Atualmente vivemos em sua sociedade que dá uma extrema prioridade à questões financeiras e consequentemente adotamos o tempo como nosso maior inimigo, a busca incessante por praticidade e dinamicidade no cotidiano faz com que negligenciemos diversos aspectos sociais que se demonstram extremamente importantes para a vida em comunidade. Dentre aspectos como altruísmo, respeito mútuo, complacência, ética, moral e vários outros, existe um em particular que pouco é citado, porém, a longo prazo, tem uma importância mais crucial do que todos os comentados anteriormente, a relação do ser humano com o meio ambiente. O constante processo de globalização que atua na nossa sociedade, faz com que a nossa busca cega por objetivos específicos se torne cada vez mais prioritária e com isso acabamos por prejudicar de maneira extrema e desmedida o meio em que vivemos. Vemos notícias em jornais diariamente sobre desmatamento, construção de barragens, inundações, alterações drásticas nos mais diversos ecossistemas, aumento do nível de poluição devido à meio de transporte, lixo descartado incorretamente, mas tratamos todos esses problemas como se fossem externos à nossa vida, como se os nossos atos apenas, não fossem transformar algo.
Em particular, para o andamento desse trabalho escolhi citar fatos observados na cidade de Lauro de Freitas, atualmente uma cidade com mais de 200 mil habitantes e que abriga um enorme contingente de empresas, mercados, distribuidoras, fábricas dentre outros empreendimentos. De maneira geral, temos uma cidade com bons níveis de investimento envolvendo a qualidade de vida dos cidadãos, frequentemente a prefeitura se envolve em obras de saneamento básico, melhora em ambientes como praças, vias e estética urbana, sempre pensando em contrapartidas ambientais. Não devemos pensar que tudo ocorre da maneira mais sustentável possível, mas dentro do cenário brasileiro, encontramos uma prefeitura que realmente trabalha em prol de manter um certo cuidado com o ecossistema. Mesmo com tudo isso citado acima, a cidade foi acometida por um extremo alagamento diante das chuvas que ocorreram entre os dias 10 de maio de 13 de maio e houve um grande número de pessoas afetadas com o ocorrido.
Durante a quinta-feira (09/05) deu-se inicio a todo o processo ao qual este trabalho terá seu fundamento, pequenas chuvas rápidas e fortes aconteceram na região metropolitana de salvador, dentro dela, Lauro de Freitas, eram chuvas corriqueiras e que não preocupavam as autoridades e nem a população, porém essas pancadas continuaram e se desenvolveram em uma chuva relativamente constante, tornando a sexta-feira (10/05) extremamente chuvosa. Entramos aqui em nosso primeiro aspecto antropológico, a cidade teria tranquilamente uma estrutura para sofrer muito pouco, ou até mesmo nenhum impacto com essas chuvas, porém temos uma população extremamente comercial, que valoriza muito a abertura e o aluguel de lojas, hoje há pontos de comercio em Lauro de Freitas com menos de 50m² com valores acima de R$ 7500,00, algo que é perceptivelmente abusivo. Nisso, ocorre a abertura excessiva de lojas construídas de qualquer maneira, apenas por estar em áreas de comércio ativo, entre investir em uma certa preocupação com saneamento, com a liberação do esgoto ou até mesmo com o tipo de construção, as pessoas apenas visam o lucro descomedido, isso gerou em Lauro de Freitas. Cheguei a fazer algumas entrevistas informais com os donos de alguns estabelecimentos, indaguei questões sobre a motivo deles não terem feito alguma melhoria no sistema de escoamento de água ou até mesmo sistemas de prevenções para evitar o acumulo de água, boa parte deles não tinham conhecimento teórico sobre o assunto, para eles escoamento de água era apenas uma “calha no telhado” ou um espaço na calçada, os que tinham conhecimento, jogavam a culpa para a prefeitura, dizendo que a obrigação de observar essas questões era inteiramente dela. A educação que temos hoje em nosso modelo de sociedade trata sim do meio ambiente, porém aborda sempre os problemas de proporção imensa, como aquecimento global e derretimento das geleiras, nível de gases tóxicos, porém esquece de citar as ações que acontecem em pequenos nichos, mas que pode causar uma grande desordem. Segundo Durkheim, “A educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta, nessa concepção durkheimiana, também chamada de funcionalista, as consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela",”, conseguimos verificar que parte desse problema é causado por esse princípio do sociólogo, como os nossos formadores vivem da maneira comercial citada acima, os nossos jovens são criados dessa forma e com isso a nossa cidade se desenvolve dessa maneira. Várias regiões onde o escoamento de água é comprometido e com isso houve um grande nível de alagamentos durante a noite da sexta-feira e o caos se instalou no município (como pode ser observado em várias notícias dos mais diversos jornais).
Diante da situação mostrada e do aspecto destacado, podemos perceber que a educação tem sim um aspecto fundamental entre a sociedade e o meio ambiente, o educador, independente da disciplina que leciona, tem um caráter fundamental em mostrar ao aluno como se comportar e quais coisas podem ser feitas para melhorar a condição em que vivemos. Por menores que sejam as ações individuais, ao haver o doutrinamento de uma quantidade grande de indivíduos, elas passam a ter um efeito extremamente significativo e proveitoso para o meio em que vivemos.
Essa situação acima, pode ser expandida de maneira exponencial para industrias, fábricas, grandes shoppings, construções, fazendas e todos os empreendimentos que possam ser imaginados, se todos os empresários tiveram uma educação fechada à convivência com o meio, esse processo irá se perpetuar, cabe a nós os novos educadores, realizarmos primeiramente mudanças no senso de consciência dos novos alunos, para que essas mudanças reflitam nas atitudes futuras.
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