MEMÓRIAS
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Por: Marcelo B.
20 de Dezembro de 2020

MEMÓRIAS

POR QUE ESTUDAR NA VÉSPERA NÃO FUNCIONA?

Biologia Neurociência básica

MEMÓRIAS

POR QUE ESTUDAR NA VÉSPERA DA PROVA NÃO FUNCIONA?

Você tem, basicamente, dois sistemas de memória: memória transitória e memória permanente. A realidade cerebral, claro, é mais complexa e sofisticada, e neurociência está sempre avançando, mas essa classificação tradicional das memórias já ajudará você nos primeiros passos para compreender o funcionamento cerebral.

MEMÓRIA TRANSITÓRIA: chamada também de memória de trabalho, operacional ou de curto prazo. É a memória transitória. É o local que armazena as informações do agora, do consciente, no momento em que está pensando e trabalhando, portanto quando parar de pensar nelas e trabalhar, elas desaparecerão ou irão para a memória de longo prazo. Guarda as informações por um prazo curto de tempo, de curta duração. O sistema de memória de trabalho está localizado principalmente em seu córtex pré-frontal (região da testa). Você pode pensar em sua memória de trabalho como se ela fosse o animal “polvo”, com apenas 4 braços ou tentáculos. Isso explica por que sua memória de trabalho consegue segurar apenas uma quantidade limitada de informação.

MEMÓRIA PERMANENTE: também chamada de memória de longo prazo. Um espaço para armazenar memórias por um prazo longo. É a memória permanente. A memória de longo prazo está espalhada pelo seu cérebro. Você tem que “alcançá-la” com os braços do seu polvo. Sua memória de longo prazo tem um espaço de armazenamento quase infinito. Mas você precisa explorá-lo com prática e criando um processo. Essa memória é como um “armário” do seu cérebro, no qual você pode “pendurar” ou guardar muitas informações, mas terá de acessá-las ou buscá-las. Você pode armazenar muitas informações na memória de longo prazo. Imagens são mais fáceis de armazenar na memória de longo prazo do que fatos. O sono (atuando no funcionamento da região cerebral chamada hipocampo) é muito importante para a consolidação da aprendizagem.

Respondendo à pergunta do título: estudar na véspera da prova não funciona, porque você estará colocando uma grande quantidade de informações na memória operacional ou de trabalho, uma memória passageira e transitória, sobrecarregando essa memória, que não consegue reter (segurar) muitas informações. Logo, o resultado de “estudar tanto” na noite anterior à prova é o rápido esquecimento, afinal a memória é transitória, de curto prazo. Como resolver isso? Há duas maneiras: 1. Banir as provas e utilizar outras formas muito mais eficientes e pedagógicas de avaliação da aprendizagem, pois, na verdade, as “provas não provam nada” e podem ser muito prejudiciais para a aprendizagem e desenvolvimento do aluno e da aluna. Talvez podemos dizer que a única coisa que a prova avalia é a capacidade da memória operacional que, em termos pedagógicos é algo inútil ou quase inútil; 2. Reforçar e reativar – estudar, repetir e relembrar – várias vezes o conteúdo. Mas isso deve ser feito ao longo de vários dias ou semanas, e não na noite anterior à prova. É necessário tempo e esforço para que se formem e se estabilizem novas conexões sinápticas (cerebrais, neuronais), daí a importância de uma rotina de estudos. Sem novas repetições, ativações ou experiências a curva do esquecimento avança, principalmente nas primeiras horas após estudar.

         As estratégias de aprendizagem que melhor funcionam são aquelas que respeitam como o cérebro funciona, como o cérebro aprende e, infelizmente, a maioria esmagadora das escolas brasileiras (e mesmo do mundo), ignoram esse fato. As emoções e a motivação têm grande impacto (positivo ou negativo) na aprendizagem. As escolas devem se dedicar a compreender isso!

 

 

FONTES - TEXTO BASEADO EM:

Aprendendo a Aprender – Barbara Oakley, 2019.

Neurociência e Educação – Ramon Cosenza e Leonor Guerra, 2011.

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