O reino encantado do Plano Marshall

     Nossos pais, e até nossos avós, quando estudadavam um idioma estrangeiro na escola, ou era o Latim, ou era o Francês, ou os dois juntos.

     Mas, afinal... como é que a Língua Inglesa veio parar até aqui a ponto de se tornar o que a linguísta Jennifer Jenkins batizou de lingua franca?!

     Como idiomas que tem bem mais a ver com o nosso Português (o Latim e o Francês) foram substituídos por uma língua de matriz anglo-saxã?

     As teorias em torno do que fez a Língua Inglesa ser o que é hoje são inúmeras! Incontáveis! Há várias frentes e formas de explicação. De fato, todas são válidas, mas quase nenhuma delas costuma trazer em si certo teor de ser convincente.

     Bom... teoria por teoria... hipótese por hipótese, cabem aqui duas frentes cujas apostas costumam ser bem altas.

Money changes everything!

     A primeira delas teria a ver com dinheiro.

     Com uma Europa em avançado estado de ruína após a Segunda Grande Guerra, algo precisava ser feito. Mas como se boa parte dos países não tinha sequer infraestrutura para sua própria reconstrução?

     O surgimento desse plano de reconstrução, o Plano Marshall, injetou dinheiro nesse processo (o de reconstrução), só que evidenciou os EUA como protagonista, inclusive, dos novos paradigmas econômicos e financeiros.

     Essa circunstância, por si só, já evidenciava a presença da Língua Inglesa nos ideários ao redor do planeta.

     Isso somado às intenções britânicas de transformação do idioma pátrio numa espécie de produto e o caminho para que o Inglês começasse a se tornar o rei dos idiomas se pavimentou.

     Reparem que, até hoje, são inúmeras as escolas de Inglês no Reino Unido a oferecer tal serviço. Obviamente que as escolas de língua também são encontradas em países como Estados Unidos, Canadá, Autrália, Nova Zelândia, entre outros. Contudo, a habilidade britânica de associar língua com cultura, através de um apelo bem mais próximo ao Turismo do que à Linguística, fizeram os quatro país do Reino Unido quase imbatíveis na arte de trazer, todo ano, mais e mais pessoas inclusive para seus territórios com o objetivo de estudar o idioma.

Simples & Funcional

     OK! Se o dinheiro manda no mundo, somente isso já seria o suficiente para entender o motivo do Inglês ter invadido nossas grades curriculares e botado para correr o Latim e o Francês.

     Contudo, o Inglês apresentou uma outra facilidade: é mais simples do que os demais.

     A conjugação de verbos no Inglês é bem mais simples se comparada às demais línguas. Outro ponto se deve à característica do idioma: uma língua monossilábica, de sílaba fechada. Reparem que a maioria das palavras em Inglês são de duas, três e quatro letras, o que confere esse pormenor, com três unidades fonêmicas (ou sílabas), de construção de uma frase inteira ("I eat egg", "We drink milk", "The kids ride bikes" e, por aí, vai...).

     Comparado a línguas neolatinas, como o Português, a vitória torna-se incontestável na candidatura à lingua franca. Imaginem! "Pa-ra-le-le-pí-pe-do" reúne sete sílabas, mas para uma palavras apenas.

     Sem contar que os campos semânticos na Língua Inglesa são mais completos do que o Português: a quantidade de palavras disponíveis no conjunto do idioma Inglês costuma ser de duas a três vezes maior do que nosso idioma materno (quem é romancista nos dois idiomas sente a diferença!).

     Enfim, as teorias são inúmeras. Sempre cabe o debate. Para todos os efeitos, o Inglês, por mais algum tempo, continuará como a lingua franca do mundo.