exercícios. Esse processo oferece oportunidades para reflexão, metacognição (pensar sobre a própria aprendizagem) e maior aprendizagem.

Observação: Se você acha que não tem confiança para tentar essa estratégia, convencido de que se não olhar para as soluções do livro didático não conseguirá nem iniciar o exercício, pode tentar o seguinte: Gaste pelo menos cinco minutos lendo o livro didático ou notas de aula para ver se você consegue descobrir como começar o problema. Se depois de cinco minutos você ainda estiver perplexo, deve olhar apenas para a primeira etapa do exemplo e continuar resolvendo o problema. Se você ainda estiver perdido, gaste mais cinco minutos na etapa dois e continue assim até resolver o problema. Usando este método, você maximiza sua oportunidade de resolver problemas de forma independente.

Você certamente cometerá “erros” ao longo desse processo, e pode cometê-los muitos, sem medo, e o professor sempre deve apoiar isso. Cometer erros é ótimo. Sabe por que? Você aprende com seus erros. Você pode corrigir seus erros. Você dificilmente cometerá o mesmo erro duas vezes. Você aprende onde sua mente tende a dar errado. Você não perderá pontos se cometer um erro agora.

Em geral, você deve começar com problemas fáceis e avançar para os mais difíceis. O sucesso precoce é um motivador poderoso, e o fracasso precoce é um desencorajador poderoso. Todavia isso não é uma regra, pois em provas e testes com uma quantidade de tempo determinada, você talvez devesse começar pelos problemas mais difíceis, se estudou para a prova, pois caso não tenha estudado, você deverá começar pelas mais fáceis. A técnica chama-se “início difícil” (ou “engula os sapos primeiro”): olhe rapidamente a prova inteira. Marque as questões que acha mais difíceis. Depois escolha uma dessas e comece a trabalhar. Trabalhe nessa questão por mais ou menos dois minutos — ou até você sentir-se empacado. Assim que empacar, pare. Procure uma questão mais fácil para aumentar sua confiança. Resolva uma ou duas questões fáceis e volte à difícil. Talvez agora consiga progredir um pouco. Se você esperar até o final da prova para concentrar-se nas questões mais difíceis, não haverá tempo para seu cérebro alternar entre os modos focado e não focado (disperso), o que pode atrapalhar a resolução do problema.

A técnica do início difícil é válida tanto para provas como para o dever de casa, porque permite que você use os dois modos do cérebro mais efetivamente. Também é um treino valioso para desconectar e passar para questões que você é capaz de resolver. Desconectar é um grande desafio para quem está fazendo prova: o tempo pode acabar sem que tenhamos resolvido problemas fáceis que conseguiríamos resolver. Durante uma prova, é preciso desconectar mais depressa quando nos sentimos empacados do que quando estamos fazendo a tarefa de casa. Uma regra geral é, se ficar empacado por mais de dois minutos numa questão, mude de questão!

Tenha cuidado para não desprezar a prática deliberada (concentrar-se no conteúdo que é mais difícil para você) e se focar apenas na aprendizagem preguiçosa (estudar apenas o que é mais fácil e que você já sabe).

  1. PALÁCIO DA MEMÓRIA – SOLTE A IMAGINAÇÃO

Muitos campeões de memorização criam imagens malucas para conseguirem memorizar milhares de informações. Uma das técnicas utilizadas é a do “palácio da memória”, que utiliza um lugar familiar como ferramenta para memorização. Essa técnica existe há séculos. Pesquisas recentes mostraram que utilizar essa técnica muda o cérebro e ajuda a melhorar a memória. Pense em um lugar que você conhece bem, como a sua casa. Agora coloque mentalmente as coisas que você precisa memorizar em lugares da sua casa conforme for andando por ela. Imagine cada uma delas de um modo bobo ou surpreendente e adicione um pouco de movimento a elas. Em seguida, imagine que você está andando pela casa e vendo ou até mesmo falando com essas coisas. Digamos que você precise se lembrar de alimentos. Leite, pão e ovos. Imagine encontrar uma garrafa gigante de leite, que lhe escancara um sorriso quando você entra pela porta da frente. “Olá, Sr. Leite. Você está especialmente enorme hoje”, você diz.

Então, na sala de estar, pense em um pão deitado no sofá. “Sr. Pão, você está muito folgado. Não tem coisa melhor para fazer do que ficar aí deitado?” Entendeu a ideia? Quanto mais vívidas e absurdas as imagens forem, melhor! Isso funciona, pois o cérebro é muito melhor em imagens, movimentos e sons – fantasiosos e malucos ou não – do que em apenas palavras ou frases puras e secas. Invente histórias e narrativas para um assunto, faça associações, use a imaginação e criatividade, com músicas, analogias e metáforas, e verá que será mais fácil lembrar e relembrar desse assunto.

  1. SEJA O PROFESSOR

Você também pode avaliar sua compreensão do assunto ensinando-o a alguém, a um objeto, a um animal de estimação etc. Ao tentar explicar os conceitos de uma maneira que outras pessoas possam entender, você se torna ciente das lacunas em sua compreensão ou dos detalhes que não são totalmente claros para você. Ensinar ou explicar a alguém é um bom modo de aprender, além disso, quem ensina aprende mais do que aquele que está ouvindo a explicação, por isso que aulas tradicionais são tão ineficientes para gerar aprendizagem para todos os alunos. A realidade é que numa aula tradicional quem mais aprende é o próprio professor (e não o aluno).

  1. DESCUBRA O QUE SERÁ COBRADO NA PROVA

Você já tentou descobrir o que será cobrado em um exame ou prova? A partir do programa, das anotações das aulas, das tarefas de casa e dos questionários, você pode deduzir os tópicos e tipos de problemas que aparecerão no exame. Em seguida, você pode criar um esboço de um exame ou criar seu próprio exame usando o banco de problemas do livro didático.

 

ÚLTIMAS PALAVRAS - QUE FIQUE MUITO CLARO: Apesar das dicas e recomendações acima para aprender melhor e se dar melhor nas provas e testes, afirmo com força e com fundamento na lei e na ciência, que o mais pedagogicamente correto e ético que as escolas e universidades deveriam fazer é banir as provas e testes, para o bem de todos, pois o prejuízo pedagógico-psicológico ao aluno é muitíssimo maior que o benefício (se é que há algum benefício). A chamada “pedagogia do exame” deve ser banida, ou pelo menos da maneira como os exames são elaborados e utilizados. Entretanto, considerando que ainda é essa pedagogia que prepondera, vamos tentar salvar os alunos dela.

 

FONTE - TEXTO BASEADO EM:

Aprendendo a aprender para crianças e adolescentes. Barbara Oakley, 2019.

Teach Yourself How to Learn, Saundra McGuire, 2018.

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