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em 21 de Dezembro de 2020
MEMÓRIAS
POR QUE ESTUDAR NA VÉSPERA DA PROVA NÃO FUNCIONA?
Você tem, basicamente, dois sistemas de memória: memória transitória e memória permanente. A realidade cerebral, claro, é mais complexa e sofisticada, e neurociência está sempre avançando, mas essa classificação tradicional das memórias já ajudará você nos primeiros passos para compreender o funcionamento cerebral.
MEMÓRIA TRANSITÓRIA: chamada também de memória de trabalho, operacional ou de curto prazo. É a memória transitória. É o local que armazena as informações do agora, do consciente, no momento em que está pensando e trabalhando, portanto quando parar de pensar nelas e trabalhar, elas desaparecerão ou irão para a memória de longo prazo. Guarda as informações por um prazo curto de tempo, de curta duração. O sistema de memória de trabalho está localizado principalmente em seu córtex pré-frontal (região da testa). Você pode pensar em sua memória de trabalho como se ela fosse o animal “polvo”, com apenas 4 braços ou tentáculos. Isso explica por que sua memória de trabalho consegue segurar apenas uma quantidade limitada de informação.
MEMÓRIA PERMANENTE: também chamada de memória de longo prazo. Um espaço para armazenar memórias por um prazo longo. É a memória permanente. A memória de longo prazo está espalhada pelo seu cérebro. Você tem que “alcançá-la” com os braços do seu polvo. Sua memória de longo prazo tem um espaço de armazenamento quase infinito. Mas você precisa explorá-lo com prática e criando um processo. Essa memória é como um “armário” do seu cérebro, no qual você pode “pendurar” ou guardar muitas informações, mas terá de acessá-las ou buscá-las. Você pode armazenar muitas informações na memória de longo prazo. Imagens são mais fáceis de armazenar na memória de longo prazo do que fatos. O sono (atuando no funcionamento da região cerebral chamada hipocampo) é muito importante para a consolidação da aprendizagem.
Respondendo à pergunta do título: estudar na véspera da prova não funciona, porque você estará colocando uma grande quantidade de informações na memória operacional ou de trabalho, uma memória passageira e transitória, sobrecarregando essa memória, que não consegue reter (segurar) muitas informações. Logo, o resultado de “estudar tanto” na noite anterior à prova é o rápido esquecimento, afinal a memória é transitória, de curto prazo. Como resolver isso? Há duas maneiras: 1. Banir as provas e utilizar outras formas muito mais eficientes e pedagógicas de avaliação da aprendizagem, pois, na verdade, as “provas não provam nada” e podem ser muito prejudiciais para a aprendizagem e desenvolvimento do aluno e da aluna. Talvez podemos dizer que a única coisa que a prova avalia é a capacidade da memória operacional que, em termos pedagógicos é algo inútil ou quase inútil; 2. Reforçar e reativar – estudar, repetir e relembrar – várias vezes o conteúdo. Mas isso deve ser feito ao longo de vários dias ou semanas, e não na noite anterior à prova. É necessário tempo e esforço para que se formem e se estabilizem novas conexões sinápticas (cerebrais, neuronais), daí a importância de uma rotina de estudos. Sem novas repetições, ativações ou experiências a curva do esquecimento avança, principalmente nas primeiras horas após estudar.
As estratégias de aprendizagem que melhor funcionam são aquelas que respeitam como o cérebro funciona, como o cérebro aprende e, infelizmente, a maioria esmagadora das escolas brasileiras (e mesmo do mundo), ignoram esse fato. As emoções e a motivação têm grande impacto (positivo ou negativo) na aprendizagem. As escolas devem se dedicar a compreender isso!
FONTES - TEXTO BASEADO EM:
Aprendendo a Aprender – Barbara Oakley, 2019.
Neurociência e Educação – Ramon Cosenza e Leonor Guerra, 2011.