Ergonomia e suas contribuições para melhorias nas condições
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Por: Marcos E.
05 de Maio de 2024

Ergonomia e suas contribuições para melhorias nas condições

Análise do desgaste físico e mental dos funcionários de uma confecção de roupas íntimas na cidade de Eugenópolis-MG.

Administração Ergonomia Administração de Empresas Geral Geral Geral Gestão de Projetos

Ergonomia e suas contribuições para melhorias nas condições do trabalho: Análise do desgaste físico e mental dos funcionários de uma confecção de roupas íntimas na cidade de Eugenópolis-MG.

Autor: Marcos Eusébio Agostini

Resumo 

Diante de um cenário de dificuldades no mercado de trabalho e de recessão na economia brasileira, os funcionários, na maioria das vezes, sofrem com a pressão no trabalho a todo o momento e, algumas vezes, não conseguem corresponder com suas tarefas diárias devido a um ambiente irregular ou uma maneira indevida na qual realiza seu trabalho. Neste contexto, esse artigo busca destacar a importância da aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho para a saúde dos funcionários e também para o crescimento das empresas. Adota-se também nesse artigo um estudo de caso com a aplicação de um questionário, visando relacionar os riscos na saúde física e mental dos funcionários com a idade, sexo e esforço físico e mental dos mesmos fora do ambiente de trabalho. O questionário aplicado na empresa foi respondido por 60 funcionários, que forneceram respostas sobre o ambiente de trabalho, qualidade de vida fora da empresa e problemas relacionados à saúde, por meio da análise das respostas dos funcionários foi possível identificar os fatores que são influentes na saúde e na produtividade dos trabalhadores da empresa. Outro método utilizado nesse estudo foi uma entrevista com o coordenador da empresa para que fosse possível identificar possíveis soluções para os problemas relacionados ao ambiente de trabalho. Através da abordagem desse estudo conclui-se que fatores como trabalho repetitivo, qualidade do sono e relacionamento no trabalho podem interferir negativamente na produtividade do trabalhador na empresa podendo proporcionar assim um risco da empresa demitir alguns funcionários por não atingirem as metas dessa empresa.

Palavras-chaves: Ergonomia; Qualidade de vida; Riscos Ergonômicos.


1. Introdução
 
Atualmente é possível notar em algumas empresas que determinada quantidade de funcionários não correspondem a expectativa de realização da tarefa, e o que pode ocasionar esse fato pode ser tanto fator psicológico quanto técnico ou até mesmo um desgaste físico, em um ambiente organizacional onde a produtividade é essencial para atingir a lucratividade na empresa a ergonomia é uma ferramenta fundamental para reduzir os riscos na saúde dos funcionários e também melhorar a produtividade dessa empresa.
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem (LIDA, 2005, p.2), podendo ter também outras definições , segundo Corrêa e Boletti (2015,p.2), a ergonomia é “a ciência do trabalho, uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana”. Buscando eliminar possíveis riscos à saúde do trabalhador a ergonomia pode contribuir para um trabalho mais produtivo e um profissional mais satisfeito com seu próprio rendimento tanto no trabalho como na vida pessoal. Apesar de ser extremamente importante para as empresas a ergonomia deixa mesmo nos dias de hoje, de ser aplicada em muitas delas, uma das maiores barreiras que impedi a aplicação da ergonomia é 
a ausência de diálogo entre o empregador e os funcionários da empresa.
  “Um problema de ergonomia ocorre quando um aspecto da interface está em desacordo com as características do usuário e com a maneira pela qual ele realiza sua atividade” (CYBIS; BETIOL; FAUST, 2015, p. 242). Para que a aplicação da ergonomia obtenha resultados satisfatórios em um ambiente de trabalho é necessário primeiramente que haja uma análise minuciosa da postura, técnica utilizada e também do tempo para executar a tarefa, muitas empresas utilizam como parâmetros a produtividade de alguns funcionários para realizar a mesma tarefa, com isso elas determinam o que precisa ser feito e consequentemente o custo de reparação. 
Na maioria dos estudos, pesquisas e abordagens sobre o tema ergonomia muitos autores buscam viabilizar soluções que tornam a execução do trabalho eficiente e benéfica à saúde do funcionário, recentemente esse tema vem sendo discutido e abordado por diversos especialistas que até relacionam a prática ergonômica como solução para o aumento da produtividade e redução no índice de lesões que muitas vezes são causadas por excesso de movimentos repetitivos. Esse artigo tem como objetivo analisar e determinar quando e porque é necessário a implantação da ergonomia em um ambiente de trabalho analisando resultados obtidos através de um questionário aplicado aos funcionários de uma confecção de roupas e determinando assim fatores que contribuem para o desgaste físico e mental dos funcionários.
Este trabalho está estruturado em nove sessões além desta introdução. As cinco sessões seguintes destacam questões conceituais da ergonomia, inclusive sua aplicabilidade no ambiente de trabalho, riscos e impactos na qualidade de vida dos trabalhadores. Na sequência, na sessão n. 7, é apresentado a proposta metodológica deste artigo. Em seguida, demonstra-se os resultado de pesquisa. Finalmente, no capítulo n. 9, trata-se das conclusões deste artigo. 

2. Evolução, Características e Definições.

Sendo uma disciplina mundialmente conhecida nos dias de hoje o surgimento da ergonomia ocorreu em 1949 após a segunda guerra mundial devido ao fato da morte de muitos soldados que não recebiam treinamento necessário para operar os equipamentos de guerra naquela época, alguns anos depois em 1983 surgiu a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) que destaca-se por estudar, praticar e divulgar informações necessárias sobre essa disciplina, segundo a Abergo (2000) ergonomia é definida como:

Uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. (ABERGO, 2000).

Atualmente a ergonomia possui um papel um pouco mais amplo nas empresas, além de ser fundamental na redução no índice de acidentes no trabalho também pode contribuir para um funcionário mais motivado e produtivo considerando diversos fatores que podem influenciar na satisfação desse funcionário. Como enfatizam Másculo e Vidal (2011, p.27) “a ergonomia como interdisciplinaridade interage com várias disciplinas no campo das Ciências da Vida, Técnicas, Humanas e Sociais. Seus conteúdos se orientam para o Design, Arquitetura e engenharia , cuja inserção nesses quadrantes é basicamente a mesma.” 
Diante diversas áreas onde a ergonomia está presente busca-se em todas elas a prevenção dos riscos ergonômicos, que podem ocorrer em diversas situações como em um levantamento de peso, esforço repetitivo, postura inadequada ou até mesmo em uma situação de estresse que pode afetar diretamente no desempenho e na eficiência durante a realização de tarefas. Apesar de estar constantemente sendo relacionada ao ambiente de trabalho a ergonomia pode ser aplicada em qualquer ambiente inclusive em casa onde determinadas tarefas oferecem diversos riscos nos quais prejudicam consequentemente o rendimento no trabalho, por isso é de extrema importância realizar qualquer tarefa com o máximo de cuidado e conforto possível para estar assim pronto para novos desafios.

3. Maneiras de aplicação e a conscientização dos funcionários

Muitas empresas atualmente procuram desenvolver novas tecnologias para aumentar a produtividade no trabalho, no entanto algumas vezes os funcionários não se adaptam corretamente a essas tecnologias apresentando dificuldades de interpretar as informações, tornando-se assim desnecessário o investimento, o fato é que por mais eficiente e rápido que seja a ferramenta não adiantará se o operador não conseguir se adaptar a ela.
A aplicabilidade da ergonomia no ambiente de trabalho esta presente em várias etapas, sendo uma delas, a observação da relação entre o posto de trabalho e os funcionários, muitas vezes é possível verificar uma variação na produtividade de alguns funcionários após a troca de determinada ferramenta ou máquina no ambiente de trabalho, isso ocorre principalmente decorrente a falta de treinamento que algumas empresas não fornecem a seus colaboradores, o manuseio e postura correta diante as ferramentas de trabalho não só atrapalham a produtividade do funcionário como também pode causar danos a sua saúde e quando isso acontece muitas vezes, a empresa perde bons funcionários devido à ausência da ergonomia. Após essa etapa é de extrema importância conscientizar os funcionários sobre a necessidade de uma mudança no relacionamento com o posto de trabalho, demonstrando os benefícios que uma boa postura e um bom manuseio das ferramentas de trabalho podem trazer a saúde, os métodos que podem demonstrar esses benefícios são realizando palestras e reuniões na empresa e fornecendo o treinamento necessário para que possam adaptar a novas maneiras de executar suas tarefas. 
 A próxima etapa para aplicação da ergonomia é a exclusão dos riscos ergonômicos presentes no ambiente de trabalho, em algumas situações não será possível a exclusão de todos os riscos devido as características físicas da empresa, no entanto é possível redefinir uma postura para que o funcionário se sinta bem ao executar sua tarefa, é sempre importante para a empresa que o próprio funcionário busque através de seu conhecimento identificar e corrigir problemas relacionados à adaptação a ferramenta de trabalho,  Lida ( 2005) enfatiza que: 

Muitas vezes, os problemas ergonômicos não são completamente solucionados; nem na fase de concepção e nem na fase de correção. Além do mais, novos problemas poderão surgir a qualquer momento, devido à própria dinâmica do processo produtivo. Podem ocorrer, por exemplo, desgastes naturais das máquinas e equipamentos, modificações introduzidas pelos serviços de manutenção, alteração dos produtos e da programação da produção, introdução de novos equipamentos, substituição de trabalhadores e assim por diante. Os imprevistos podem surgir a qualquer momento e os trabalhadores devem estar preparados para enfrentá-los (LIDA, 2005).

Em algumas situações os riscos ergonômicos não são solucionados devido ao custo elevado para as empresas para promover mudanças em máquinas ou equipamentos, em outras situações o custo de implantação da ergonomia pode ser relativamente baixo quando, por exemplo, o problema está na falta de iluminação, ausência de equipamento de segurança ou postura inadequada na execução da tarefa, sendo assim atualmente ainda existem muitas empresas que deixam seus funcionários expostos a riscos ergonômicos permitindo as vezes que eles não desenvolvam todo o conhecimento técnico nas tarefas realizadas.
Considerando os diversos fatores que influenciam nas condições do trabalho e podem comprometer no rendimento dos funcionários como, por exemplo, a iluminação, temperatura e ruídos a ergonomia tem o papel fundamental para que esses fatores não sejam comprometedores à saúde do trabalhador, e cabe assim ao empregador a responsabilidade de identificar, analisar e transformar se necessário esses fatores.
Segundo Lida (2005, p.36), “a aplicação sistemática da ergonomia na indústria é feita identificando-se os locais onde ocorrem problemas ergonômicos mais graves. ” Esses problemas muitas vezes ocorrem devido à falta de adaptação do trabalho ao funcionário, pois algumas empresas determinam que seus funcionários realizem o trabalho sem o treinamento adequado , ou até mesmo sem estar ciente dos riscos que esse tipo de trabalho fornece a saúde, por essa razão todo o trabalho que condiciona riscos à saúde do funcionário devem antes de ser realizado entendido e treinado adequadamente pelo trabalhador durante um período de tempo necessário para que no momento certo realize esse trabalho da melhor  maneira possível sem que provoque qualquer tipo de risco a saúde do trabalhador.

3.1. Dificuldades na implantação

No processo de implantação da ergonomia não existe um custo padrão para todas as empresas, mas é possível afirmar que muitas vezes o custo de prevenir doenças de trabalho e acidentes é inferior ao custo de reparação. De acordo com Lida (2005): 

A análise do custo/benefício indica de um lado, o investimento (quantidade de dinheiro) necessário para implementar um projeto ou uma recomendação ergonômica, representado pelos custos de elaboração do projeto, aquisição de máquinas, materiais e equipamentos, treinamento de pessoal e queda de produtividade durante o período de implantação. Do outro lado, são computados os benefícios, ou seja, quanto vai se ganhar com os resultados do projeto. Aí podem ser computados itens como economias de material, mão de obra e energia, redução de acidentes, absenteísmos e aumento da qualidade e produtividade (LIDA, 2005).

Sendo assim é muito importante que as empresas saibam projetar e ajustar corretamente os postos de trabalho de modo que haja possibilidade de qualquer funcionário exercer sua função da melhor maneira possível, outro fator que é muito importante para a saúde e produtividade do trabalhador é o treinamento, muitas empresas investem com bons equipamentos e ferramentas de trabalho que são benéficos para a saúde dos funcionários, entretanto muitas não fornecem a seus funcionários o treinamento e a orientação necessária para que seja possível a realização de um trabalho eficaz, confortável e seguro.
Atualmente é possível afirmar que nem sempre a necessidade de implantação de um estudo ergonômico nas empresas está relacionada com as características físicas dos trabalhadores, pois o fator que vem sendo muito preocupante para as empresas é saúde mental de seus funcionários que muitas vezes estão sujeitos a sofrerem pressão por resultado, ansiedade, estresse e até depressão, esses fatores tem afetado diretamente no comportamento e na produtividade de muitos trabalhadores sendo também uma das principais causas de afastamento nos últimos anos, por isso para que o ambiente de trabalho ofereça boas condições para o bom desenvolvimento das atividades é necessário que as empresas forneçam metas que sejam possíveis de serem alcançadas e de acordo com o potencial de cada funcionário para não gerar assim muita pressão por resultado.  É muito importante também para as empresas, possuir bons profissionais de psicologia pois são eles os responsáveis por agir, acompanhar e cuidar da saúde mental dos trabalhadores, esse acompanhamento é muito importante para manter um bom ambiente de trabalho de modo com que os funcionários possam realizar suas tarefas harmonicamente melhorando o clima organizacional e consequentemente a produtividade na empresa. 
Mesmo com profissionais capacitados para contribuir com melhorias ergonômicas no trabalho é sempre importante que os próprios trabalhadores possam analisar e identificar a melhor maneira para se realizar o trabalho para que o empregador possa aplicar as mudanças necessárias nesse ambiente, de acordo com Corrêa e Boletti (2015, p.19), “ Um ponto-chave da ergonomia organizacional é diagnosticar como os trabalhadores avaliam o seu ambiente de trabalho”. 

4. Riscos Ergonômicos

Os riscos ergonômicos estão presentes em muitos ambientes como também nas empresas e podem afetar e comprometer a saúde física e mental do trabalhador podendo causar desconforto no trabalho, são exemplos de riscos ergonômicos atividades que envolvem levantamento de peso, esforço físico, situação de estresse, movimentos repetitivos, postura inadequada e outros fatores. 
De acordo com Araújo (2014, p. 200), os riscos ergonômicos “são aqueles cujos agentes se manifestam em lugares específicos do ambiente com reflexos psicofisiológicos sobre quem está exercendo a atividade”. Os riscos nem sempre são proporcionado ao ambiente de trabalho inadequado, máquinas ou substâncias perigosas contidas no local de trabalho, muitas vezes esses riscos são provenientes de uma ação inadequada do trabalhador como, por exemplo, a falta de atenção e concentração na execução da atividade que em algumas vezes é consequência da falta de treinamento do trabalhador para realizar essa atividade, outro fator que contribui para a existência de riscos no ambiente de trabalho é a falta de sono que pode causar perda de concentração ou descontrole emocional no trabalho. 
Para prevenção de riscos no ambiente de trabalho é necessário que haja uma boa interação entre o individuo e a ferramenta de trabalho, ter uma boa postura, evitar pegar objetos pesados e ter boa qualidade de sono são algumas condutas eficazes para prevenir o trabalhador de riscos ergonômicos, em algumas empresas os postos de trabalhos não estão bem adaptados às características do trabalhador, nessas situações dificilmente o trabalhador realiza suas atividades de maneira confortável podendo assim sofrer com acidentes no trabalho, para que isso não aconteça muitas empresas fornecem o treinamento à seus funcionários para que eles se adaptem ao posto de trabalho reduzindo assim os riscos ergonômicos. 

5. Impacto na qualidade de vida dos trabalhadores

Atualmente podemos perceber no convívio social inúmeras reclamações de trabalhadores que estão se sentindo exaustos fisicamente e mentalmente devido a problemas relacionados ao trabalho, muitas vezes essas reclamações estão associadas a insatisfação das atividades realizadas na empresa, essa insatisfação contribui para uma péssima qualidade de vida desse funcionário que mesmo fora do trabalho não produz o que deveria. A ergonomia quando aplicada de maneira correta nas empresas gera diversos benefícios para os trabalhadores e um dos principais deles é influencia na qualidade de vida de seus funcionários que é perceptível mesmo fora do ambiente de trabalho. É notável nos dias de hoje o quanto a ergonomia se expandiu nos campos de atuação estendendo-se para fora das empresas , segundo Lida (2005, p.38), “hoje, os estudos ergonômicos são muito amplos, podendo contribuir para melhorar as residências, a circulação de pedestres em locais públicos, ajudar pessoas idosas, crianças em idade escolar, aquelas portadores de deficiências físicas e assim por diante”. 
Para que a ergonomia seja implantada nas empresas de maneira correta e traga benefícios à qualidade de vida dos funcionários é recomendado por diversos ergonomistas que as empresas realizem palestras e reuniões com os funcionários abordando a importância da ergonomia e seus benefícios para o bem-estar para aqueles que adotam essa prática, essa conscientização dos funcionários através de reuniões e palestras vem sendo um dos métodos mais eficazes adotados pelas empresas. 
         Másculo e Vidal (2011, p.40) esclarece que: 

A equipe de ergonomia poderá dialogar com as pessoas de diferentes níveis e posições envolvidas no processo tendo como assunto as representações existentes sobre a situação de trabalho dos diferentes interlocutores (como se trabalha), tematizando alguns temas (gargalos, desconforto, poluição) e tratando de alguns tópicos (espaço, ambiente, mobiliário, equipamento), esse dispositivo participativo permite que a objetividade e o consenso prevaleçam sobre a subjetividade e as opiniões das analistas e das pessoas que trabalham na organização, e nisso consiste esse poder do método (MÁSCULO; VIDAL, 2011).

A abordagem da ergonomia pelas empresas através de reuniões, cursos e palestras permite que cada funcionário exponha suas dificuldades na execução das atividades de modo com que a empresa saiba com clareza o que precisa ser feito e quanto precisa gastar para isso, para que dessa forma o funcionário não tenha que se adaptar a tarefa e sim a tarefa se adaptar às características de cada funcionário. 
Fora do ambiente organizacional a ausência da ergonomia pode impactar também diretamente na saúde do trabalhador, não é incomum depararmos com pessoas nos dias de hoje que possui uma rotina totalmente repleta de preocupações e desafios fora da empresa, e muitas vezes essas preocupações levam a situações de estresse que influenciam algumas vezes no comportamento dessas pessoas dentro da empresa podendo comprometer até mesmo a garantia do emprego, muitas vezes a empresa não procura identificar por quais tipos de problemas seus funcionários podem estar passando quando passam a produzir abaixo do esperado. 
A obesidade é um dos fatores que vem sendo abordado com bastante frequência nas empresas, nos últimos anos o índice de obesidade dos brasileiros vem aumentando consideravelmente, isso não é uma preocupação somente da sociedade mas também de algumas empresas que passam até demitir alguns funcionários quando passam a produzir menos devido as circunstancias da obesidade, outras empresas visando solucionar esse problema estão buscando maneiras de orientar e educar para que seus funcionários se alimentem-se de maneira saudável, e também muitas empresas estão fornecendo uma alimentação saudável à seus funcionários contribuindo para melhorias na qualidade de vida dos mesmos.

6. Metodologia

Nesse estudo foi utilizado técnicas de abordagem qualitativa e quantitativa, e também a realização de uma abordagem explicativa buscando de maneira breve destacar a importância da ergonomia tanto para o empregador quanto também para o trabalhador. Apresenta-se também métodos e técnicas de abordagem e implantação da ergonomia nas empresas e as principais dificuldades encontradas nessa implantação,
Inicialmente, realizou-se uma pesquisa quantitativa através da aplicação de questionários abordando questões ergonômicas em uma confecção de roupas íntimas, localizada na cidade de Eugenópolis-MG, que possui 62 funcionários. Dos 62 funcionários da confecção, 60 responderam ao questionário.
Após a aplicação dos questionários, adotou-se uma análise dos dados obtidos com o objetivo de identificar a avaliação dos funcionários sobre as condições de trabalho oferecidas por essa empresa e também associar fatores internos e externos como influentes na saúde e na produtividade dos funcionários dessa empresa. Dos 60 funcionários que responderam ao questionário, 42 eram mulheres e 18 homens, sendo todos de idade entre 19 a 46 anos. Ressalta-se que a análise dos dados obtidos com aplicação dos questionários também relacionou a idade, sexo e o tipo de atividade realizada por cada funcionário na empresa com os fatores psicofisiológicos.
Posteriormente a aplicação do questionário, foi realizado ainda uma curta entrevista com o coordenador da empresa para certificar sobre a coerência das respostas dos funcionários em relação a realidade da empresa e também analisar e discutir possíveis soluções para os problemas apresentados pelos funcionários no questionário.
O material pesquisado na abordagem qualitativa desse artigo foram artigos e livros, na internet e impressos, buscando dessa forma enfatizar os aspectos mais relevantes da ergonomia nos dias de hoje apontando suas principais vantagens no ambiente de trabalho, para o empregador e também para os funcionários. 

7. Resultados da Pesquisa 

Os subcapítulos a seguir têm por objetivo apresentar os resultados obtidos através da pesquisa de campo que se realizou em uma empresa confecção de roupas íntimas, na cidade de Eugenópolis-MG, com foco nos impactos do sono na produtividade dos funcionários, relação existente entre trabalhos rotineiros – e repetitivos – com a saúde dos trabalhadores, e percepção da satisfação dos funcionários com o ambiente de trabalho.

7.1. Influência do sono na produtividade dos funcionários 

Dos 60 funcionários que responderam ao questionário somente 16 afirmaram dormir em média 8 horas ou mais por dia, 19 responderam que dormem de 7 a 8 horas em média por dia, 12 afirmaram dormir em média de 5 a 7 horas por dia, 9 funcionários responderam dormir em média de 4 a 5 horas por dia e por ultimo 4 funcionários afirmaram que dormem em média um tempo inferior a 4 horas por dia.
Foi analisado também no questionário o nível de concentração dos funcionários durante a execução do trabalho, o resultado foi que 14 funcionários afirmaram ter dificuldades de concentração no trabalho, sendo assim 23,33 % do total que responderam ao questionário, sendo que 12 desses 14 funcionários afirmaram dormir em média um tempo igual ou inferior a 7 horas por dia. Além da relação do sono com o nível de concentração no trabalho foi analisado também a relação do sono com o estresse ao final da jornada de trabalho. Dos 60 funcionários que responderam ao questionário 17 afirmaram sentir algum tipo de estresse ao final do trabalho um total de 28,33 %, desses 17 funcionários 11 são mulheres e 6 homens e das 17 pessoas que responderam sentir algum tipo de estresse ao final do trabalho 13 afirmaram dormir em média um tempo igual ou inferior à 7 horas diárias. 
Foi analisado ainda a relação do sono com o cansaço dos funcionários no trabalho, 22 funcionários afirmaram sentir algum tipo de cansaço durante a realização do trabalho, sendo que 15 dos 22 funcionários que responderam sentir algum tipo de cansaço afirmaram dormir em média um tempo igual ou inferior à 7 horas diárias.

TABELA 1
Qualidade do sono dos funcionários

Tempo médio de sono por dia Funcionários Homens Mulheres
8 horas ou mais 16 7 9
7 a 8 horas 19 5 14
5 a 7 horas 12 3 9
4 a 5 horas 9 2 7
Inferior a 4 horas 4 1 3
Total 60 18 42
Fonte: Dados de pesquisa

Através da analise dos dados obtidos pelo questionário foi possível certificar que 45,24 % das mulheres dormem em média um tempo igual ou inferior a 7 horas por dia, muitos especialistas consideram esse tempo insuficiente para uma boa qualidade de sono em determinadas idades. Já os homens possuem uma qualidade de sono um pouco melhor segundo os dados analisados, 33,33 % dormem em média um tempo igual ou inferior a 7 horas diárias. 

7.2. Relação entre o trabalho repetitivo e dores no corpo.

Geralmente em alguns ambientes de trabalho um dos fatores que mais influenciam nas dores musculares é o trabalho repetitivo, dos 60 funcionários que responderam ao questionário 34 afirmaram que realizam diariamente na empresa algum tipo de esforço repetitivo, desses 34 são 23 mulheres e 11 homens, as dores mais comuns apresentadas foram dores nos braços, pernas e costas e apenas 3 funcionários responderam não sentirem dores devido ao esforço repetitivo no trabalho, dos funcionários que realizam algum tipo de esforço repetitivo 26  deles afirmaram que as dores comprometem também na produtividade ou seja um total de 76,47 % dos 34 funcionários.
De todos os funcionários que responderam ao questionário apenas 11 afirmaram que fazem alongamentos com frequência antes de começar a trabalhar, e desses 11 funcionários 8 afirmaram sentir efeitos positivos do alongamento antes da realização do trabalho. Segundo Anderson (1997): 

O alongamento pode ser feito em quase todos os lugares e a qualquer hora, não exigindo nenhum equipamento especial, nenhuma roupa especial, nenhuma habilidade especial. Você pode alongar-se periodicamente, no decorrer do dia, esteja onde estiver.s Geralmente, ele pode ser executado quando você está fazendo alguma outra coisa: Numa reunião no escritório, no telefone ou esperando o computador processar informações (ANDERSON, 1997).

7.3. Satisfação dos funcionários com o ambiente de trabalho. 

A resposta de alguns funcionários sobre possíveis fatores na empresa que interferem na eficiência do trabalho facilita para o empregador identificar e corrigir eventuais problemas na produção, dos 60 funcionários que responderam ao questionário 38 afirmaram que existem fatores no ambiente interno da empresa que interfere diretamente em sua produtividade. Os fatores mais influentes na produtividade segundo análise dos resultados do questionário foram a temperatura, iluminação, ruídos e por ultimo a motivação.  
Em relação a temperatura do ambiente de trabalho 13 funcionários afirmaram que poderiam produzir mais se realizassem o trabalho em um ambiente com menos calor, em relação a iluminação do ambiente de trabalho, 6 funcionários responderam que a iluminação do setor onde trabalha causa um impacto negativo na produtividade, já sobre os ruídos no ambiente de trabalho, 7 funcionários afirmaram que os ruídos possui influencia na produtividade e 4 desses 7 trabalhadores afirmaram também que já sofreram com a perca de sensação auditiva devido a emissão de ruídos na empresa, embora 6 desses 7 trabalhadores afirmaram que não utilizam com frequência o equipamento de proteção individual (EPI) no trabalho fornecido pela empresa. Em relação a motivação, 12 funcionários afirmaram que não se sentem motivados para exercer seu trabalho na empresa, sendo que 10 deles afirmaram que não estão satisfeitos com o atual salário na empresa que possivelmente contribui para que esses funcionários não se sentem motivados. 

TABELA 3
Fatores influentes na produtividade dos funcionários

Fatores Funcionários Insatisfeitos  Homens Mulheres

Temperatura

Iluminação

Ruídos

Motivação
 
    13

     6                                                

     7

    12 
     3

     1

     2

     4 
    10

     5
   
     5

     8

Total     38     10     28
Fonte: Dados de pesquisa

8. Conclusões

Esse artigo teve como objetivo descrever as principais aplicações da ergonomia, além de descrever suas principais vantagens para o empregador, empresa e trabalhadores dentro e fora do ambiente organizacional apontando também fatores que dificultam a execução do trabalho de maneira confortável e eficiente.
Muitos autores buscam destacar em seus estudos a evolução da ergonomia desde a sua origem, este estudo amplia os métodos de aplicação da ergonomia nos dias de hoje, buscando descrever os fatores que dificultam a implantação da ergonomia no trabalho sintetizando as maneiras que alguns desses fatores podem ser solucionados. 
 Através da analise das respostas obtidas pela aplicação de um questionário e posteriormente a realização de uma curta entrevista, esse artigo demonstrou os principais fatores que são responsáveis por causar dificuldades ao trabalhador em executar o seu trabalho de maneira adequada, relacionando também a influencia que uma boa qualidade de vida fora do ambiente organizacional possui sob a produtividade dos trabalhadores na empresa. É importante destacar que esse estudo não relata comprovação da eficácia de alguns métodos ergonômicos para a saúde e o bem estar de funcionários de diversas empresas, apenas através da aplicação de um questionário demonstra a opinião dos funcionários sobre as condições de trabalho oferecidas pela empresa e a satisfação dos mesmos com essas condições. 
Como consequência desse estudo foi possível compreender melhor como a ergonomia pode ser aplicada nos dias de hoje e quais são seus benefícios para as empresas quando elas buscam valorizar a opinião dos funcionários sobre as condições de trabalho, para que assim seja possível condicionar aos trabalhadores um ambiente de trabalho mais adequado possível.


Referências: 

Anderson, B. Alongue-se no trabalho: Exercícios de alongamento para escritório e computador. 1ª ed. Califórnia Estados Unidos: Summus,1997.

ARAÚJO, G.M. Normas regulamentadores comentadas. 11ª ed. Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde e Livraria virtual, 2014.

CORRÊA, V.M.; BOLETTI, R.R. Ergonomia: Fundamentos e Aplicações. 1ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015, 123 p.

CYBIS,W.; HOLTZ, A. B.;  FAUST, R. Ergonomia e Usabilidade: Conhecimentos, Métodos e Aplicações. 3 ª ed. São Paulo: Novatec, 2015.

LIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.

MÁSCULO, F.S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. 1ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, 508 p.

 

 

 


 

 

Marcos E.
Marcos E.
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Mestrado: Mestrado em Matemática (Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI))
Sou professor de matemática, trabalho no período da manhã na escola e a tarde aqui no profes. Estou a disposição para ajudar superar os obstáculos.

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