Escutando os Mortos
Por: Fabio R.
25 de Fevereiro de 2015

Escutando os Mortos

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Talvez você conheça alguém ou já tenha visto alguma reportagem sobre pessoas que dizem se comunicar com os mortos, ou, se preferirem, com os que já desencarnaram. Muitas pessoas afirmam serem capazes de ouvir os mortos através de rádios. Particularmente nunca consegui, mas descobri que é fisicamente possível.

Para entendermos essa ideia, vamos primeiro lembrar (ou onhecer) algumas coisas sobre termodinâmica. Em todo corpo, quando irradiado por algum tipo de energia (você tomando sol na praia, por exemplo), ocorre o seguinte: parte da energia é absorvida pelo corpo e parte é refletida (você na praia percebe que sua temperatura aumenta - energia absorvida - e, o simples fato de poderem ver você prova que parte da energia é refletida).

Só que não acontece apenas isso. Os corpos também irradiam energia. Usando você novamente como exemplo, já percebeu que ficando próximo a alguém, consegue sentir o calor dessa pessoa (energia irradiada por ela). Pois bem, chegamos à conclusão que todos os corpos - vivos ou mortos - irradiam energia.

Nosso próximo problema é o seguinte: em que comprimento de onda essa energia é emitida? Pode ser como raios X, raios Gama, ultra-violeta, luz visível, infravermelho e ondas de rádio. Tudo vai depender da temperatura do corpo que a está emitindo. Obviamente para minha explicação só interessam as temperaturas nas quais a emissão mais forte se situe na faixa das ondas de rádio.

Para poder determinar a temperatura em que isso ocorre, vou recorrer aos corpos negros. Corpos negros, simplificadamente, são corpos que irradiam a mesma quantidade de energia que absorvem e, para eles, existe uma curva característica de emissão de energia em função da temperatura e do comprimento de onda conhecida como "Curva de Plank", e matematicamente descrita por uma equação de mesmo nome. Da equação de Plank decorre uma outra lei da termodinâmica conhecida como Lei de Wein e, em sua equação, podemos determinar qual a temperatura onde há emissão predominante em um determinado comprimento de onda.

As ondas chamadas de ondas de rádio tem comprimento superior a 10 cm. Utilizando a Lei de Wein, podemos encontrar a temperatura na qual o comprimento de onda predominante na emissão de um corpo seja de 0,1 m (10 cm). Fazendo os cálculos encontraremos uma temperatura de 0,3 K (-273,22ºC). Ou seja, se conseguirmos manter um cadáver resfriado a essa temperatura, a emissão de energia desse corpo seria mais intensa na faixa das ondas de rádio e, utilizando um receptor adequado, poderemos "escutar" esse corpo - obviamente morto.

Você poderá argumentar que essa temperatura é tão próxima do zero absoluto que não conseguiremos atingir. É verdade. Mesmo que mantivessemos o corpo resfriado com Hélio líquido, chegaremos a aproximadamente 1 K (trinta e três vezes mais quente do que precisamos). Acontece que as emissões de um corpo não se dão apenas em um comprimento de onda. Podemos então não ter o comprimento de 0,1 m como o de máxima emissão, mas certamente conseguimos ter emissões na faixa das ondas de rádio mesmo mantendo o cadáver um pouco "mais quente".

Como falei no início, nunca consegui ouvi-los em meu receptor, mas consegui mostrar que é fisicamente possível que um corpo sem vida emita ondas de rádio.

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Fabio R.
São Paulo / SP
Fabio R.
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Graduação: Bacharelado em Química (Universidade de São Paulo (USP))
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