Entendendo o Calvinismo e o Arminianismo
Por: Renato B.
08 de Agosto de 2017

Entendendo o Calvinismo e o Arminianismo

Teologia Católica Reformada Livre

O objetivo desta publicação é responder algumas questões básicas a respeito do Calvinismo e do Arminianismo. Mas antes de iniciarmos, eu quero apresentar a vocês os dois nomes que deram início a estas duas linhas de interpretação teológica:

Jehan Cauvin (João Calvino)  (Biografia)
Professor, Teólogo e Escritor.
Nascido em 1509, e faleceu em 1564.

Jacobus Armínius (Jacó Armínio)
Teólogo, Professor e Escritor.
Nascido em 1560, e faleceu em 1609.

 

De onde veio este debate

O ápice deste debate aconteceu no “Sínodo de Dort”. Um Sínodo é uma reunião convocada pelas autoridades eclesiásticas da igreja, de Dort porque aconteceu na cidade de Dordrecht na Holanda em 1618 e 1619. Este debate é a continuação do que ocorreu lá no passado, na época da patrística (os pais da igreja), entre Agostinho e Pelágio.

 

Agostinho e Pelágio

Pelágio afirmava que todo ser humano é livre, e goza do “Livre Arbítrio”, e que mesmo após a queda, o pecado não afetou a vontade, logo a eleição é dada pela presciência das obras que o ser humano fará. Ele acreditava que a graça consiste ao ser humano se aplicar a lei moral, e se esse fiel deixa-se de cumprir a lei moral, poderia cair da graça, ou seja, perder a salvação. 

Para Augustinho, essa explicação de pelágio era superficial, infantil e profundamente antibíblica, ele entendeu que pelagianismo era uma heresia. Augustinho respondeu o Pelagianismo com as seguintes afirmações:

  1. O ser humano é totalmente depravado. Todas as esferas do ser humano são manchadas pelo pecado. A vontade, a fé, intelecto, memória, sendo carente e dependente da Graça de Deus.
  2. A eleição é incondicional. A eleição é baseada na liberdade do doador, ou seja, Deus é quem escolhe os pecadores para o seu santo conselho.
  3. A Graça é irresistível. Quando o Espírito Santo vem com Poder sobre um incrédulo, as escamas são tiradas, o coração de pedra é quebrantado, e ele recebe um coração de carne, e não consegue resistir a beleza de Deus.
  4. Perseverança dos Santos. Os que abraçam o Deus trino por obra do Espírito Santo perseverarão até o fim.

Depois disso, outras posições surgiriam como “Semipelagianismo”, “Semiagustianismo”, porem na época da reforma protestante a posição dos reformadores como Lutero, Calvino, Zuínglio, seria basicamente a mesma posição de Agustinho. A posição que achava que o Livre Arbítrio cooperava com a Graça, era a posição da igreja Católica. Já os reformadores acreditavam que o pecador era alcançado pela Graça de Deus, por meio da sua soberana eleição.

Com relação aos pontos doutrinários que prepararam o caminho para os “Canons de Dort”, encontramos debates como “Supralapsarianismo” versos “Infralapsarianismo”, ou seja, Deus decretou quem seria os seus eleitos antes da queda ou depois da queda; e outros debates como: Cristo, de fato morreu para salvar pecadores, eficazmente na cruz, ou Ele estava abrindo a possibilidade de salvação. Esse debate por exemplo abriria as portas para outro debate que aconteceria futuramente a respeito da “Expiação Limitada” ou “Expiação Ilimitada”.

 

Quais são as posições de cada um

Em resposta aos remonstrantes do Sínodo de Dort, os discípulos de Calvino refutaram o posicionamento dos remonstrantes com aquilo que ficam conhecido como os 5 pontos do calvinismo ou pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês:

T – Total Depravity
U – Unconditional Election
L – Limited Atonement
I – Irresistible Grace
P – Perseverance of the Saints

  1. A depravação é total, o pecado afetou o ser humano de tal forma que ele não pode buscar a Deus por ele mesmo.
  2. A eleição é incondicional, não baseada na pré-ciência de Deus, porque se não Deus não veria ninguém que quisesse, mas na Sua vontade soberana.
  3. A expiação é limitada, Cristo morreu para salvar aqueles que cree, ou seja, os eleitos.
  4. A Graça é irresistível, não á como resistir a Graça de Deus.
  5. A perseverança dos santos, aquele que começou a obra, á de terminar.

Em outras palavras o Calvinismo acredita que primeiro vem a Regeneração, e depois o  Arrependimento. Já os Arminianos creem que primeiro vem a Fé e o Arrependimento, e depois a Regeneração.

Outro ponto interessante é que assim como os calvinistas, os arminianos sabem que a predestinação existe, pois está escrito na bíblia. A diferença é que para os arminianos a predestinação e a eleição são baseado na pré-ciência de Deus. Já para os calvinistas, a predestinação e a eleição não é baseada na pré-ciência de Deus no sentido de que Deus viu o que vai acontecer, mas nos próprios decretos de Deus.

 

Dizem que os arminianos acreditam na perda da salvação, isso não é verdade, quando os remonstrantes apresentaram os pontos no Sínodo de Dort, eles disseram que essa questão do cair da Graça (ou perder a salvação) merecia um estudo mais aprofundado, eles não se posicionaram oficialmente. Portanto, existe 2 vertentes Arminianas com relação ao cair da Graça.

Rev. Augustus Nicodemus

 

Este debate entre Calvinistas e Arminiano não aconteceu entre Calvino e Armínio (como muitos acham que aconteceu), porque ambos os dois já estavam mortos. Mas os remonstrantes (discípulo de Armínio) que propuseram 5 reformulações na sua teologia da Igreja Reformada da Olanda, e em resposta a estes remonstrantes, os discípulos de Calvino (Fransciscus Gomarus, a pessoa que esteve afrente na defesa dos calvinistas no Sinódo) responderam com 5 pontos do calvinismo, mas que na realidade são as Doutrinas da Graça.

Sendo assim, entendemos que este debate entre Calvinismo e Arminianismo tem a ver com a “soberania de Deus e a responsabilidade humana”, os calvinistas enfatizam a soberania de Deus e uma ação Monergista, ou seja, uma ação somente de Deus para a conversão do homem, e os Arminianos creem de uma forma Sinergista, ou seja, Deus cooperando com o homem para a sua salvação.

Contudo, independente da linha teológica que vocês acredita e segue, busque não se intitular como Calvinista ou Arminiano. Porque independente da linha teológica, somos todos nós de Cristo, outorgando a nós o título de cristãos, filhos de Deus (que é, sem dúvida, o melhor título que podemos ter). 

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